'A França está triste', considera Gérard Depardieu

  • Andrey Smirnov/AFP

    23.fev.2013 - O ator Gerard Depardieu, que ganhou cidadania russa em janeiro passado, usa chapéu militar russo em visita à fazenda Teplichnoye, no vilarejo de Ozerny, na Rússia, neste sábado (23)

    23.fev.2013 - O ator Gerard Depardieu, que ganhou cidadania russa em janeiro passado, usa chapéu militar russo em visita à fazenda Teplichnoye, no vilarejo de Ozerny, na Rússia, neste sábado (23)

BRUXELAS, 16 Mar 2013 (AFP) - "A França está triste, as pessoas estão cansadas", declarou o ator Gérard Depardieu ao se explicar pela primeira vez sobre a decisão de partir para a Bélgica, refutando razões fiscais, mas criticando membros do governo no poder na França.

"É, sobretudo, a falta de energia. A França está triste e acredito que os franceses estão fartos. Falta convicção... Eu sinto que essas pessoas (o governo) não sabem fazer seu trabalho. Ele mesmo (François Hollande), nunca foi responsável por um ministério sequer", declarou o ator francês, entrevistado pela emissora belga Notélé.

O ator, vestido com uma jaqueta estampada com uma águia de duas cabeças, o símbolo da Rússia, respondeu as perguntas casualmente em poucos minutos na cozinha de sua casa em Néchin, uma pequena aldeia perto da fronteira francesa, para onde se mudou no ano passado. Atrás dele, um presunto pendurado para secar e uma baguete embalada. Ele diz que acabou de fazer compras. A entrevista, gravada na manhã deste sábado, pode ser vista no site www.notele.be.

O ator também revela outras razões que o levaram a deixar a França. Cita a proximidade do aeroporto Roissy (200 km de distância), seus amigos da aldeia e a qualidade da carne e bistrôs locais.

Ele garante que "não é verdade" que ele deixou a França "por razões fiscais", porque ele paga "50% de impostos" na Bélgica.

Mas ele considera "um pouco exagerada" a política fiscal do governo de François Hollande. "Eu sou francês, eu amo os franceses, mas tenho um pouco de pena deles, porque eles estão em uma situação difícil", disse o ator, repetindo: "não foi por razões fiscais."

"Um primeiro-ministro deve dar o exemplo", insistiu Depardieu, referindo-se ao termo "pobre" usado contra ele por Jean-Marc Ayrault, no auge da polêmica sobre seu "exílio" no final de 2012.

"É como a ministra da Cultura", Aurélie Filippetti, que se declarou "indignada" com a atitude de Gérard Depardieu. "Nós não criticamos alguém que paga mais de 87% de impostos", segundo o ator.

Gérard Depardieu também falou sobre os seus projetos - nos Estados Unidos e na Rússia - e confirmou que "comprou a casa" na Bélgica, após vender a que ele possuía em Paris. Ele espera ainda abrir um restaurante na região de Néchin, repetindo que ele não veio para a Bélgica "fazer dinheiro".

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