Nelson Motta critica música oficial da Copa do Mundo: "É uma porcaria"

Marcela Ribeiro

Do UOL, no Rio

  • AgNews

    Nelson Motta é o autor do livro "Resenha Esportiva"

    Nelson Motta é o autor do livro "Resenha Esportiva"

Nelson Motta, 69 anos, carrega a experiência de ter sido o primeiro jornalista não esportivo a cobrir uma Copa do Mundo diariamente na década de 70. De lá pra cá, o também produtor musical, compositor e escritor já acompanhou sete Mundiais, duas Olimpíadas e resolveu compartilhar as experiências no livro "Resenha Esportiva", no qual narra os dramas, comédias e tragédias do evento pelo mundo afora.

Sobre a Copa no Brasil, Motta acredita que ela não deveria ter acontecido e critica a música oficial "We Are One (Ole Ola)", composta pelo rapper americano Pitbull e interpretada por ele, Claudia Leitte e Jennifer Lopez.

"Tenho certeza que essa música da Copa não vai emplacar, é uma porcaria. O que deve aparecer é alguma adaptação de um funk, uma paródia, é mais provável que seja alguma coisa por aí", disse ele, em conversa com o UOL no lançamento de seu livro no Rio de Janeiro nesta terça-feira (20).

Apesar de ter visto o Brasil ser campeão duas vezes, Nelson aponta as experiências inesquecíveis no Mundial em outros anos.

"Vi o Brasil ser tricampeão em 70 no México, assisti à Seleção em todos os jogos. Em 1994, eu morava nos Estados Unidos e vi as vitórias do Brasil. As copas que mais gostei foram em 1982 e 1998, na Espanha e na França, e o Brasil não ganhou.  A da Espanha foi no verão, o Brasil tinha um time espetacular, os brasileiros ficaram muito populares. E teve também a tragédia do Brasil ser eliminado pela Itália. Teve de tudo de intensidade máxima. Em 98, na França, foi por tudo, pelas cidades, Marselha, Paris, a cultura, a comida, a arte.  Foi tudo gostoso", lembra Motta, que acha que o Brasil não está preparado para o evento, que acontece a poucos dias.

"Achei um erro fazer a Copa no Brasil, mas agora é tarde, tem que aturar. Foi uma bravata irresponsável do Lula, sem avaliar as conseqüências daquilo, Sérgio Cabral, o maior oba-oba. Sem pensar no trabalho de fazer isso e os riscos. A Seleção Brasileira tem a vantagem da torcida e a desvantagem também pela pressão".

Além de apontar o erro, Motta demonstra preocupação com o despreparo do país para receber turistas e reclama dos preços abusivos, principalmente no Rio de Janeiro.

"O que mais temo é essa irresponsabilidade brasileira, os aeroportos, as rodoviárias, os táxis roubando os turistas, pivetes na rua. O estamos acostumados, que é praticamente "normal" para a gente e nenhum gringo aceita isso, essa exploração. Fico muito envergonhado, esses preços absurdos, parece um bando de hienas, todo mundo querendo tirar um pedaço".

Já sobre a Seleção, ele diz que os jogadores são bons, mas não enxerga craques como os que se destacaram no passado.

"Acho que o Brasil tem um time competitivo, não espero grandes brilhos, não tem um grande craque ou dois, como tinha o Bebeto e Romário, Socrátes, Zico,  Pelé. Neymar é muito jovem para carregar um time nas costas, não tem aqueles craques que desequilibram o jogo, tem bons jogadores, acostumados com o futebol da Europa", conclui.
 

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos