Em show beneficente, Justus encarna um rolling stone e toca guitarra e bateria imaginárias

Paulo Sampaio

Do UOL, em São Paulo

  • Francisco Cepeda / AgNews

    Roberto Justus toca bateria imaginária em show beneficente em São Paulo (29/5/12)

    Roberto Justus toca bateria imaginária em show beneficente em São Paulo (29/5/12)

Aparentemente, um show beneficente chamado Roberto Justus & Convidados,  com 22 músicas e três horas de duração, só pode ter como beneficiário o próprio Roberto Justus. “Não é fácil reunir tanta gente disposta a ajudar”, disse, emocionado, o apresentador, referindo-se aos sete cantores e o grupo que o acompanharam.

Porém, pouco antes do espetáculo, realizado nesta terça-feira (29) no Teatro Geo, em São Paulo, a aguerrida jornalista Valéria Baraccat Gyy teve tempo de informar que o objetivo do evento era levantar fundos para um centro de prevenção e combate ao câncer de mama chamado Casa da Mulher, idealizado por ela. “Há 4.400 mamógrafos no Brasil, e apenas 102 físicos especialistas em radiologia diagnóstica, o que dificulta muito a descoberta precoce do câncer de mama", explicou Valéria, que é fundadora do Instituto Arte de Viver.

"Quando soube dos números pela Valéria, imediatamente abracei a causa”, contou Justus no palco, antes de se esbaldar em um repertório que incluía “I’ve Got You, Under My Skin” (Cole Porter), “Can’t Take My Eyes Off of You” (Frankie Valli)  e “Amor Perfeito” (Michael Sullivan, Paulo Massadas, Lincoln Olivetti e Robson Jorge).

Além do show de Justus, houve um leilão de objetos de famosos. Um capacete de Emerson Fittipaldi foi arrematado por R$ 18 mil. Um relógio do Faustão, por R$ 45 mil. Um bracelete de Hebe, por R$ 15 mil. Ao contrário de Justus, o leilão foi “silencioso”, como explicaram os produtores do evento, para não expor os autores dos lances. “Todas essas pessoas maravilhosas toparam me ajudar na mesma hora”, contou Valéria, que se recupera de um câncer de mama. “O Emerson, por exemplo, já aderiu à minha luta há dois anos.”

  • Francisco Cepeda / AgNews

    A socialite Beth Szafir, que chegara de Paris, disse desconhecer as revelações de abuso sexual que Xuxa, mãe de sua neta, fez ao "Fantástico"

Enquanto isso...
Ali perto, a socialite Beth Szafir, avó de Sasha, disse que não soube das revelações de Xuxa no programa "Fantástico" (sobre os abusos sexuais sofridos na adolescência pela apresentadora e o pedido de casamento feito por Michael Jackson) porque estava chegando de Paris naquele dia. Afirmou, aliás,  que nada, nenhuma repercussão lhe chegou aos ouvidos. A reportagem, então, se viu no dever de inteirá-la sobre o que havia acontecido; mas Beth não pareceu surpresa. Questionada sobre o que achava da atitude de Xuxa, e se, como mulher, agiria da mesma maneira, ela respondeu que não. “Sou muito discreta”.

Em seguida, soltou um berro de surpresa ao avistar uma jovem que a abraçou muito. “Por onde você anda que eu não te vejo mais?”, perguntou Beth, animadérrima.

“Trabalhando, trabalhando, é só o que eu faço. Vamos jantar! Tô com saudade”, respondeu a jovem, e saiu.

Quem era? “Sei lá”, respondeu Beth. “Nunca vi na minha vida.”

Hora de rock'n roll
Depois de um preâmbulo meio desajeitadão apresentado por Ana Hickmann e pela mulher de Justus, Ticiane Pinheiro, o show começou com "Epitáfio"(Sérgio Brito). Ali já deu para ter uma provinha do que estava por vir. Nos sucessos de época imortalizados por Frank Sinatra ou Louis Armstrong, Justus lançou mão de todo seu charme. Caminhando muito à vontade pelo palco, jogava o microfone de uma mão para outra, flexionava ligeiramente os joelhos, inclinava a cabeça, deslizava o sapato de verniz pelo chão. Sedutor no último. De tão à vontade em cena, dava  a impressão de que fora pego de surpresa enquanto cantava sozinho em frente ao espelho na sala de casa. Quando a voz não vinha, ele era acudido por duas simpáticas crooners e pelo povo da banda, que reforçavam assim a atmosfera da generosidade da noite beneficente.

Ao chamar os convidados, fazia graças como "Agora eu vou receber uma pessoa que nem sabe cantar direito, começou ontem, coitado, dá até pena", para logo depois anunciar a pessoa e recebê-la com frases como "Gente, isso é um ser humano gigante, a pessoa mais linda do mundo, tudo que eu peço ele faz, eu fico até sem graça..."

Me sinto como se estivesse cantando com os Eagles, nos EUA, ou os Rolling Stones, na Inglaterra

Roberto Justus, ao receber Roupa Nova

Vestindo calça preta, camisa idem e blazer também, de vez em quando Justus tirava um lencinho branco do bolso para enxugar o suor na região do bigode. A emoção era muito grande. Ele falava em nó na garganta e colocava a mão no peito, indicando que seu coração estava acelerado. Lá pelas tantas, quando chamou o grupo Roupa Nova, chegou ao ápice do arrebatamento: “Eu me sinto como se estivesse cantando com os Eagles, nos Estados Unidos, ou os Rolling Stones, na Inglaterra.”

Muito didático, o apresentador de “O Aprendiz” indicava, nas músicas em inglês, a parte do corpo que tinha o significado da palavra cantada. Exemplo: em “What a Wonderful World”(Bob Thiele e George David Weiss), ao dizer “And I think to myself”,  apontava para a cabeça; e “The collors of the rainbow, so pretty in the sky”, para o céu. Muitos se surpreenderam com os dotes interpretativos do cantor. Segurando com as duas mãos o microfone, ele fechava os olhos e dava tapinhas no ar. O público de amigos vibrava.

“Vamos pros Beatles?”, perguntou alegremente, antes de partir para “All My Loving”. Nos momentos de maior empolgação, ele tocava uma guitarra ou uma bateria, ambas imaginárias.


O ponto auge (sic) foi o Agnaldo Rayol cantando ‘My Way’. Judiação, o Justus tentando acompanhar

Val Marchiori, sobre o seu momento preferido da noite

Amigas
Val Marchiori gostou do show, mas achou “um pouco longo”. “O ponto auge (sic) foi o Agnaldo Rayol cantando ‘My Way’. Judiação, tadinho, o Justus tentando acompanhar.”

Ela e sua melhor amiga, Flávia Rocha, se decepcionaram com a performance de Paulo Ricardo, que atacou de “Your Song” (Elton John) e “Tonight’s the Night (Rod Stewart): “Nossa, ele tá gordo, sem voz e, gente, que cabelo é aquele??”.

A intenção de Justus era promover “uma noite memorável”. “Vocês estão proporcionando momentos inesquecíveis para mim”, repetia. Na plateia, a fonoaudióloga Márcia Trajano, que se disse amiga de um amigo do apresentador-cantor, sentiu a recíproca. Com uma expressão de desalento, ela se retirou no meio da terceira música,  “Unforgettable” (Coral Gordon e Phil Ramacon), dizendo:  “A culpa é do karaokê”.

UOL Cursos Online

Todos os cursos