"A gente não quer ser polêmico", diz Porchat em lançamento do livro "Porta dos Fundos"

Gisele Alquas

Do UOL, em São Paulo

Há um ano nascia o canal no Youtube que revolucionaria o humor no Brasil. Se os programas do gênero na TV estão desgastados, na internet eles se renovam. E é o que acontece com o Porta dos Fundos. Os vídeos já somam mais de 400 milhões de visualizações e o canal conta com 5 milhões de inscritos.

Nada mal para os criadores, que antes só pensavam em produzir esquetes para fazer rir. Hoje o Porta dos Fundos é uma das empresas que mais faturam através da internet no Brasil. E o fenômeno agora virou livro. O lançamento da obra homônima aconteceu na tarde desta terça-feira (7), em São Paulo com a presença dos roteiristas e atores Fábio Porchat, Antonio Tabet, João Vicente Castro, Gregório Duvivier e do diretor Ian SBF.

O livro reúne 37 roteiros das esquetes que podem ser vistas na internet. Cada roteiro vem com um código que, ao ser fotografado com o celular, encaminha direto para o vídeo. O prefácio é de Luis Fernando Veríssimo.

A fila para autógrafos era tão grande que nem mesmo os autores acreditaram. Em conversa com os jornalistas, Porchat tinha convicção de que os vídeos eram "bons e engraçados", mas não imaginava que se tornaria um sucesso tão grande, a ponto de virar um livro.

"Deu muito certo em pouco tempo. E tudo isso se deve a uma junção de cabeças pensantes, os atores, que na minha opinião é o melhor elenco do Brasil, produção profissional, qualidade e a periodicidade dos vídeos (inéditos publicados duas vezes por semana). É todo um conjunto", afirmou.

O ator prefere não rotular o tipo de humor que o Porta dos Fundos cria. Para ele, não existe "essa história de politicamente correto". "A gente não quer ser polêmico. Nosso humor é para ser 'divertido'. Se por acaso algum vídeo mexe com tema polêmico, as pessoas que enxergam. Nossas esquetes tratam de religião, término de namoro, uns têm palavrões, outros não. E nós rimos daquilo", ressaltou.

A Porta dos Fundos conta com 34 funcionários com carteiras assinadas, segundo Porchat. "Ainda bem que dá pra ganhar dinheiro só com vídeos na internet. É uma empresa que dá lucro, temos um prédio inteiro nosso e estamos conseguindo sustentar tudo isso".

Da internet para os cinemas

A Porta dos Fundos vai ganhar as telonas. Em outubro, o elenco começa a gravar o filme, previsto para estrear em 2014. "Será um longa metragem, com roteiro. Não vai ser nada de junção de esquetes. É uma comédia escrita por nós e vamos atuar", adiantou o ator.

Se os fãs esperavam ver a Porta dos Fundos na TV, vão ter que aguardar. Os humoristas ainda não têm planos para as telinhas. "A princípio não temos esse foco. Mas vamos fazer um seriado que será exibido no nosso próprio canal. No Porta não entra nada se não achamos graça. A gente tem que gostar e rir daquilo", complementou Fabio Porchat.

Respeito ao público

João Vicente Castro contou com o carinho da namorada, Sabrina Sato, que o cobriu de beijos ao chegar. O casal assumiu o romance em maio e, desde então, não se intimidam com o assédio dos fotógrafos.

Sobre o Porta dos Fundos, João Vicente disse que os criadores priorizam o respeito pelo público. "Fazemos tudo com muito carinho. Não falamos mentiras, não sacaneamos gays, nem negros. Sempre estaremos ao lado da minoria. Fazemos o que acreditamos", afirmou João Vicente, que complementou que adoraria ter a Sabrina no elenco do filme.

O nome Porta dos Fundos surgiu durante um jantar entre os roteiristas, que são amigos de longa data. Segundo Antonio Tabet, o popular Kibe Loco, eles brincavam de fazer mímica quando um dos criadores teria que imitar uma porta dos fundos. "Ele tirou o papel e estava escrito isso. Ninguém adivinhou. Depois numa reunião para escolher o nome, eu lembrei do episódio e soltei porta dos fundos. Na hora todos concordaram que aquele seria o nome", lembrou.

Para Tabet, as esquetes fazem sucesso porque "são realmente boas". "O roteiro é muito bom, os atores são excelentes, a direção impecável. É autêntico, com piadas do dia a dia. Todo mundo se identifica com alguma coisa que vê", frisou.

Apesar do humor ácido e criativo, o humorista ressaltou que o grupo não tem medo de censura. "Somos responsáveis, temos bom senso. Se alguém resolver processar a gente, vai perder", concluiu.

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