Reynaldo Gianecchini diz que queria "fazer algo humilde" em reestreia da peça "Cruel"

Fernanda Kalena

Do UOL, em São Paulo

  • Leandro Moraes/UOL

    Reynaldo Gianecchini conversa com o público após apresentação da peça "Cruel" no CEU Vila Curuça, em São Paulo (26/4/12)

    Reynaldo Gianecchini conversa com o público após apresentação da peça "Cruel" no CEU Vila Curuça, em São Paulo (26/4/12)

Reynaldo Gianecchini começou nesta quinta (26), na Vila Curuça, uma série de 22 apresentações gratuitas da peça "Cruel" nos CEUs (Centros Educacionais Unificados) de São Paulo, que integram o projeto “CEU é show” da Secretaria de Educação que visa levar programações culturais para todas as regiões da capital.

Ao final do espetáculo, o ator respondeu, ao lado dos atores Maria Manoella e Erik Marmo, perguntas do público e explicou que a ideia inicial não era fazer desta peça um grande acontecimento e sim “trabalhar com amigos, fazer algo humilde para quem se interessasse”.

É um público que vem com o olhinho de iniciante, vem para participar, é muito prazeroso para a gente.

Reynaldo Gianecchini, após o espetáculo

O ator disse ser "genial" a iniciativa da Secretaria de Educação de aproximar o teatro da periferia . “Esse projeto é sensacional. Levar o teatro para um lugar onde as pessoas não têm tanto acesso à cultura é maravilhoso. É um público que vem com o olhinho de iniciante, vem para participar, é muito prazeroso para a gente”, afirmou.

Ana Maria Nogueira, de 48 anos, ficou sabendo da apresentação através de sua mãe, que participa de programas para a terceira idade no CEU Vila Curuçá. “Eu adorei a oportunidade de poder ver o Reynaldo no palco. Ele é maravilhoso. Foi a primeira vez que vi um ator famoso assim de perto”, contou.

Foi o maior público de "Cruel", que antes era encenada para 100 pessoas no Teatro Faap, e no CEU Vila Curuça recebeu cerca de 500 pessoas - alguns tiveram que assistir à peça em pé ou sentados nas escadas.

A atriz Maria Manoella disse que foi uma noite importante. “É incrível a possibilidade de chegar com o teatro em lugares onde não se teria acesso e a plateia hoje me deixou encantada com o respeito e com a troca de energia, fiquei bem contente e emocionada”, disse.

Erik Marmo resumiu a importância em participar de projetos como este: “Fazer com que as pessoas se interessem pelo teatro e contribuir para a formação do público, para que possam participar desse ambiente”.

Para Natália Nascimento Lacerda, de 17 anos, que comemorou seu aniversário assistindo a apresentação, a experiência foi única. “Achei muito legal, foi o melhor presente de aniversário que já ganhei. Bonzinho ou cruel, ele [Gianecchini] é bonito do mesmo jeito”, brincou a estudante.

Sobre se apresentar na periferia, Gianecchini disse que apesar de sair um pouco do público restrito da trama de "Cruel", isso não prejudicava a peça. “A ideia inicial era fazer apresentações mais intimistas, mas o público aqui foi ótimo, é um lugar onde as pessoas não têm tanto contato com o teatro".

Após as apresentações de "Cruel" nos CEUs, o ator vai se dedicar à próxima novela das sete da Rede Globo, "Guerra dos Sexos". Com um personagem denso na peça, ele se mostrou feliz em interpretar um “atrapalhadão”. “Na novela do Silvio [de Abreu] vou fazer o papel de mocinho, para quem assistiu à primeira versão de 1983, era o papel de Mário Gomes. A novela é super astral e estou adorando fazer neste momento da minha vida algo mais leve e divertido”, contou.

Recuperado recentemente de um câncer no sistema linfático, Reynaldo Gianecchini falou que está preferindo temas que envolvam liberdade e amor em seus próximos trabalhos. “Tenho vontade de falar principalmente dos nuances do ser humano. Acho que agora me interesso mais pelo ser humano, eu me conheci melhor depois do que passei e acho que o saldo é positivo, que o crescimento pessoal reflete no trabalho de ator”.

Também sobre projetos futuros, Manoella disse que filmará três filmes, o primeiro em São Paulo, chamado “Carisma Imbecil”, de Sergio Bianchi, na sequência um em Brasília e depois outro em Portugal. Erik Marmo disse não ter projetos planejados e que vai aproveitar o tempo com seus filhos e família: “Não vou fazer nada de interessante”, brincou o ator.

Sobre o espetáculo

Na trama de "Cruel", Tekla (Maria Manoella) trai o marido Gustavo (Reynaldo Gianecchini) e se apaixona por Adolfo (Erik Marmo), com quem se casa. As dores, frustrações, inseguranças e falhas deste relacionamento são o tema de "Cruel", adaptação da obra do sueco August Strindberg.

Na época da estreia do espetáculo, Gianecchini falou sobre o que mais gostou no papel. "O que me interessou no texto foi a relação entre os personagens, as camadas de cada um. Ele [Gustavo] é o mais cruel, mas ao mesmo tempo é fraco. Tem uma coisa de vingança nisso tudo. O jeito dele de tentar superar a traição é os destruindo".

Erik Marmo, que interpreta Adolfo, o marido apaixonado e ao mesmo tempo inseguro pela possibilidade de perder a mulher, diz que criou o personagem com base em vivências próximas. "Todo mundo tem uma dor profunda, uma loucura. Tive que buscar em mim esses sentimentos para criar o personagem", explica.

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