É velado no Rio o corpo do humorista Jorge Loredo, o Zé Bonitinho
Marcela Ribeiro
Do UOL, no Rio de Janeiro
O corpo do humorista Jorge Loredo, morto aos 89 anos, foi velado até às 15h30 desta sexta-feira (27) no Rio de Janeiro. Sob aplausos, o caixão deixou a capela 1 do Memorial do Carmo, na zona portuária da capital, para a cremação. Ao final do velório, familiares e amigos oraram em memória do ator.
Entre as coroas de flores enviadas em homenagem a Loredo, uma delas carregava uma mensagem do ex-patrão: "Homenagem do Sr. Silvio Santos". A diretoria do SBT e o Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro também enviaram flores.
Carlos Alberto de Nóbrega, parceiro de muitos anos do ator no humorístico "A Praça é Nossa", do SBT, foi até o velório para se despedir do amigo. Com um beijo na testa de Loredo, ele fez sua despedida. "Foi um grande amigo, um grande colega. Ele imortalizou o personagem. Começamos juntos em 58. Era uma turma jovem, feliz."
Nóbrega contou que correu nesta quinta aos estúdios do SBT para fazer uma pequena homenagem. "A gente grava toda terça, mas o Ratinho abriu o programa dele para fazer. A própria vida dele é uma homenagem. A vida continua, outros comediantes virão."
Desde cedo no local, a viúva de Loredo, Terezinha, falou sobre as saudades do marido. "Agora vai ser difícil. A gente era muito companheiro. Neste momento eu perdi um marido, um namorado, meu grande amor... Ele tinha 89, mas agia como se tivesse 20. Ele vai ser o eterno Zé Bonitinho"
Terezinha ainda contou que o ator manteve o bom humor durante sua internação: "No hospital ele gostava de ver televisão até tarde. Assistia toda quinta-feira à 'Praça é Nossa'. Ele sabia que estava doente, mas a ficha dele não caía. Na cabecinha dele parecia que ele tinha 20 anos. Na terceira internação é que a fichinha dele começou a cair. A gente levou para tomar soro porque ele estava fraco, havia três dias sem comer. Aí aconteceu isso..."
Ricardo Loredo, um dos filhos do humorista, disse que sente muito orgulho do pai e contou que ele "lutou muito nesse final". "Ele era o cara que contava muita história e só transmitia felicidade. O céu está mais alegre. Juntou a 'Escolinha', 'A Praça é Nossa'... Estamos tristes, mas ele está fazendo bagunça e fumando o cigarrinho dele, que ele já tinha parado, lá no céu."
Muito emocionado, o outro filho, que também se chama Jorge, ressaltou que o pai se manteve firme durante o tempo que ficou doente. "Estava muito lúcido. Até o final ele botava o pé no chão no hospital e falava: vamos embora. O que sempre vou lembrar é do sorriso e o tom de voz forte", disse, chorando. "No final, ele precisou fazer uma traqueostomia e foi muito triste. Ele tinha uma voz marcante e não podia mais falar", completou.
Iran Lima, intérprete de seu Candinho Cansado na "Escolinha". "O Loredo era meu amigo desde 1957. Além de colega de profissão, era meu amigo pessoal. Fizemos muita farra juntos na juventude. Éramos boêmios", contou.
"O Loredo era uma pessoa séria, compenetrada, um excelente profissional, um bom advogado na área trabalhista e previdenciária. Só tenho elogios", afirmou o amigo.
O cantor Agnaldo Timóteo esteve no local e relembrou momentos marcantes de Jorge Loredo. "Desde a década de 60, sou um admirador, parceiro do Zé Bonitinho. Ele cumpriu bem o papel dele. Como telespectador sempre fui aficionado pelo personagem", disse. "Sou um menino de 78 anos, vários parceiros já foram e eu estou conversando com de Deus porque tenho uma filha de oito anos para criar", completou o músico.
O ator -- conhecido por sua trajetória na comédia e pelo personagem Zé Bonitinho -- morreu na manhã desta quinta-feira em decorrência de falência múltipla de órgãos. Ele estava internado desde 3 fevereiro no Hospital São Lucas, na zona sul carioca.
Trajetória no humor
Conhecido por personagens cômicos, principalmente o Zé Bonitinho, o ator fez sucesso com os esquetes do programa "A Praça É Nossa", no SBT. Jorge Loredo estava na ativa até 2 anos atrás, fazendo shows com o seu número humorístico.
Zé Bonitinho foi lembrado no desfile da União da Ilha no último Carnaval. O enredo falou sobre as várias formas de beleza e criticou o culto ao corpo.