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22/08/2007 - 23h39

Em 1997, todo mundo queria saber se Diana e Dodi Al-Fayed estavam namorando

IRINEU MACHADO
Editor-executivo do UOL News

"Se você encontrasse a princesa Diana, qual seria a primeira pergunta que faria a ela?". Respondi: "Eu perguntaria se ela está mesmo tendo um caso amoroso com Dodi Al-Fayed." A situação se deu em uma entrevista de seleção para trabalhar como correspondente da "Folha de S.Paulo " em Londres, em meados de 1997.

Reprodução

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Tablóide com Diana e Dodi na capa (jul.1997)


Podia não ser o fato mais importante do mundo, mas era o que todos queriam saber ou confirmar à época: a bela princesa, afinal, assumiria o suposto romance, um ano depois de oficializado o divórcio com o príncipe Charles?

Os tablóides britânicos disputavam "furos", qualquer novo rumor sobre a vida amorosa de Diana. Os paparazzi a seguiam onde quer que ela fosse. Uma foto dos dois juntos valeria "ouro" para esses fotógrafos.

Foi num acidente com um carro em alta velocidade, e supostamente para fugir do assédio dos paparazzi, que ocorreu a morte trágica da princesa, ao lado de Dodi, filho do milionário egípcio Mohammad Al-Fayed.

A morte de Diana foi uma notícia avassaladora. Chocou o mundo. E não foi apenas pelo fato de ela ser uma princesa. Mais que isso: ela era uma "princesa-celebridade". Quase uma popstar. Não era à toa que a curiosidade popular levasse os tablóides e a mídia em geral a sustentar tanto interesse por Lady Di. O casamento infeliz. O divórcio. Sua vida tinha exemplos de situações que podiam ter sido tiradas de fábulas, de roteiros de novelas e até da biografia de grandes líderes mundiais. Sem esquecer de toda a mística que sempre envolveu a monarquia britânica.

Ela era a princesa que viajava pelo mundo em causas humanitárias, abraçando vítimas de Aids e mutilados por minas terrestres. Imagens assim eram sempre permitidas. Sim, Diana também sabia usar a mesma mídia que não saía do seu pé.

Imprensa muda o enfoque
Morta, Diana mexeu com o comportamento das redações da imprensa britânica. Por um bom tempo, os tablóides passaram a pensar duas vezes antes de divulgar algum escândalo envolvendo os "royals".

Reuters

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A figura quase religiosa de Diana, ao lado de Madre Teresa de Calcutá (1997)


Os tablóides, que antes bisbilhotavam cada passo da princesa em busca de fofocas, rumores, indícios de romance, algum exemplo de mau comportamento ou coisa parecida, passaram a tratá-la após a morte quase como uma figura religiosa. Mãe exemplar, engajada em assuntos humanitários, quase uma típica princesa de conto de fadas. Diana continuou ganhando as manchetes por muito tempo.

Outra disputa nasceu mais tarde nos tablóides e nos jornais mais sérios: por furos jornalísticos na investigação sobre o acidente.

De novo, ingredientes típicos de roteiros de cinema, novela, contos de Sherlock Holmes. A morte foi um complô? O motorista dirigia bêbado? Diana estava grávida? A princesa pediu para o motorista correr mais para não ser fotografada?

O milionário Mohammad Al-Fayed, dono da luxuosa Harrods (megaloja de departamento), em Londres, e pai de Dodi, deu uma entrevista ao tablóide "The Mirror" colocando lenha na fogueira: disse que, para ele, a morte de Diana e seu filho "foi uma conspiração" de pessoas que não queriam ver os dois juntos. A versão acabou descartada pelas investigações, cujas conclusões foram pela tese de "mero acidente".

Ícone pop
Diana era mesmo um ícone. Semanas depois de sua morte, as lojas de apetrechos para turistas em Londres tiveram suas prateleiras invadidas por souvenires com sua imagem: xícaras, relógios, pulseiras, camisetas, colares, CDs, pôsteres.

Reprodução

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O correio britânico fez selos da "Princesa do Povo"


Uma música cantada por Elton John no funeral da princesa, "Candle in the Wind", foi lançada em CD single e com uma readaptação da música que o cantor fizera nos anos 70 para homenagear outra celebridade, Marilyn Monroe. O tributo do cantor à princesa rapidamente quebrou recordes de venda no Reino Unido e até hoje ostenta o título de single mais vendido no mundo, com quase 40 milhões de cópias.

Nos meses seguintes à morte, turistas se aglomeravam em frente ao palácio de Kensington, em Londres, para tirar fotos do local que serviu como residência de Diana.

A rainha Elizabeth 2ª disse que tirou lições da vida de Diana. A monarquia britânica buscou novos rumos pós-Diana. A tentativa era de se tornar mais próxima do povo. Reverter a imagem de distância que era antes cultivada.

Princesa pop, Diana, fã da new wave de Duran Duran nos anos 80, não viveu para ver que a onda "britpop" de Blur, Oasis e Pulp não iria muito longe. Cada um traçou o seu caminho. A fábula de Diana não teve final feliz.

Ela também não pôde conhecer a Inglaterra do político pop Tony Blair, que assumiu justamente em 1997, então o mais jovem premiê britânico desde 1812, aos 43 anos. Blair, o primeiro-ministro que chegou a posar para fotos empunhando guitarra e que assumia naquele ano simbolizando mudança, depois de 18 anos do seu Partido Trabalhista na oposição.

Epa, estamos falando de política? Melhor parar. Afinal, o mundo das celebridades tem mais ícones a serem noticiados, abordados, homenageados...

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