Um ano e meio depois de ser diagnosticada com câncer e passar por um tratamento para combater a doença, a atriz Betty Lago, de 58 anos, afirmou que aprendeu a ter paciência e a se preocupar com o que realmente vale a pena.

"Sou mais imediatista. Faço aqui, quero resultado ali. Com a doença, tinha que esperar até para começar o tratamento. Essa espera consome você por dentro. E me colocou em um ponto da minha vida em que meus valores são diferentes. A gente briga por tantas coisas desnecessárias. Fica tudo mais claro e simples. A vida é bem mais simples. Faz aqui, paga ali. Não paga aqui, paga ali", contou ela, que voltará à TV em "Pecado Mortal" – trama que estreia no próximo dia 25 na Record.

A atriz disse que aprendeu a ter menos compromisso com tudo. "A vida fica mais relax. Agora me preocupo mais com o que vale a pena. Estou amando vir fazer o meu trabalho. Isso me deixa feliz, porque é o que mais gosto de fazer", declarou.

Betty afirmou que não gosta de usar a palavra superar quando se trata de câncer. "Superar é uma palavra complicada. Tem que fazer muitos exames, tem que estar monitorando, é uma doença que você tem que estar sempre à beira de alguma novidade. Não gosto de usar a palavra superar porque nada é definitivo. A fase mais difícil foi superada. Agora depende muito dos exames e do meu comportamento, tanto espiritual quanto físico", explicou.

E confessou que nunca se perguntou 'por que eu?'. "Acho que essa é uma pergunta que não cabe porque somos todos seres humanos e estamos vulneráveis a qualquer coisa todos os dias. Se você pega uma gripe mais forte te derruba", exemplificou.

Ela afirmou que 2012 foi um ano difícil porque teve de parar de fazer tudo o que mais gosta. "Sou muito ativa, gosto de estar me movimentando. Realmente foi um exercício de paciência. Tudo é com o tempo. Toma o medicamento, espera. Passa mal, espera. Toma o medicamento, espera. Cai o cabelo, fica horrenda, espera. É complicado. Envolve a família toda, seus amigos, todas as pessoas. Na verdade, quando você trabalha com o público, envolve todas as pessoas que gostam de você", disse.

Betty contou o que fez para ficar mais calma nos momentos em que batia o desespero. "Ia muito no Frei Luiz [centro espírita kardecista, no Rio], me dava um acalanto. Também fui a algumas reuniões da igreja. Procurei todos os lugares que pudessem me dar uma luz porque você fica muito perdido. Não no sentido de se questionar 'por que eu?', mas no sentido de dizer assim: 'f...'", afirmou.

Ela lembrou que um dos piores momentos foi quando recebeu o diagnóstico dos médicos, logo depois de operar a vesícula. "Já estava animada, arrumando minhas coisas para ir para casa e o médico entrou e falou assim: 'olha, abrimos para tirar a sua vesícula e encontramos uma coisinha'. Eu tremi. Não consegui chorar. Meu corpo tremia. Estava sozinha porque meu filho tinha ido em casa buscar umas coisas", contou.

Betty também contou que pensou que não fosse se importar em perder os cabelos por causa da quimioterapia, mas não foi o que aconteceu.

"Pensei: vou tirar de letra. Não tirei! Porque fiquei com uma penugem, parecia um pintinho (risos). Fiquei muito magra, mas uma magra que não é saudável", afirmou, destacando a importância do filho, Bernardo, e do cachorro, o golden retriever Bruno, durante o seu tratamento.

"Meu filho foi fundamental. Ele se mudou para a minha casa. O Bruno também. Ele tem 12 anos e agora está cardíaco. Um cardíaco e outro com câncer fica difícil (risos)", brincou.