Após antecipar saída do Brasil, Uma Thurman diz que quer voltar no Carnaval
Roseli Andrion
De Milão, na Itália
Quem não se lembra da apurada técnica de arte marcial de Beatriz Kiddo, em Kill Bill 1 e 2? A verdade é que quase esquecemos disso tudo quando Uma Thurman aparece na nossa frente, do alto dos seus 1m83, vestindo um belo vestido Versace vermelho de crepe de lã. Estrela do Calendário Campari 2014, que homenageia celebrações locais ao redor do mundo, a atriz recebeu a reportagem do UOL no exclusivo Hotel Bvlgari, em Milão, quase um mês depois de passar pelo Brasil e causar um mal estar por ter deixado o país antes do previsto.
Uma esteve em São Paulo no fim de outubro e partiu antes de seu compromisso com Karl Lagerfeld no lançamento da exposição 'The Little Black Jacket'. "Tive um problema com a viagem e precisei ir embora", explica. "Cheguei a São Paulo uma semana antes e adorei. Fiquei muito feliz de conseguir ir ao Brasil, porque fazia muito tempo mesmo que eu queria ir."
Ela garante que foi apenas um problema logístico, mas há quem diga que sua estada na cidade tenha sido, de fato, para se submeter a uma cirurgia plástica no abdômen. "Minha volta antecipada foi um mal entendido, um erro técnico. Não foi grande coisa, mentalmente ou emocionalmente. E eu adorei estar num país que há muito tempo eu queria visitar", enfatiza. "Quero tentar voltar ao Brasil no Carnaval, em fevereiro. Dedos cruzados!", brinca.
Filha de uma ex-modelo e de um ex-monge budista (que hoje é professor na Universidade de Columbia), a infância de Uma teve um componente inusitado: o Dalai Lama visitava sua casa. "É verdade, ele visitava", confirma ela. Uma, porém, optou por não seguir nenhuma religião. "Acho o budismo uma religião bonita, mas não o pratico. O que não significa que eu não seja espiritualizada."
Ela conta que sempre quis ser atriz. "E ainda continuo querendo!", reforça. Segundo ela, as oportunidades para servir de modelo, que surgem em decorrência de seu sucesso na carreira que escolheu, são um trabalho muito divertido que ela faz paralelamente. "Eu tenho 43 anos, não sou exatamente uma modelo", diz, modestamente. "Fazer um calendário era algo completamente novo para mim, por exemplo. Eu achei o conceito divertido e foi um prazer transformá-lo em realidade."
A última foto do calendário, a do mês de dezembro, é justamente a que homenageia uma celebração bem brasileira: o ritual de oferendas para Iemenjá durante o réveillon. É, também, a única foto em que a atriz está vestida de branco. Em todas as outras, a cor predominante é o vermelho, no mesmo tom da bebida que dá nome ao calendário.
A atriz se envolveu tanto com as celebrações que representou que diz, inclusive, que gostaria de participar da cerimônia no Brasil, onde costuma-se fazer oferendas à Iemanjá. "Tenho uma amiga brasileira que me explicou como a cerimônia é bonita, espiritual e purificadora. É uma bela forma de se livrar do que não serve mais para começar o ano novo. Eu adoraria participar da cerimônia: está em minha 'bucket list'."
Mãe solteira
Depois de quase dois anos de dedicação exclusiva à filha mais nova, Luna, de um ano de idade, e praticamente uma década afastada dos filmes para cuidar dos três filhos, Uma sente falta dos sets de filmagem. "Nos últimos dois anos, estive de licença-maternidade. Na verdade, nos últimos dez anos fiquei bem limitada em termos de fazer filmes na intensidade que eu costumava fazer. Meus filhos eram pequenos e eu sou mãe solteira. Nessa situação, é difícil fazer um filme, porque para fazê-lo bem feito é preciso estar imerso naquela história. O filme se torna uma parte grande da sua vida", conta.
A atriz agora se considera pronta para voltar às produções cinematográficas. "São coisas da vida, sabe? Trabalhos mais curtos, que me tiram de casa por menos tempo, acabaram preenchendo essa lacuna enquanto eu não podia dedicar à minha carreira o tempo que ela merece. Agora que tenho apenas uma bebê, que sempre viaja comigo, e os dois maiores já estão mais independentes, posso me dar essa volta ao trabalho de presente."
Ela fez, recentemente, uma participação no filme Nymphomaniac, de Lars Von Trier, e agora busca novos trabalhos. "Estou procurando meu próximo grande papel", revela. "É minha tarefa no momento."
Procura-se um diretor de curtas
Enquanto isso, Uma já tem um projeto rolando em parceria com Kevin Spacey e o Jameson Irish Whiskey: um concurso do qual participarão videomakers iniciantes de todo o mundo e que vai selecionar três profissionais para dirigirem Uma em seus curtas. "Estou super animada, mas um pouco intimidada porque ainda não sei como vai ser ou o que esperar. É interessante e assustador, mas é um desafio que me coloquei."