Guerra dos Sexos

"Agora sou a mãe da Paçoca", diz Marilu Bueno, a Olívia de "Guerra dos Sexos", sobre sua cadela

Carla Neves

Do UOL, no Rio

  • Ricardo Leal/UOL

    Marilu Bueno, a Olívia de "Guerra dos Sexos", abraça a cadela Paçoca durante passeio em Copacabana, na zona sul do Rio (5/11/2012)

    Marilu Bueno, a Olívia de "Guerra dos Sexos", abraça a cadela Paçoca durante passeio em Copacabana, na zona sul do Rio (5/11/2012)

Todos os dias, Marilu Bueno, a Olívia de “Guerra dos Sexos”, tem um programa sagrado. Logo pela manhã, antes mesmo de ir gravar a novela das sete da Globo, ela sai para passear com sua cadela Paçoca em Copacabana, na zona sul do Rio. De volta à emissora depois de três anos afastada, a atriz de 73 anos brinca que na vizinhança não é conhecida pelo papel na trama de Silvio de Abreu, mas por ser “a mãe da Paçoca”.  “Outro dia uma senhora me disse: ‘eu não tenho lhe visto. Inclusive, perguntei à minha amiga: você tem visto a mãe da Paçoca?’. Eu não existo mais”, contou Marilu, aos risos, em entrevista exclusiva ao UOL.

Durante o passeio com a cadela, Marilu - que também está no ar na novela "Da Cor do Pecado", no "Vale a Pena Ver de Novo", e na série infantil "Caça Talentos", no canal Viva - lembrou do dia em que a encontrou abandonada, em frente ao seu apartamento. E fez questão de declarar o amor que sente pelo animal. “Ela é a melhor amiga que eu tenho, é de uma meiguice!”, elogiou, contando que a primeira vez que viu Paçoca, há cinco anos, pensou que ela fosse uma ratazana. “Ela era muito pequena. Confundi com uma ratazana. Depois vi que ela era uma ‘basset-lata’. Mistura de basset com vira-lata”, afirmou ela, que não pensou duas vezes antes de levar a cadela para casa.

Marilu, que mora sozinha e não tem filhos, contou que Paçoca dorme com ela na cama. “Temos uma king size. Porque ela quer dormir colada comigo”, afirmou a atriz, acrescentando que, apesar de só se alimentar de ração, a cadela tem paixão por frutas. “Ela toma água de coco, come mamão, maçã, pêra, banana. E faz qualquer negócio por uma melancia”, disse, às gargalhadas. Quando vai para o Projac, complexo de estúdios da Globo na zona oeste do Rio, Marilu deixa Paçoca sozinha. Mas, segundo ela, a cadela fica muito bem. “Ela fica quietinha me esperando. Pega todos os brinquedos, leva para a porta, depois leva para a cama. A casa é dela. Mas quando viajo ela tem babá, uma pessoa que fica com ela dia e noite. Pago para ela não ficar sozinha”, revelou.

Leia abaixo a entrevista completa com Marilu Bueno:

UOL – Você é a única atriz que esteve na primeira versão de “Guerra dos Sexos”, em 1983, e agora no remake está interpretando o mesmo papel. Como surgiu o convite para reviver a Olívia?
Marilu Bueno –
O Silvio de Abreu [autor] me chamou e disse que me queria na novela. Tanto que ele me convidou dois anos antes de a trama estrear. Ele me disse que queria uma referência dos tios número 1. E nada melhor do que eu, que trabalhei com Fernanda [Montenegro] e com Paulo [Autran]. No remake, a Irene [Ravache] e o Tony [Ramos] teriam herdado todos os negócios, o castelo, a mansão e a Olívia. Nesta altura 30 anos mais velha, com 73 anos, que é a minha idade.

E como está sendo revisitar a mesma personagem 30 anos depois?
Olha, quando eu soube que o Silvio ia reescrever toda a novela, eu mesma fiz uma lavagem cerebral. Tem cenas que eu faço e penso: “eu não me lembro de ter feito isso na primeira versão. Eu não me lembro, vocês querem me matar?”. A Olívia é tão ágil que tenho até um dublê. Outro dia eu falei para ele: “meu filho, saia do estúdio. É terrível olhar para você”. É um dublê homem. Nós o chamamos de Marilu Monstro. Ele tem umas bochechas caídas, iguais as de um buldog. Nem se tivessem feito uma caricatura eu não seria tão feia quanto ele é. Me dá uma aflição ver aquilo! [risos].

Em que cenas ele entra?
Na verdade, até agora em nenhuma. Mas ele está lá. Vai que eu tenho que cair do armário? [risos]. É para você ver o nível das minhas cenas. O meu dublê não é uma mulher. É um homem. São cenas perigosas que eu faço.

