Em primeiro dia de julgamento, acusação diz que médico de Michael Jackson foi negligente; defesa culpa o próprio cantor pela morte

Da Redação

Nesta terça-feira (27), primeiro dia de julgamento do médico Conrad Murray, acusado pela morte de Michael Jackson, acusação e defesa apresentaram seus argumentos. Para o promotor David Walgren, o cantor morreu por negligência, falta de preparo e conduta médica inapropriada durante o tempo em que cuidou do cantor.

Já o advogado de defesa de Murray, Ed Chernoff, sustentou que o médico não é culpado pela morte de Michael Jackson. Segundo ele, o cantor tomou, por conta própria e sem o conhecimento do médico, 8,2 mg de Lorazepam, além do Propofol, o que teria criado uma "tempestade" em si mesmo.

Também foram ouvidos como testemunhas o diretor e coreógrafo Kenny Ortega e o produtor Paul Gongaware. O julgamento continua nesta quarta-feira (28), e tem previsão para durar cinco semanas.

Um dos pontos altos do julgamento, que teve transmissão ao vivo pela TV e pela internet, foi a exibição de uma foto em que Michael supostamente aparece morto, além de uma gravação em que o cantor estaria sedado, e um e-mail em que o diretor Kenny Ortega mostra-se preocupado com o estado físico e mental do cantor.

Negligência

Para mostrar que houve negligência da parte do Dr. Conrad Murray, o promotor David Walgren disse que, no dia da morte de Jackson, o médico passou muito tempo ocupado com ligações, e-mails e mensagens de texto passados entre 11h e 12h, enquanto deveria estar monitorando o cantor. A namorada do médico disse que, durante ligação feita às 11h51, Murray deixa de falar e é possível ouvir uma comoção ao fundo. No entanto, o serviço de emergência só foi acionado às 12h20.

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O promotor também questiona o fato de Murray ter ligado primeiro para o assessor pessoal do cantor, Michael Williams, e para os seguranças da residência de Michael, em vez de ligar primeiro para o serviço de emergência; e o fato de o médico não mencionar que deu Propofol ao paciente nem para os paramédicos nem para a equipe do Hospital UCLA, para onde o cantor foi levado.

Walgren disse que a quantidade do anestésico Propofol administrada por Murray era similar à usada em cirurgias. O promotor afirmou também que o médico, que se diz cardiologista, não tem especialidade definida nem era anestesista - o que não o qualificaria para dar tal medicação a Michael.

Como conduta médica inapropriada, o promotor cita o fato de Murray ter pedido ao segurança Alberto Alvarez que primeiro recolhesse do quarto todos os vidros de medicação usados e os guardasse numa bolsa, para só depois ligar para a emergência. Também é apontado o fato de a medicação Propofol exigir monitoração por aparelhos o tempo todo e equipamentos para ressuscitação - o que não havia, ou havia muito precariamente.

Defesa diz que vício matou cantor

O advogado de Conrad Murray, Ed Chernoff, sustenta que, no dia em que o cantor morreu, Michael Jackson aproveitou-se da ausência temporária do médico no quarto e tomou por conta própria as píluas de Lorazepam. Ainda para a defesa, Michael teria então autoinjetado uma dose extra de Propofol que teria levado à sua morte instantânea. Não haveria qualquer possibilidade de reanimação, garante Chernoff.

A defesa do médico também diz que o vício do cantor em outro remédio, o Demerol, é que o fez desenvolver uma "inabilidade em dormir por dias", e que Murray estava tentando ajudá-lo a deixar de usar o Propofol. Segundo o advogado, o vício do cantor em Demerol teria sido incentivado por outro médico, o Dr. Arnold Klein, que atendia Michael antes da contratação de Murray.

Chernoff alega que, três dias antes de morrer, Michael havia concordado em tentar parar de tomar o Propofol. Em 23 de junho, Murray só deu metade da dose que Michael tomava normalmente. No dia seguinte (24), em vez de Propofol, Jackson recebeu Medazolin e Lorazepam e ficou acordado até as 10h da manhã, até que o médico lhe deu Propofol.

Sobre a acusação de que Murray teria abandonado Michael, o advogado diz que ele havia monitorado o cantor antes e que só deixou o quarto porque se sentiu seguro, uma vez que havia ministrado uma pequena dose de Propofol - 25 mg, quantia menor da que era dada antes.

"Meu amigo não estava bem"
Em depoimento à promotoria, o diretor e coreógrafo Kenny Ortega relatou suas impressões sobre seus últimos dias com Michael Jackson. "Meu amigo não estava bem, tinha algo de errado [com ele] que me incomodou profundamente", afirmou Ortega sobre um encontro que teve com o cantor em 19 de junho. "Ele chegou para o ensaio com calafrios, perdido... um pouco incoerente. Nós conversamos, mas eu senti que ele não estava bem."

A acusação apresentou como evidência um e-mail enviado por Ortega para Randy Phillips, presidente do grupo AEG, em 20 de junho, relatando sua preocupação com o estado de saúde de Michael. No texto, Ortega afirma que o cantor precisaria passar avaliação psicológica e física e especula sobre as consequências pessoais que o cancelamento da turnê teria sobre Michael.

Ortega afirmou ainda que, também em 20 de junho, teve uma reunião na casa de Michael Jackson, onde foi confrontado por Conrad Murray. "Ele estava preocupado porque eu não tinha deixado Michael Jackson ensaiar na noite anterior e que eu o tinha mandado para casa. E falou para eu parar de bancar o médico e o terapeuta amador e me comportar como o diretor", afirmou o coreógrafo referindo-se a Murray.

Ainda de acordo com Ortega, Michael Jackson voltou "cheio de energia" e "com desejo de trabalhar" para os ensaios dos dias 23 e 24 de junho, véspera de sua morte.

Em seu depoimento, o executivo da AEG Live Paul Gongaware revelou que Murray pediu inicialmente US$ 5 milhões por ano para se tornar médico particular de Jackson, mas que o valor que acabou sendo acertado foi de US% 150 mil por mês. Ele também confirmou a veracidade de uma planilha de ensaios e shows que mostrava que, após ensaios diários em maio e junho, Michael Jackson teria cerca de 20 dias de folga por mês depois que a temporada de shows começasse, em Londres.

O primeiro dia do julgamento encerrou-se por volta das 20h15 (horário de Brasília) e deve se estender ao menos pelas próximas cinco semanas.

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