"A TV Globo sem o Boni não é a mesma coisa", diz Vera Fischer; veja depoimentos de quem foi à noite de autógrafos do livro de Boni

CLAUDIA DIAS

Colaboração para o UOL, do Rio

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, recebeu amigos, familiares e muitas personalidades que trabalharam com ele na TV para o lançamento de "O Livro do Boni", seu livro de memórias, na noite desta quarta-feira (30), no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Veja abaixo o que relataram sobre Boni durante a noite de autógrafos.

Vera Fischer – Sempre tivemos uma relação maravilhosa. Ele sempre me apoiou muito em todos os trabalhos que eu fiz. Ele adorou “Desejo”, que eu fiz. A TV Globo sem o Boni não é a mesma coisa. Ele sempre teve fama de durão, mas sabia o que estava fazendo. Ele me elogiava muito, os meus trabalhos. Não me lembro de uma bronca ou um conselho, mas ele era como um pai para todos nós.

Roberto Carlos – O Boni é um mestre na vida profissional e um mestre como ser humano. Quem conhece o Boni sabe como ele é um grande amigo. Eu tenho um carinho muito grande por ele. Todos os amigos o adoram e eu sou um deles.

Tony Ramos – Nossa relação sempre foi muito bonita. A gente poderia arrumar vários adjetivos para definir isso, mas eu tenho uma relação de trabalho muito grande. Nos conhecemos há 40 anos, não é pouca coisa. Esse afeto, esse carinho, esse reconhecimento que eu tenho por ele. Tivemos encontros ricos do ponto de vista pessoal e profissional, ríamos, contávamos piadas, mas não há nada tão particular. A não ser quando ele me trouxe para a TV Globo e disse: ‘Bem vindo. Vamos começar uma história’. E começamos.
 

Boni lia a sinopse e, se achava que tinha algo que poderia não ser bom para a minha imagem, perguntava se eu aceitava mesmo. Então a gente ficava seguro.

Antonio Fagundes, citando papel de 'corno' de "Rei do Gado"

Antonio Fagundes – O Boni sempre foi muito cuidadoso com os atores. Tudo o que a televisão brasileira é hoje, nós devemos ao trabalho dele. Ele transformou a Globo em uma emissora respeitada mundialmente, exportou o nosso trabalho para mais de 150 países, inventou o padrão de qualidade. Ele sempre foi muito carinhoso, muito atencioso com os atores. Tinha uma coisa de poupar o ator, chamar a gente para saber se queríamos realmente fazer aquele papel. Isso aconteceu comigo, ele lia a sinopse e, se achava que tinha algo que poderia não ser bom para a minha imagem, perguntava se eu aceitava mesmo. Então a gente ficava seguro. Em “O Rei do Gado”, ele me chamou para saber se eu queria mesmo fazer. Aí, eu perguntei e ele disse “Porque ele é corno’. E eu respondi: ‘Não faz mal. No fim, todo mundo vai querer ser igual a ele’.

Tom Cavalcante – Foi o Boni que me convidou para fazer o Sai de Baixo. Ele organizou muito a vida do Ribamar. Nos primeiros programas, ele entrou com a roupa errada e o Boni parou a gravação inteira só para mudar a roupa dele. Por isso, tenho muito que agradecer. Ele é muito exigente, mas na verdade, isso sempre me encantou, porque ele era positivo com isso.

Regina Duarte – Eu não escrevi o prefácio, escrevi um depoimento e depois fui surpreendida que ele tenha se tornado um capítulo do livro. Ele pediu para eu escrever algumas linhas sobre estes 30 anos que vivemos juntos. Eu escrevi muito, sou prolixa em alguns momentos e disse para ele editar como quisesse. Eu escrevi bastante mesmo e me surpreendi ao comprar o livro no aeroporto e ver o meu depoimento na capa. Me senti homenageada pelo grande homem que ele é. É meu mestre, meu guru, um cara definitivo na minha história. Sem ele, eu não teria dado três passos, mesmo com toda a minha vocação e garra. Eu não teria conseguido nada se ele não tivesse acreditado em mim e me dado todas as oportunidades que ele deu.

