"Tem muitos Vinícius lá dentro", diz ator após deixar prisão

Do UOL, no Rio

  • Gabriel de Paiva/ Agência O Globo

    O ator Vinicius Romão deixou a Casa de Detenção Patrícia Acioli, em São Gonçalo

    O ator Vinicius Romão deixou a Casa de Detenção Patrícia Acioli, em São Gonçalo

Em entrevista à Rádio Globo após deixar a prisão, Vinícius Romão garantiu que perdoa a copeira Dalva Maria da Costa Dantas, que o acusou de assalto. Vinícius, que atuou na novela "Lado a Lado", da Globo, ficou detido por 17 dias na Casa de Detenção Patricia Acioli, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio.

"Ela cometeu um erro. Pode acontecer com qualquer pessoa. Eu perdoo ela. Que Deus a ilumine. Que tudo dê certo na vida dela", disse Vinícius. Mais magro e com os cabelos raspados, ele deixou o presídio nesta quarta-feira (26) pela manhã. Eles estava acompanhado do pai, Jair Romão, e do advogado Rubens Nogueira de Abreu.

A gente não pode ficar de braço cruzado, a gente tem que ir pra rua, se unir, porque tem muitos Vinicius lá dentro

sobre outros casos

Vinícius apenas acenou para os amigos - que fizeram vigília esperando sua libertação - e preferiu não falar com a imprensa. "Foram dias difíceis, precisei muito do apoio de todos vocês, dos meus amigos, dos meus familiares, Deus. Todo mundo lutou junto, ninguém ficou com o braço cruzado, todo mundo foi para a rua. Fiquei sabendo que lá onde aconteceu o incidente [no bairro do Méier] fizeram manifestação. Agora é só chegar em casa, rever meus amigos, ficar com a minha família e descansar", desabafou Vincíus.

O ator e psicólogo aproveitou para fazer um apelo: "O Direitos Humanos tem que ir lá [na Casa de Detenção] porque as condições são subumanas. A gente não pode ficar de braço cruzado, a gente tem que ir pra rua, se unir, porque tem muitos Vinicius lá dentro". E reclamou do tratamento dado pela polícia: "Meu depoimento foi feito atrás das grades, por não sei quem. Foi muito errado, não tive oportunidade de defesa e isso não existe"

Nas redes sociais, a prisão de Vinícius causou comoção. O deputado Jean Wyllys chegou a dizer que incidente foi um caso claro de racismo, no entanto, o pai do ator, preferiu negar a hipótese. Para Jair, Dalva estava sob forte estresse emocional e relatou que o assaltante possuía as mesmas características de seu filho; homem negro, com cabelo black power.

Sobre ter sido vítima de preconceito, Vinícius preferiu não afirmar, mas disse que se sente mais temeroso: "Agora com certeza vou ficar um tempo em casa com medo de acontecer alguma coisa. Quero voltar a minha vida normal. Neste meu trabalho [vendedor de loja], entrei de extra, fui o único negro entre 18 vendedores e fui efetivado, então, isso tem que acabar. Essa parada de racismo tem que acabar", completou.

Entenda o caso

Vinícius Romão foi acusado de supostamente ter roubado e agredido a copeira Dalva Maria da Costa Dantas no último dia 10, no Méier, zona norte carioca. O caso foi registrado na 25ª DP, no Engenho Novo e o ator foi encaminhado para a Casa de Detenção Patricia Acioli.

Mais tarde, em novo depoimento, Dalva afirmou que não tinha certeza quanto ao seu primeiro depoimento, o que levou o Tribunal de Justiça do Rio a expedir um alvará de soltura nesta semana.

"Ele já está com liberdade provisória concedida. O juiz acatou o pedido da defesa e, assim que o oficial de Justiça chegar, o Vinicius será solto", explicou Rubens Nogueira Abreu. O advogado afirmou que, por enquanto, Romão terá que obedecer leis sobre o status de liberdade provisória, mas depois do Carnaval ele será absolvido sumariamente.

 

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