Zezé Motta relembra preconceito em "Corpo a Corpo" e diz ter ficado chocada
Do UOL, em São Paulo
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TV Globo/Reprodução
Zezé Motta relembra preconceito em "Corpo a Corpo", quando contracenava com Marcos Paulo
Durante o "Encontro com Fátima Bernardes" desta sexta-feira (29), Zezé Motta revelou ter sofrido bastante preconceito em 1984, quando interpretou o par romântico do ator Marcos Paulo, em "Corpo a Corpo". A atriz descreveu frases que teria lido em um jornal provenientes de leitores que acompanhavam a novela.
"Nossa...nós ficamos muito chocados. Porque fizeram uma enquete e saiu em um jornal e teve um homem que disse 'será que o Marcos Paulo está precisando tanto de dinheiro para passar por essa humilhação para beijar essa negra feia?' e outro 'se eu tivesse que beijar essa negra horrorosa eu chegaria em casa e lavaria a minha boca com água sanitária'", recordou a atriz. "Eu faço parte do Movimento negro contra a discriminação racial há quase 40 anos e [respiro fundo] a luta continua. Ainda temos este tipo de atitude racista", acrescentou.
Fátima Bernardes e outros artistas também criticaram veementemente atos racistas praticados contra o goleiro Aranha, do Santos, e uma jovem negra de Minas. Os dois fatos vieram a público num curto espaço de tempo, em menos de 24 horas. Aranha sofreu com xinagmentos de "macacos", vindos de alguns torcedores do Grêmio. Já Maria das Dores recebeu uma enxurrada de ofensas ao postar uma foto com o namorado branco em uma rede social.
"O falamento que a gente é vê é que o clube deve receber multa, mas acho que isso é muito pouco. Individulmente, uma pessoa que fez um ato desses tem que ser identificada e responder na Justiça. Se fosse uma briga física, a polícia não ia intervir. Por que numa situação dessas, também não há uma intervenção?", reclamou.
"Quando jogam rojão, logo se prontificam a identificar. Mas acho que esse tipo de xingamento, de ofensa, está no mesmo patamar. Só não frequentar estádio, desculpa, mas isso é pouco. Se o cara for racista no estádio, ele será em qualquer lugar. O estádio é só um detalhe", disse Felipe Titto ao defender punições severas.
Aranha decidiu não prestar queixa contra os torcedores. Já Maria das Dores, foi à delegacia de Muriaé (MG) e disse que o crime "não pode ficar impune". Ofender uma pessoa devido à cor, vale lembra, pode levar a pessoa a ser condenada por Injúria racial com pena de 1 ano a 3 anos de detenção.