Avenida Brasil

"Acho ridículo coroa em busca do Photoshop", diz Betty Faria

Carla Neves

Do UOL, no Rio

  • André Durão/UOL

    Betty Faria posa para foto após entrevista ao UOL no Leblon, zona sul do Rio (20/7/2012)

    Betty Faria posa para foto após entrevista ao UOL no Leblon, zona sul do Rio (20/7/2012)

Aos 71 anos, Betty Faria afirma que nunca mentiu sua idade. De volta à TV na pele da extravagante Pilar, de "Avenida Brasil", a atriz contou, em entrevista ao UOL, que encara "muito bem" o envelhecimento e acha "ridículo" as mulheres que não assumem a idade que têm. "Sempre disse a minha idade. Sou absolutamente contra e tenho pena das mulheres que diminuem a idade, que não falam, que têm problema. Porque é uma insegurança total, é o medo de não seduzir, de não agradar. Acho ridículo coroa em busca do Photoshop", criticou.

Atuando em teatro, novelas e no cinema desde 1965, Betty falou sobre seus ex-maridos, que foram três - o ator Cláudio Marzo, o diretor Daniel Filho e o assistente de direção Franklin Thompson - e o porquê de ter recusado o papel da viúva Porcina em "Roque Santeiro", de 1985, novela que tinha sido proibida pela ditadura em 1975, quando Betty chegou a gravar 30 capítulos como a personagem criada por Dias Gomes. "Eu estava apaixonada por um ator americano. Mas na época eu fui achibatada. A própria Regina [Duarte] falava: ‘eu não sei por que a Betty não quis fazer’".

Atualmente, Betty diz que reza para que não tenha mais nenhuma paixão. " A gente fica burra", confessa, aos risos. No papo, a atriz fala sobre a relação que tem com os autores das novelas e de um mal-entendido que teve com Aguinaldo Silva: "Ele vive muito bem sem mim e eu vivo muito bem sem ele. Eu tenho vergonha na cara". Betty também diverte-se contando a origem da expressão gay "Eu não faria, mas a Betty Faria". "Sou cria das bichas", diz.

Leia a seguir a entrevista completa com Betty Faria:

UOL – Depois de quatro anos afastada das novelas da Globo você está de volta. Como está sendo esse retorno?

Divulgação/TV Globo
Tenho a positividade de sobrevivente que ela tem também. Nas situações mais difíceis a pessoa está positiva e achando que vai dar um jeito de ficar melhor. E tenho isso . 

sobre Pilar, papel que vive em "Avenida Brasil"

Betty Faria – Está sendo uma delícia. O trabalho na TV Globo é o seguinte: estou em casa. A TV Globo é a minha casa. Comecei na emissora em 1965, quando ela começou, no Jardim Botânico. Fazia dois programas musicais, com direção do Luiz Carlos Miele e do Ronaldo Bôscoli: “Dick & Betty 17”, que dançava em cima de um piano; e “Alô, Dolly”.  O Miele agora é o nosso Mágico de Oz [o ator está em  cartaz com o musical no Rio de Janeiro]. Tenho meio século de TV Globo. Assistia “Avenida Brasil” direto. Sou apaixonada pelo trabalho do João Emanuel Carneiro. Minha paixão começou no filme “Central do Brasil”, dirigido pelo Walter Salles. Ele escreveu o roteiro e achei do car.... Aí quando ele fez “A Favorita” caí de quatro. Falei: “é um p... de um autor”. Ele pega um núcleo e faz a novela com ele. Como sou noveleira antiga, sou cria de Janete Clair, aprendi a conhecer novela assim, com essa base. E ele faz isso. Então os personagens têm vida. Não fica aquela coisa de muitos núcleos para ver o que dá ibope. Quando começou “Avenida Brasil” foi ótimo. Por quê? O texto é maravilhoso, a novela é ótima e a direção é primorosa. É uma direção moderna, de bom gosto, não tem nada cafona. E os atores de primeira linha dando o seu melhor. Então é um escândalo. Estava tão mergulhada na novela que quando chegou o convite entrei como se já estivesse desde o começo.

E como foi o convite?
Meu empresário me ligou e falou: “estão querendo que você faça um papel em ‘Avenida Brasil’”. E disse: “como é o papel?. Estou dentro”. Não discuti. Em 48 horas já tinha assinado o contrato. Disse assim: “vou fazer. É para mim. Os deuses estão mandando”.