Mas do que você se lembra da primeira versão?
Quase nada. Eu olho e penso: “mas quem fez esse personagem na primeira versão? E o remake também é completamente diferente da primeira versão. Outro dia a Olívia caiu e eu não me lembrava de ter feito essa cena na primeira versão. Acho que eles estão piorando. As cenas estão ficando cada vez mais perigosas [risos].

Como você se preparou para fazer essas cenas mais perigosas?
Emagreci e estou fazendo hidroginástica e pilates. Porque quando estava no primeiro mês de gravação, vi uma cena que gravei no primeiro dia. E quando eu gravei aquela cena em que a Olívia carregava os tacos de golfe, tinha uma cena em que as bolas da dona Charlô [Irene ravache] caíam e ela pedia à empregada para pegar. A primeira cena que eu fui pegar as bolas eu abaixei e falei: “se é que existe um Deus e esse Deus me protege, me levante agora porque eu não consigo!”. Aí eu tomei naquele momento a decisão de fazer ginástica. De lá para cá já perdi 10 quilos.

Como é a sua dieta?
Eu como de três em três horas. Não consigo encher o estômago e ir trabalhar. Na verdade, o que eu quero é ficar mais leve para o tipo de cena que eu tenho que fazer.

Como tem sido a repercussão da Olívia com o público?
Eu não posso sair na rua! Voltou todo esse carinho do qual eu sentia uma falta enorme. Antes as pessoas ficavam me olhando com aquele olhar: “eu conheço essa atriz de algum lugar”. Mas na minha rua, em Copacabana, eu continuo sendo a Marilu Bueno. Outro dia uma senhora me disse: “eu não tenho lhe visto. Inclusive, perguntei à minha amiga: você tem visto a mãe da Paçoca?”. Eu não existo mais. Agora eu sou a mãe da Paçoca. Eu estava sentindo falta desse carinho do público. Antes da novela só quem me acarinhava era a Paçoca.

Você sempre teve animais?
Sempre. A Paçoca entrou no quinto ano agora, mas vai viver 49. O outro cachorro que eu tinha antes, o Nada Consta, apareceu até no “Video Show”. É que eu peguei ele na rua pequenininho. Ele também foi abandonado. E brinquei com ele: “olhei para ele e disse: você é vira-lata, mas fui à delegacia e descobri que sua ficha é limpa, que nada consta”. E o nome dele ficou Nada Consta [risos]. Já a Paçoca também vi na rua, às seis horas da tarde. Pensei que era uma ratazana. Ela não tinha nem desmamado. E eu tinha jurado que não teria mais cachorro. Nada Consta tinha partido há dois anos e eu disse: “eu quero fechar a porta. Depois eu já estou velha, eu não quero morrer e deixar um animal. Meu espírito vai ficar vagando pela Siqueira Campos. Vai vir gente do Brasil todo para ver meu espírito”. Mas quando eu olhei para

Como está sendo contracenar com o Tony Ramos e a Irene Ravache?
Um prêmio. Conhecia os dois, mas nunca tinha trabalhado com eles. Irene é uma maravilha! Tony é outra maravilha! Estão sempre me dando força, perguntando se estou fazendo os exercícios físicos. São seres humanos maravilhosos. Além de serem os monstros talentosos que são, são uns amores.

Como foi refazer a famosa cena da guerra de comida no café da manhã?
Foi maravilhoso. Naquele tempo eu achei a cena perfeita e agora também achei. Cada um tem um jeito. Não tem nem como comparar.

Você acha que a Olívia de “Guerra dos Sexos” é o papel mais marcante da sua carreira?
Eu acho que foi a Augusta Costa Pinto, de “Dona Beija”, mulher do juiz. Mas era naquela época. Então não tinha o recurso de todo mundo ver. Hoje em dia a pessoa está com o celular na mão e a televisão ligada. Mas notei que da primeira vez foi um escândalo fazer a empregada. Porque as atrizes não faziam empregadas. Elas achavam que era uma ofensa. Quando soube que só tinha um papel de empregada e ninguém queria fazer, fiquei curiosíssima. E pensei: “qual o problema? Nem que ela fosse um ET”. Parece que seis ou sete atrizes já tinham recusado o papel. Aí cheguei e perguntei: “quem são os patrões dessa mulher?”. E me disseram: “Fernanda Montenegro e Paulo Autran”. Disse: “me leva lá”. No dia que eu declarei que a Olívia era engenheira agrônoma, encheu de imprensa. Porque ela era uma empregada, apesar de ser engenheira agrônoma. Hoje em dia já não é nada demais uma engenheira agrônoma ser empregada.

Depois da estreia você conversou com o Silvio de Abreu?
Ele sempre vai ao Projac. Teve um dia que ele desceu rindo e disse: “mulher, você pode ter envelhecido um pouquinho fisicamente, mas sua energia é a mesma. Estou adorando!”. Mal sabia ele que já estava no pilates e na hidroginástica [risos].

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