  • AgNews

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Ney Latorraca Foi o meu mestre na televisão. Quando cheguei na Globo, em 1974, para fazer um papel em Escalada, meu papel mudou. Eu vim para ficar três meses e acabei ficando por 37 anos.

Zeca Pagodinho – Não conheço o Seu Boni profissionalmente, apenas pessoalmente, das nossas noitadas e serestas. Mas a simplicidade dele não condiz com o cargo e a posição que ele ocupa. Para bater papo com a gente e ainda diz que eu canto seresta bem.

Otávio Florisbal – Eu digo que, na construção da televisão brasileira, que é uma das melhores do mundo, nós tivemos o sonho de empresários, que investiram, de executivos e profissionais. O Boni se destaca entre todos, como aquele que deu a contribuição mais consistente nos princípios básicos da televisão, de constituição de rede, de uma grade de programação genérica e, principalmente, a obsessão que ele sempre teve pelo padrão de qualidade, que depois ficou conhecido como o padrão Globo de qualidade.  Ele sempre foi muito intransigente nesta questão e isto é um legado que ele deixou para a televisão brasileira e, principalmente, para nós, que continuamos o trabalho dele.

Fernanda Montenegro – O Boni criou esta TV brasileira. Teve auxiliares, companheiros nesta jornada, ele é o ideólogo disso tudo. E como eu já faço televisão antes dele – por ser muito mais velha do que ele - estou aqui para abraça-lo. Acho que é uma excelente ideia ele contar a vida dele em um livro, é uma personalidade extremamente importante. E por isso, estou aqui, para receber o autógrafo dele e abraça-lo. Nunca tive muito contato direto com ele. Nunca fui da turma que abria a porta da sala dele e entrava. Eu nunca fiz isso. Mas, sei dele e acho que ele sabe de mim. Estou muito curiosa para ler o livro dele, até por nunca ter privado de uma proximidade com ele.

João Roberto Marinho – A nossa amizade transcende o profissional. É uma relação de amizade mesmo. Mas, todas as nossas passagens e histórias estão no livro.

Glória Perez – Ele foi um grande mestre, com certeza. Merecedor de tudo aquilo que tem hoje. Temos uma relação afetuosa. Aliás, ele sempre teve uma relação muito próxima com todos que trabalhavam com ele. Era com ele que discutíamos tudo. É uma relação muito carinhosa e de muita admiração.

Dennis Carvalho – Ele é muito importante na minha carreira. Foi quem me trouxe da TV Tupi para a Globo. E a nossa relação é muito boa, porque, no primeiro papo que tivemos, ele me disse: “Olha, eu quero contratar você como ator, mas sei que você gosta de dirigir. Mais tarde você vai dirigir”. Ali, ele me ganhou. Uma coisa engraçada: eu tinha vindo da Tupi e tinha feito Ídolos de Pano, com o Tony Ramos, quando a Globo me contratou. Na primeira semana de contratado, fui escalado para ir ao Maracanã, entregar a faixa de campeão para o Sport Clube Recife e não entendi nada. Depois, eu descobri que Recife era a única praça onde a Tupi ganhava da Globo na época da novela. Então, o Boni queria mostrar que eu, agora, estava na Globo. Esse é o Boni.

Aracy Balabanian – Foi ele quem me chamou, eu trabalha na TV Tupi e ele propôs que eu viesse para a Globo para fazer Vila Sésamo, no início da década de 70. E nunca mais eu saí de lá. Tenho profunda admiração por ele, é o patrão que eu sempre quis ter. Ele sempre respeitou o ator, o verdadeiro profissional. Eu tive o exemplo disso, porque teve uma vez que ele mandou eu fazer uma determinada coisa e eu fui lá e disse porque eu achava que do jeito que eu já tinha feito estava bom. Ele aceitou o meu argumento e disse: ‘se você acha, tudo bem. Era só isso que eu queria ver’.
 

Agora são muitos para fazer um e, às vezes, esses muitos não conversam entre si. E é quando dá errado.