Como foi seu primeiro contato com a Pilar?
Quando li a sinopse, podia fazer a Pilar de várias maneiras. Podia amaciar a extravagância dela, fazer ela bem comportada, dizendo coisas assim. Podia fazer chique, mas escolhi fazer desse jeito.

Você tem alguma semelhança com a personagem?
Tenho a positividade de sobrevivente que ela tem também. Nas situações mais difíceis a pessoa está positiva e achando que vai dar um jeito de ficar melhor. E tenho isso.

Nesse tempo fora da TV, o que você estava fazendo?
Depois de “Duas Caras” [trama exibida em 2007 na Globo] estreei “Shirley Valentine” em São Paulo. O meu monólogo, com direção de Guilherme Leme. E foi um super sucesso. Fui indicada ao prêmio Shell. Fiquei muito orgulhosa de estrear um monólogo em São Paulo e ser indicada ao prêmio Shell de São Paulo. Para mim foi uma honra, tudo de bom. Aí fiz a temporada, depois tive o convite do SBT [para fazer a novela “Uma Rosa Com Amor”, em 2010], fiz a novela e continuei com a peça. Aí entrei com a peça pelo Brasil. Fiz 18 capitais com a “Shirley Valentine”. E em todas as cidades por que passei o espetáculo foi sucesso. Se eu quiser voltar, eu posso voltar para todas as cidades porque ela foi um sucesso. É que não quero viajar. Hoje não quero. Mas amanhã posso mudar. Porque sou assim [risos].

As pessoas têm um carinho muito grande por você...
Isso é um luxo, é uma conquista, um presente. Tenho isso no Brasil. Agora sou tuiteira.

Como é a sua relação com a internet?
Sou tuiteira [@Betty_Faria_]. Estou indignada porque tem uma coisa errada no meu Twitter e não sei tirar. Tem um amigo meu que me colocou no Twitter e adorei, fiquei viciada. Mas não sei tirar.

Você tuíta tudo?
Não. Acho horrível isso. Tuíto todo dia, tudo bonitinho, mas não toda hora. Sabe quantos seguidores já tenho em um mês e três semanas? 917. Tem uma coisa que estou chateada e que quero mudar porque não é verdade. Diz que estou tuitando desde fevereiro de 2011. Nem sabia como era o Twitter! [risos]. Isso está errado e quero mudar, mas não sei fazer. Vou ter que pedir para esse meu amigo ir lá em casa fazer isso.

E como tem sido a repercussão de seu retorno à TV no Twitter?
É muita gente falando da novela. Vou ler algumas mensagens: “Betty, feng shui, morri de rir, parabéns”; “Boa noite, querida! Está lindo!”; “Vamos comemorar longe do Carlinhos, querida. Vamos para New York!”; “Amei a cena de decoração de Pilar na casa da filha”.

E além do Twitter?
Agora, com uma semana de Pilar... Hoje saí na rua e ando a pé no Leblon [zona sul do Rio]. Tinha umas coisas para fazer, fui ao analista e fui parada, coisa que ninguém faz no Leblon. Moro lá e ninguém faz isso. Hoje fui parada por gente na rua. Acho que o jeitinho que inventei de fazer essa Pilar deu certo.

Divulgação
Claudia Raia faria uma Tietona grandona, boa. Sou louca pela Claudia. Gosto de gente com talento e competência.

, sobre quem deveria fazer o papel de "Tieta" em um remake

 

Você tem mais de 40 produções (entre novelas, minisséries e séries) no currículo. De todas elas, qual é a que te dá mais orgulho de ter feito?
Ah! Tem “O Espigão”, que eu fazia a Lazinha Chave de Cadeia; a Lucinha do “Pecado Capital”, da Janete Clair; teve “O Bofe”, do falecido Bráulio Pedroso, que foi minha primeira protagonista dos anos 70 e foi uma proposta de inovação; teve “Anos Dourados”, do Gilberto Braga, que foi um trabalho lindo; em “Baila Comigo” o personagem não foi bem desenvolvido, mas só o fato de poder divulgar a dança no Brasil na época, de poder colocar a dança popularizada, com a ajuda da Marli Tavares também, que é uma excelente bailarina e hoje em dia é uma mestra, foi muito feliz. Teve uma novela, “Partido Alto”, que o Aguinaldo Silva escreveu com a Glória Perez, em que eu fazia um personagem maravilhoso. Era uma manicure, destaque de escola de samba. Fiz muita coisa boa. Eu tive sorte...

Quando a pessoa te corta, te esnoba e você não sabe o que aconteceu você fica marido enganado, né?

sobre mal entendido com o autor Aguinaldo Silva

Você acha que muitas vezes o ator tem que contar com a sorte?
Acho! A Pilar, por exemplo, foi um presente de Deus. Eu nem imaginava, eu nunca pude imaginar que eu fosse entrar numa novela chamada “Avenida Brasil”. Isso é sorte: meu empresário ligar e falar que estavam querendo que eu fizesse um personagem. Eu não procurei nada. Caiu no meu colo.

A Globo está investido pesado em remakes [“O Astro”, “Gabriela”]. O que você acharia se a emissora fizesse um de “Tieta”? Que atriz daria uma boa Tieta?
Claudia Raia faria uma Tietona grandona, boa. Sou louca pela Claudia. Gosto de gente com talento e competência. E ela é da minha turma: ela dança, canta, faz comédia, faz drama. É uma atriz completa e gosto disso. Então para me substituir e fazer um remake de “Tieta” é a Claudia Raia.

Você ficaria com ciúme de vê-la dando vida ao papel?
Não, meu amor. Eu já vivi isso muito. Hoje em dia, com 70 anos, vou ficar com ciúme de alguém que vai fazer um papel que foi um sucesso e está me rendendo louros até hoje? Nunca! Não tenho isso. Estou em outra!

Você declarou em uma entrevista que o Aguinaldo Silva não gosta mais de você e que ele foi enfeitiçado. Houve alguma briga entre vocês?
Não. Adoraria se tivesse porque quando acontece alguma coisa existe um esclarecimento. Mas quando a pessoa te corta, te esnoba e você não sabe o que aconteceu você fica marido enganado, né? Por isso falei isso, mas não vou ficar rendendo com isso não, porque ele também não se manifestou. E se ele não se manifestou é porque não quer papo. Então se ele não quer papo eu também não quero. Ele teve chance de se manifestar e não se manifestou. Ele vive muito bem sem mim e eu vivo muito bem sem ele. Pronto. Eu tenho vergonha na cara.

Você tem uma relação de amizade com os autores com quem trabalha?
Eu tenho muito cuidado com os autores porque eles são muito assediados, tem muito puxa-saco, tem que ter muito cuidado. São pessoas extremamente sensíveis. Sempre tive uma relação de muita paixão por essa pessoa [Aguinaldo Silva] e pelo Gilberto Braga. Fui muito amiga da Janete Clair, que me deu grandes oportunidades. Gilberto Braga me deu personagens lindos. Tenho muito carinho pelo Walther Negrão. Tenho muito respeito e carinho pela Glória Perez, mas nunca frequentei a casa dela, nunca houve uma aproximação maior.

Você teve três casamentos...
Isso: o Claúdio [Marzo], o Daniel [Filho] e o Franklin [Thompson], um rapaz bem mais novo. Com filhos só com o Cláudio e o Daniel. O Franklin trabalhou de assistente de direção na Globo e hoje em dia tem uma agência de publicidade em Manaus.

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Nunca pedi nada. O que tenho foi conquistado com o meu trabalho. Nunca tive uma pensão para mim. Tenho isso lavrado em certidão de divórcio. Posso ter sido chata, rabugenta, desrespeitosa, mas tive uma dignidade muito grande. Então hoje em dia sou uma avó com dois avôs.

, sobre nunca ter dependido de pensão dos ex-maridos

Como é a sua relação com os seus ex-maridos?
Eles são avôs dos meus netos. Somos muito amigos. Acho que depois de passadas todas as nhacas de pessoas que se separam – sempre tem uma nhaca, né? Um ranço –, se você tem dignidade, se foi uma mulher direita e não tomou dinheiro do homem, você consegue ter uma grande amizade e um respeito. E nunca pedi nada. O que tenho foi conquistado com o meu trabalho. Nunca tive uma pensão para mim. Tenho isso lavrado em certidão de divórcio. Posso ter sido chata, rabugenta, desrespeitosa, mas tive uma dignidade muito grande. Então hoje em dia sou uma avó com dois avôs. Tenho uma amizade e um respeito pelos avôs dos meus netos.

E como você é como avó?
Apaixonada e preocupada com os valores que vão ser passados para essas crianças nesse mundo tão violento. Não sou uma avó libertária, que deixa qualquer coisa. Dou limite, dou bronca e proteção total. Eles gostam muito de mim. Sou uma vovó rock'n'roll.

