Pai de Amy Winehouse diz ter trocado socos com traficantes que abasteciam a cantora

Mesfin Fekadu

De Nova York

  • AP

    Mitch Winehouse, pai da cantora Amy Winehouse, em entrevista em Nova York (13/09/2011)

    Mitch Winehouse, pai da cantora Amy Winehouse, em entrevista em Nova York (13/09/2011)

O pai de Amy Winehouse diz que sua luta para manter a cantora afastada das drogas geralmente era física, uma vez que ele chegou a brigar com traficantes que abasteciam a artista com drogas.

"Gastei meu tempo brigando com traficantes, e eram lutas de verdade", afirmou Mitch Winehouse em uma entrevista nesta terça-feira (13) à AP. "E sou um homem na meia-idade, acima do peso, trocando socos com outras pessoas".

Mitch disse que sua filha finalmente se tocou quando viu o quão machucada sua família estava. "Ela presenciou todas essas coisas acontecendo, seus amigos e familiares brigando com gângsteres, e então decidiu que não queria mais colocar mais sua família nesta posição".

Amy Winehouse, que lutou contra o vício em drogas e álcool, foi encontrada morta em sua casa em Londres no dia 23 de julho. Seu pai lançou a Fundação Amy Winehouse nesta quarta (14), data que marcaria o aniversário de 28 anos da cantora.

Mitch Winehouse disse que havia influências negativas no grupo que cercava Amy e afirmou ter sido ingênuo no começo sobre o vício da britância em drogas. "Não sabia do tamanho do problema até talvez quatro meses antes dela decidir parar", disse.

O pai da cantora --que tem dado entrevistas e que apareceu na TV para comentar sobre o lançamento da fundação também nos Estados Unidos-- disse que falar sobre sua filha é "muito difícil", mas que "está nos ajudando a lidar com o luto". Ele fez várias participações com a mãe de Amy, Janis, sua atual esposa, Jane, e o último namorado da cantora, Reg Traviss.

"Não sei dizer quais eram seus últimos planos, mas ela falava comigo sobre ter filhos", contou o pai sobre seus últimos contatos com Amy. "Mesmo quando estava bebendo, ela estava muito bem".

Mitch acredita que sua filha morreu por conta de uma convulsão relacionada à desintoxicação de álcool. Ela já havia tido convulsões no passado, segundo ele. Uma investigação completa de sua morte começa no próximo mês.

Também músico, Mitch Winehouse estava em Nova York para uma apresentação quando sua filha morreu. Ele afirmou ser difícil ouvir suas músicas, especialmente as do famoso álbum "Back To Black", que venceu cinco prêmios Grammy e é o álbum mais vendido do Reino Unido do século 21. O trabalho conta com faixas que falam do vício da cantora e de seu relacionamento com seu ex-marido Blake Fielder-Civil.

"Não consigo sentar e ouvir suas músicas", afirmou. "Eu já nunca conseguia ouvir o 'Back To Black' mesmo, porque me lembrava de tempos ruins".

Mas, desde sua morte, Mitch tem começado a se dar conta dos talentos musicais de sua filha. "Não dava o devido valor. Não apreciava o quão boa cantora ela era e, agora, sim", falou, com lágrimas nos olhos.

O pai de Amy ainda planeja lançar suas músicas, mesmo que tenha dito, logo após a morte da cantora: "nunca mais quero cantar". Mas ele afirmou que gravar músicas tem sido terapêutico, e que esperava lançar mais, com o dinheiro arrecadado sendo direcionado para a fundação que carrega o nome de Amy, que vai dar assistência a crianças e adultos que precisam de ajuda. Ele afirmou ser capaz de focar-se neste outro lado de sua vida, uma vez que Amy deixou sua família estável financeiramente.

"Amy nos deixou em uma posição bastante afortunada enquanto família", contou Mitch, que trabalhava como taxista em Londres. "Ser um taxista em Londres é ótimo, mas não preciso mais fazer isso para viver".

Amy Winehouse canta com Tony Bennett no dueto "Body and Soul", cujo clipe foi lançado nesta quarta (14) e parte de seu lucro também irá para a fundação. Mitch Winehouse disse haver material inédito de sua filha que ele espera tornar disponível no futuro.

"Algumas coisas estão em melhor qualidade do que outras", contou. "Não vamos nos aproveitar de ninguém, queremos ter a certeza de que é bom e que está em boa qualidade".

Ele também disse há gravações de Amy com 17 anos tocando na National Youth Jazz Orchestra de Londres, que também deve ser lançado algum dia. "Você pensaria estar ouvindo Ella Fitzgerald", afirmou. "Simplesmente maravilhoso".

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