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16/09/2007 - 14h58

"Quando me perguntam se sou travesti, digo que sou homem, e dos mais dotados", brinca Elke Maravilha

do PopTevê

Divulgação

Elke no "Buzina do Chacrinha". Christiane Torloni também era jurada no dia (1979)

Elke no "Buzina do Chacrinha". Christiane Torloni também era jurada no dia (1979)

Não é por acaso que Maravilha se tornou o apelido perfeito para Elke. Nascida em Leningrado -atual São Petersburgo-, no dia 22 de fevereiro de 1945, a artista de voz sedutora e gargalhada contagiante tem uma história incomum.

Filha de um russo e de uma alemã, Elke se mudou com a família para o Brasil aos seis anos de idade, já que seu pai era perseguido político na União Soviética. Segundo ela, na época, havia três países que recebiam imigrantes: Nova Zelândia, Canadá e Brasil. "Aí meu pai escolheu o Brasil, graças a Deus. Ele dizia que era o país das infinitas possibilidades. E é, né?", argumenta, às gargalhadas.

No Brasil, Elke foi morar com a família em uma fazenda em Itabira, Minas Gerais. Ela conta que, na ocasião, seu pai foi advertido que o lugar tinha um "probleminha": só havia negros. "E meu pai disse: ótimo, viraremos negros, então!", recorda, aos risos. Em Minas Gerais, Elke trabalhou como bancária, tradutora e professora de idiomas -ela é fluente em oito línguas: português, russo, inglês, francês, alemão, espanhol, italiano e grego. "Cada língua que você fala é uma vida que você vive. É muito diferente amar e odiar em cada idioma. Porque a língua é o caminho da alma", filosofa.

Por incrível que pareça, a experiência de Elke como atriz de novelas é recente. Embora já tenha sido convidada para atuar em várias tramas da Globo, a artista confessa que o primeiro papel que a seduziu de verdade foi a Urânia, de "Luz do Sol", no ar na Record. "A minha vida depende de magia. Sem magia, não adianta o dinheiro", garante. A magia em questão tem a ver com um fato curioso. Pouco antes de ser convidada para interpretar a russa que tem uma iguana como animal de estimação, Elke havia comentado com um amigo que, certa vez, se apaixonou por uma iguana em um evento que participou em Blumenau, Santa Catarina. "Em seguida, me ligaram da Record dizendo que a personagem teria uma iguana. Na hora, pensei: se não aceitar isso, sou uma débil mental", diverte-se.

Como nunca soube o que queria ser quando crescesse -"até hoje não sei, confesso"-, não foi difícil para Elke seguir os conselhos do marido quando foi morar no Rio de Janeiro, em 1969. "Meu marido grego, o Alex, me incentivou a ser modelo. E me fez procurar o Guilherme Guimarães, que era o maior costureiro da época", conta. O incentivo não podia ter vindo em hora melhor. Até porque, a carreira de Elke começou com trabalhos para o estilista. Depois, ela também desfilou para Zuzu Angel, de quem se tornou grande amiga.

Na TV, Elke começou aos 27 anos, quando foi convidada para ser jurada no programa "Cassino do Chacrinha", em 1972 - ela chamava o apresentador, carinhosamente, de "painho". "Antes de ir ao Chacrinha, não tinha o costume de assistir a televisão. Só sabia que ele era um fenômeno de comunicação porque já tinha lido", entrega.

Com a morte do Velho Guerreiro, em 1988, Elke passou a compor o júri do "Show de Calouros", programa apresentado por Silvio Santos, extinto em 1992. No mesmo ano, ela comandou o talk-show "Elke", no SBT.

Paralelamente às atividades como jurada, Elke também participou de "A Volta de Beto Rockfeller", exibida em 1973 na TV Tupi, e da minissérie "Memórias de um Gigolô", dirigida por Walter Avancini e exibida na Globo em 1986.

Além disso, Elke sempre se dedicou ao cinema. Sua estréia na telona foi com a chanchada "Barão Otelo no Barato dos Milhões", dirigida por Miguel Borges. Ela ainda atuou em 21 outros filmes.

Por ter caído no gosto do público, até hoje Elke é muito abordada nas ruas. "Muita gente pensa que sou travesti. Quando me perguntam isso, respondo, brincando, que sou um homem sim. E dos mais bem dotados", conta ela, que está sendo homenageada com a mostra "Elke Quântica Maravilha" pela Caixa Cultural, em São Paulo, por seus 34 anos de carreira.

"Elke Quântica Maravilha"
Onde: Caixa Cultural, Edifício Sé (praça da Sé, 111 - tel.: 0/xx/11/3321-4400)
Quando: de 24 de agosto a 23 de setembro, de terça a domingo, das 9h às 21h
Quanto: gratuito

(por Carla Neves)

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