Você sempre foi uma mulher muito bonita e admirada pelos homens e já posou duas vezes para a “Playboy”. Mas você declarou que não ganhou quase nada com os ensaios. Por que quis posar duas vezes para a publicação então?
Na época a gente não tinha empresário. A negociação era com a gente. E nunca fui boa de negociar, sempre fui muito ingênua. Então o que achava que era muito dinheiro era uma merreca, que quando caiu na minha mão só deu para comprar um armário embutido. Quis posar por duas razões: primeira – ganhar um dinheiro a mais; segunda – registrar um momento bonito da minha vida. Não faria isso agora. Seria ridículo. Ah, tá bem, tá em forma! Mas estou velhinha!

Mas te convidaram para posar pela terceira vez, né?
Mas é ridículo. Acho ridículo coroa em busca do Photoshop. Acho triste. Coitadas das que usam esse recurso.

Como você lida com o envelhecimento?
Lido muito bem. Primeiro porque sempre disse minha idade. Fiz festa de 40, 50, 60... Com 70 não deu para fazer festa porque estava em cartaz com “Shirley Valentine”, mas meus fãs e blogueiros fizeram a festa no teatro, com faixas do Flamengo, fotografias minhas, bolo e tudo o que tive direito. E durante o dia tive a comemoração em casa com a família. Sempre disse a minha idade. E sou absolutamente contra e tenho pena das mulheres que diminuem a idade, que não falam, que têm problema. Porque é uma insegurança total, é o medo de não seduzir. É o medo de não agradar. Mas me dei muito bem com isso e fiz psicanálise. Porque a mulher que é bonita, que é mais glamourosa –nunca me achei bonita – se não cuidar da cabeça sucumbe à pressão da sociedade com a idade. E eu não. Cuido da minha cabeça, faço a minha prática budista, que ensina desde o começo que dos quatro sofrimentos da vida você não escapa: nascimento, doença, velhice e morte. Desses quatro ninguém escapa. Então não adianta ficar com medo. Tenho colegas de profissão que eram quatro anos mais velhas do que eu. Agora elas baixaram tanto que hoje em dia são quatro anos mais novas. Elas estão comendo oito anos, entendeu? [risos]. Vejo nas revistas e penso: ‘tá mais nova do que eu! Só eu que fico velha!’. Mas não me incomodo. Nada disso me incomoda. Quero estar com saúde. Quero estar viva e aproveitar as coisas que gosto do momento, de acordo com a minha idade.

Você é budista desde quando?
Conheci o budismo em 1986. Mas comecei a praticar realmente em 92 e recebi o meu oratório em 96. Pratico o budismo de Nitiren Daishonin, do Sutra do Lótus [nam-myoho-rengue-kyo].

Você faz análise?
Faço. Duas vezes por semana. Adoro ter uma pessoa para conversar sobre meus problemas, dificuldades, tristezas. Acho muito bom. Adoro e você se recicla. Acho que fiz análise a vida inteira. Parei um pouco, depois fui fazer de novo. gosto muito.

Recentemente você disse que não usou cocaína porque entupiu seu nariz. Como é a sua relação com as drogas?
Quando cheirei me entupiu o nariz. Não sou cocainômana. Experimentei uma vez e me entupiu o nariz. Isso foi um rebuliço na internet. Disse: ‘gente, que bom, menos um problema na minha vida. Menos uma tentação!’ [risos]. São tantas tentações. Isso é irrelevante. O mundo está com excesso de armas. Um jovem chega no cinema nos Estados Unidos na estreia do “Batman” e mata as pessoas. Tem outro que chega no subúrbio e mata as crianças. E a gente está falando: ‘ih, ela disse que cheirou cocaína!’. Isso é uma pobreza, entendeu? Mas já que falou, que bom que entupiu!

Você acha que o meio artístico acaba indo mais para o caminho das drogas ou independe do métier?
Acho que a clientela imensa do mundo não é do meio artístico. O meio artístico é o que aparece na imprensa porque ele é exposto. Mas essa clientela, dessa proibição, não é o meio artístico. Podiam proibir as armas.

Qual é a sua droga?
Nam-myoho-rengue-kyo [um mantra do budismo].