Maitê Proença, comparando os 'tempos de Boni' com os de agora

Maitê Proença – A gente tem muita saudade do Boni, porque vivíamos em uma outra era, em que rezava a cartilha da qualidade. Ele tinha um faro, um conhecimento técnico, um saber, que hoje em dia está muito dissipado, dispersivo. Agora são muitos para fazer um e, às vezes, esses muitos não conversam entre si. E é quando dá errado. Naquela época, tudo era concentrado em um único saber, em uma intuição primorosa, uma coragem que mandava desfazer tudo quando estava pronto, mas era porque estava ruim. Era melhor desfazer naquele momento do que esperar seis meses e ter um fracasso retumbante, com todas as suas consequências. A gente ficava seguro. Além do que, ele era emotivo e fazia com que nós tivéssemos uma relação caseira com a empresa. Ele se envolvia pessoalmente com os problemas de cada um. Ele era duro, como toda pessoa que está no comando e tem muitas frentes a atender. Ele era duro porque tinha o que dizer profissionalmente. Mas era doce.   

Arlete Salles – Foi maravilhoso. Tenho lembranças inesquecíveis. É um homem para a gente se orgulhar neste país. Criou este modelo de televisão. Eu fui muito a sala dele, chorar mágoas, pedir socorro, pedir ajuda e, em todas as ocasiões, ele me socorreu. Então, eu pessoalmente, tenho lembranças muito bonitas e afetuosas dele.

Milton Gonçalves – A minha relação com o Boni sempre foi muito boa. Quando éramos mais jovens, trabalhávamos em São Paulo e nunca nos encontramos. E aí, com o tempo, nos encontramos e até descobrir porque o Boni era daquele jeito...Quem me ensinou foi o Borjallo. Porque ele cutucava a gente com vara curta para saber até que limite a gente defendia a nossa profissão. No dia em que eu descobri isso, a nossa relação ficou muito mais rica. Porque ele sempre foi um lutador. Ele busca a excelência e, por isso, tenho um respeito muito grande por ele. Quem quiser ser amigo dele, tem que ser trabalhador.

Francisco Cuoco – Ele que me trouxe da Excelsior para a TV Globo. Foi uma transação simples, mudou a minha vida, me trouxe para o Rio de Janeiro, de onde eu não saio mais. Convivi muito com ele, dentro e fora da televisão. Muitas vezes o elo disso tudo era o Daniel Filho e é com muita satisfação que estamos aqui. Não tem nada que eu me lembre, mas nossa relação sempre foi pontuada pela atenção e pelo cavalheirismo. Sabemos da contundência do Boni diante daquilo que não tem qualidade, ele fortemente expressa isso. Tudo isso é o Boni.

"Como pessoas que estão há 50 anos juntos já brigamos, nos emocionamos. Somos como casais", diz Daniel Filho

  • PhotoRio News

    Boni e Daniel Filho se abraçam na noite de autógrafos do "O Livro do Boni" (30/11/11)

Daniel Filho - O Boni é meu camarada, meu companheiro, eu colega, meu amigo, meu produtor há tantos anos. Como é falar de uma amizade de mais de 50 anos? Se após 50 anos nós continuamos amigos, o que você quer que eu diga a respeito? Está tudo inserido nesse livro. Eu já era diretor antes de conhecê-lo. É muito complicado selecionar um momento marcante. Não estou preparado para isso. Como pessoas que estão há 50 anos juntos já brigamos, nos emocionamos. Somos como casais.

Wolf Maya – Sou um admirador do Boni, como todos nós que estamos aqui. E grato a ele. Foi ele quem me levou para a televisão. Naqueles momentos de Boni, ele disse que queria rejuvenescer a televisão brasileira. E levou eu, Guel e Jorge Fernando, éramos três moleques que ele trouxe para a televisão. Eu jamais vou esquecer. Todos nós temos famas inacreditáveis. No entanto, acho que tudo isso é um pouco de história. Ele nunca me surpreendeu em nada. Ele é de uma franqueza adorável e eu não suporto as pessoas que não são assim. Essa espontaneidade faz parte da inteligência dele e do pouco tempo que ele tinha para resolver tanta coisa. Adoro ter herdado isso dele, que é um ícone pra mim.

 

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