Fernanda Montenegro é a estrela da edição de outubro da revista "29HORAS". Aos 83 anos, a atriz declarou que sua rotina é o seu trabalho. "Não que eu não tenha vida [fora dele]. Os anos não tiraram meu trabalho, pelo contrário, me trouxeram mais", contou ela que acaba de finalizar a novela "Saramandaia". Fernanda ainda tem compromisso com o teatro, cinema e TV. Ela vai retomar a peça "Viver sem tempos mortos" [em que interpreta a filósofa feminista Simone de Beauvoir], fazer o filme do Domingos Oliveira, "No fundo do lago escuro", além de voltar às gravações de "Doce de mãe", seriado da Globo.

"É interessante, porque sou de família de gente que vive muito. Minha mãe morreu com 86 anos. Então a gente compreende o que é a velhice no seu já próximo adeus", completou Fernanda. Dona de si, ela comentou o beijo que deu na atriz Camila Amado em repúdio ao deputado Marco Feliciano. "O preconceito é uma luta diária pelos séculos afora", comentou. Mãe da também atriz Fernanda Torres e do cineasta Claudio Torres, "Fernandona", como é carinhosamente chamada, afirmou que nunca se incomodou dos filhos seguirem a carreira artística.

"Nunca tive nenhuma preocupação de caráter profissional para eles. Sinceramente, nunca me importei com que meus filhos pudessem fazer a partir de alguma pós-adolescência. Eles vieram para essa profissão porque quiseram, nunca os ajudamos em nada", disse ela. 

Indagada sobre a diferença entre a Arlete [seu nome de batismo] e a Fernanda dos palcos, a artista explicou que "Fernanda Montenegro é uma ilusão", "uma entidade pública" e chamou os preparadores de elenco de "adestradores profissionais".

"Eu olho um jovem ator na televisão e penso 'o que levou essa pessoa estar ali?'", se indagou. Avessa as cirurgias plásticas, ela relembrou ter feito parte de uma "geração de mulheres deslumbrantes" e contou que "nunca se achou bonita".

Quanto ao Oscar que concorreu com Meryl Streep pelo filme "Central do Brasil", Fernanda revelou: "Jamais imaginei que aquele boneco viesse pra mim".