Em 1975, você ia protagonizar "Roque Santeiro", como a viúva Porcina, chegou até a gravar, mas a novela foi censurada pela ditadura e não foi ao ar. Depois a novela foi protagonizada pela Regina Duarte. Porque desistiu do papel?
Eu gravei 30 capítulos. Estava casada com o Daniel Filho. Foi a volta dele à direção e o nascimento do meu filho João. E foi horrível. Foi chato! O Daniel estava chato! Ele gritava e o meu bebê estava em casa. Aí fomos fazer o “Pecado Capital” que a Janete Clair enxertou ali e foi um puta sucesso. Quando voltou eles me perguntaram se eu não queria fazer mas eu não quis porque eu estava apaixonada em Los Angeles por um ator americano. Por isso que não quis. Eu estava apaixonada. E era ponte aérea louca. Eu ia para lá e ele vinha para cá. Eu não queria ficar lá porque tinha dois filhos de dois casamentos. Era eu e a minha bagagem. Eu não ia ficar em Los Angeles com dois filhos e o Claudio Marzo e o Daniel Filho lá, né? Era complicada a minha bagagem. Foi por isso que eu não fiz. Mas na época eu fui achibatada. A própria Regina [Duarte] falava: ‘eu não sei por que a Betty não quis fazer’.

Reprodução
Depois eu fiquei com dor de corno. Porque ela fez um p... sucesso, a novela fez um p... sucesso, ela ganhou uma grana. E eu acabei a história nos Estados Unidos porque não dava para continuar.

, sobre Regina Duarte ter feito papel de viúva Porcina em "Roque Santeiro" em 1985, após a censura da primeira versão

E valeu a pena ter trocado a novela pela paixão?
Valeu. Porque eu vivi isso. Depois eu fiquei com dor de corno. Porque ela fez um p... sucesso, a novela fez um p... sucesso, ela ganhou uma grana. E eu acabei a história nos Estados Unidos porque não dava para continuar. Ou eu ia para lá ou terminava. Aí voltei e fui filmar no sertão baiano. Fiquei arrependida, pensando: ‘ah, eu devia ter feito’. Mas eu tinha vivido uma história que ninguém viveu, uma história muito minha. Aliás no ano passado fui representar o cinema brasileiro em uma festa da MGM em Los Angeles e foi uma viagem muito triste porque ele tinha morrido há dez dias.

Como vocês se conheceram?
No Festival de Cinema do Rio. No Hotel Nacional.

Você acha que ele foi o amor da sua vida?
Não, eu tive outros amores. Eu não tive um amor só. Os pais dos meus filhos foram amores da minha vida. O Franklin também. O David também foi um dos amores da minha vida. Não sou tão limitada assim. Eu tenho amor para dar para todo mundo [risos].

Você está com algum amor agora?
Agora eu rezo para não ter mais nenhuma paixão porque a gente fica burra [risos].

O que te atrai em um homem?
Não sei explicar. Hoje eu sou outra. Você muda, então o que te atraía antes pode não te atrair hoje. Antes você podia se atrair por um braço. E hoje posso achar um braço musculoso uma bobagem. Você muda. Não sei responder essa pergunta.

Você disse que já teve vontade de ter um programa de TV para mulheres. Ainda tem?
Nenhuma. Acho que a Fátima Bernardes e Pedro estão fazendo uma maravilha de programa. O programa das sapatinhas casando foi uma maravilha. Está tudo novo. Os autores há três anos estavam lutando para botar um beijo gay na novela. Então é uma revolução na televisão brasileira, na cabeça das pessoas. Não quero fazer mais nada. Adoro representar. Aquele momento de fazer a cena é o meu grande tesão, sabia? É uma delícia!

Divulgação
Rezo para não ter mais nenhuma paixão porque a gente fica burra

, sobre estar solteira

Você vai ser homenageada no Festival de Gramado. O que achou da homenagem?
O Festival de Gramado já me deu muitas alegrias, já me deu kikitos, já me deu prêmio de melhor filme, já me deu momentos maravilhosos com amigos maravilhosos e agora está me dando o troféu Oscarito. A Fernanda Montenegro ganhou ano passado. E vou ganhar esse ano. Para mim é uma honra. Você não faz ideia do que seja o troféu Oscarito para mim. Estou encantada.

Nessa altura da sua carreira, você ainda tem vontade de fazer algum personagem?
Tenho vontade de fazer milhares de personagens. TV, cinema. Tenho um projeto no teatro de um musical. Estou sempre cheia de coisas na cabeça.

E a piadinha da Betty Faria? Você faria? Não, mas a Betty Faria.
[Risos] Está no dicionário gay. A expressão significa o seguinte: ‘quando passa um bofe, uma bicha pergunta para a outra, você faria? Não, mas a Betty Faria [risos]’. Sou cria das bichas. Como comecei na vida artística no balé e saí para o show, só vivi com bailarinos. Tive grandes amigos homossexuais que cuidaram de mim. Amigos preciosos na minha vida.

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