Saramandaia

Para Fernanda Montenegro, protestos reivindicam "essência do que o Brasil precisa"

Claudia Dias

Do UOL, no Rio

Para a atriz Fernanda Montenegro, 83, os protestos que mobilizam milhares de brasileiros na noite desta segunda-feira (17) são resultado de um momento de reivindicação política muito clara. "Não partidária, mas de reivindicação da essência do que o Brasil precisa: escola, saneamento, liberdade de expressão. Começou por causa de 20 centavos e, hoje, já se reivindica tudo que o brasileiro tem extrema necessidade e, até agora, por mais que já se tenha todo um atendimento às famílias mais carentes, com a bolsa-família, isso não foi atendido. O ser humano não vive só com isso [alimentação básica]. Há outras coisas que precisam ser vistas, principalmente educação e saúde", opinou, na abertura da exposição em homenagem ao remake de "Saramandaia" no MAR - Museu de Arte do Rio.

  • Felipe Panfili e Leo Marinho/AgNews

    O ator José Mayer, que vive o papel do político Zico, prestigia a abertura da exposição, acompanhado da filha, Julia Fajardo

A vernissage faz parte do lançamento da novela, que estreia na próxima segunda-feira (24), às 23h, e reuniu o elenco e a direção da Globo no museu na Praça Mauá, centro do Rio, na mesma área em que ocorreram os protestos e uma bomba explodiu próxima ao prédio da Alerj - Assembleia Legislativa do Rio.

"Saramandaia" foi exibida pela primeira vez em 1976, durante o regime militar, e ficou conhecida como uma obra de realismo fantástico, em que personagens têm asas, explodem e pegam fogo - metáforas utilizadas pelo autor Dias Gomes para escapar dos cortes da censura.

José Mayer, que interpreta um prefeito conservador na trama adaptada agora por Ricardo Linhares, fez um paralelo seu personagem e a política atual. "Seria bom que os políticos brasileiros dessem 'a pinta' que o Zico dá [no folhetim, o prefeito expele formigas pelo nariz em momentos de nervosismo]. Se os poderosos tivessem um sinal estranho que a gente identificasse logo que são corruptos".

O ator também vê uma "coincidência feliz" entre a estreia do remake e as manifestações recentes. "A novela expõe exatamente este contraponto entre o conservadorismo de direita - representado por meu personagem (Zico) - e os jovens, que são os saramandistas". Na novela, um plebiscito para a mudança de nome da cidade vira um embate entre os conservadores, que preferem Bole-Bole, e os progressistas, que defendem o nome Saramandaia. 

Sobre os jovens manifestantes, José Mayer acredita que pode resultar em uma expressão legítima. "Só lamento que alguns vândalos se aproveitem, mas a gente vai compreender e saber quem são os aproveitadores", afirmou o ator.

A exposição de "Saramandaia" ficará aberta ao público no MAR de 18 a 21 de junho e mostra os bastidores da produção, principalmente no que diz respeito aos efeitos especiais. Serão mostrados os bastidores da criação dos elementos fantásticos da novela, como a transformação em lobisomen de Aristóbulo (Gabriel Braga Nunes) e o segredo do sobrepeso da Dona Redonda (Vera Holtz).
 

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