Filha adotiva rebate críticas após revelar que foi abusada por Woody Allen
Do UOL, em São Paulo
Dylan Farrow, que recentemente enviou uma carta ao The New York Times contando que era abusada sexualmente por seu pai adotivo, o cineasta Woody Allen, decidiu falar novamente após enfrentar duras críticas desde que decidiu contar a sua verdade. De acordo com o E! Online, as pessoas não acreditaram em suas afirmações.
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Filha adotiva acusa Woody Allen
"As pessoas estão dizendo que eu não estou realmente lembrando do que me lembro. As pessoas estão dizendo que minha 'mãe má' fez lavagem cerebral em mim porque se recusam a acreditar que meu pai doente e malvado nunca me molestaria. Essa é minha única arma. Não tenho dinheiro ou agentes ou limousines ou apartamentos caros em Manhattan. Tudo o que tenho é a verdade e é isso que divulgo", disse.
Farrow sabia que sua verdade poderia incomodar muitas pessoas. "Eu sabia que as pessoas estavam dizendo que eu era uma mentirosa e que isso fazia parte de alguma campanha de difamação", admitiu. "Porque vivemos nessa sociedade onde culpar a vítima e um comportamento indesculpável - esse tabu contra culpar alguém famoso as custas de suas vítimas - é aceitável e perdoável".
Dylan contou ainda que sua maior decepção foi com o seu irmão, Moses Farrow, que defendeu Woody em uma entrevista.
"Meu irmão quebrou meu coração. Moses se distanciou da família há muito tempo, mas eu sentia falta dele e o mantinha em meus pensamentos. Essa traição é incompreensível vindo dele. Ele me traiu da forma mais cruel que se possa imaginar, traiu minha família, traiu minha mãe, que o amou desde o primeiro dia. Sua traição foi tão baixa, jamais imaginei isso", disse decepcionada. "Minha intenção não é só contar isso, espero ajudar pelo menos alguém que já passou pela mesma situação, foi por isso que eu falei".
Relatório de 1993 concluiu que não houve abuso
Em 1993, poucos meses após o abuso de Dylan ter ocorrido, o time médico do Yale-New Haven Hospital que trabalhou no caso entregou à polícia um relatório no qual atestava que o abuso não teria ocorrido. Partes do documento foram obtidas pelo site Radar Online e divulgadas na última quinta-feira.
No relatório, os médicos relatam que, entre setembro e dezembro de 1992, fizeram 16 entrevistas com todos os envolvidos no caso. Eles falaram com Dylan nove vezes e a definiram como "controladora": "Dylan se mostrou uma criança de sete anos inteligente e verbal, cuja habilidade de contar histórias era muito elaborada e similar à fantasia, e que manifestava associações vagas em seu pensamento. Ela parecida confusa sobre o que contar aos entrevistadores e era muito controladora em relação ao que dizia".
Os entrevistadores também notaram que a menina era muito apegada à mãe e estava sofrendo por conta da separação dela e de Woody Allen. "Ele estava chateada pela perda de seu pai e de Soon-Yi e temia que o pai dela pudesse tirá-la dos cuidados de sua mãe. Ela se sentia muito protetora em relação à mãe e se preocupava com ela. Dylan era muito ligada à dor de sua mãe, que reforçou as perdas de Dylan e a visão negativa do pai dela", diz o relatório.
No documento, os médicos disseram ter trabalhado com três hipóteses: a de que Dylan tivesse de fato sido abusada por Woody Allen; a de que Dylan tivesse inventado as acusações por estar "emocionalmente vulnerável" em meio a "estresses familiares"; e a hipótese de que a menina houvesse sido influenciada pela mãe a fazer as acusações.
"Ainda que possamos concluir que Dylan não foi sexualmente abusada, nós não podemos ter certeza de que a segunda e a terceira hipóteses são verdadeiras. Nós acreditamos que é mais provável que uma combinação das duas formulações explique melhor as acusações de abuso sexual", afirmava o relatório.
A equipe ainda listou quatro razões que apoiavam suas conclusões: "1- Há inconsistências importantes nos depoimentos de Dylan em vídeo e nos depoimentos dela a nós; 2 – Ela parecia ter dificuldades sobre como contar sobre os toques [de Allen]; 3- Ela contou a história de uma forma excessivamente cuidadosa e controlada. Não havia espontaneidade nos depoimentos dela e um tom ensaiado era sugerido na maneira como ela falava; 4- As descrições dela dos detalhes sobre os supostos eventos eram incomuns e inconsistentes".