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15/04/2010 - 18h06

"Quero casar com a certeza do 'pra sempre'", diz Gustavo Leão

FÁBIA OLIVEIRA
Do UOL, no Rio

Divulgação

Gustavo Leão vai estar na próxima novela das sete da Globo

Gustavo Leão vai estar na próxima novela das sete da Globo

Gustavo Leão tem cara de bom moço. E não é só a cara. Prova disso é que, aos 23 anos, ainda é convidado para fazer a tal presença vip em bailes de debutantes. Nesta entrevista, o ator, que vai interpretar um homossexual no remake de "Ti Ti Ti", a próxima trama das sete da Globo, fala com espontaneidade de coisas simples da vida, como o amor. Namorando a estudante de medicina Marcela Scudeler há quatro meses, ele diz que ainda não pensa em subir no altar porque não quer passar pela experiência do divórcio. "Quero casar com a certeza do 'pra sempre'. Quero ser feliz para o resto da vida com uma mulher só", afirma.

O trabalho chegou cedo para Gustavo, que começou a batalhar pelo seu próprio dinheiro aos 15 anos, quando descobriu que sua cadela, Kika, tinha um problema na coluna e precisava de uma cadeira de rodas para se locomover. "Minha mãe não tinha dinheiro para comprar essa cadeira. Comecei entregando panfletos de políticos nas ruas. Depois, passei a entregar quentinhas. Ficava horas cortando tomates para colocar nas marmitas", lembra.

Sua chance na televisão só chegou anos mais tarde, com "Floribella", novela adolescente exibida pela Band em 2005. Gustavo derrotou cinco mil candidatos e conquistou o papel do surfista Guto. "Quando vi aquele monte de gente na fila, comecei a perder a esperança. E tinha mesmo gente mais talentosa do que eu lá", conta.

Hoje, prestes a começar a gravar sua quarta novela, Gustavo fala da carreira na Rede Globo, da juventude na Praia Grande, no litoral paulista, e do filme "Os Sonhos de um Sonhador - A História de Frank Aguiar", em que faz o protagonista.

UOL - Como surgiu o convite para viver o gay Osmar no remake de "Ti Ti Ti"?

Gustavo Leão - Nelsinho Fonseca [produtor de elenco da Globo] me ligou perguntando se eu queria fazer o personagem. Claro que aceitei por causa do desafio de viver um homossexual casado com alguém do mesmo sexo, em um país onde ainda existe preconceito contra os gays. É uma pena que a vida de Osmar é curta na trama. Ele morre em um acidente de carro nos primeiros capítulos e volta à novela somente em flashback.

Se tiver beijo gay, vou ficar feliz por quebrar barreiras

UOL - Osmar é casado com Julinho, personagem de André Arteche. Você acha que pode protagonizar o primeiro beijo gay da teledramaturgia brasileira?

Gustavo - Se tiver beijo gay, vou ficar feliz por quebrar barreiras. Seria bacana para a minha carreira. Mas, se não rolou com o personagem do Bruno Gagliasso em "América", que era uma novela das oito, acho que não vai ser em uma trama das sete que vai rolar. Nesta história, vamos trabalhar o conflito de Osmar, que tem um pai repressor, vivido por Leopoldo Pacheco, que não aceita o fato de ter um filho homossexual. Osmar é carinhoso com todos, mas se transforma em um leão na hora de enfrentar o pai. Meu personagem venera a mãe [papel de Giulia Gam] e não conta que é gay para ela com medo de decepcioná-la. Tenho certeza de que vários homossexuais passam pelo mesmo drama de consciência.

UOL - Você acabou de filmar "Os Sonhos de um Sonhador - A História de Frank Aguiar" e, cerca de um mês depois, vai fazer um papel na televisão que não tem nada a ver com seu personagem no filme. Não precisou de um tempo para desconstruir Frank e construir Osmar?

Gustavo - É a primeira vez que isso acontece comigo. Estou vivendo dois personagens completamente distintos quase simultaneamente. Até bem pouco tempo eu era um nordestino e agora vou ter que fazer um sotaque paulista. Acho maravilhosa essa possibilidade que a profissão de ator traz, de poder vivenciar mundos distintos em um curto espaço de tempo.

UOL - Como foi viver Frank Aguiar no cinema?

Gustavo - Foi uma lição de vida. Uma das cenas mais emocionantes para mim é a que o Frank está viajando e os instrumentos caem da caçamba do carro. Ele só percebe que perdeu tudo quando chega a um posto de gasolina para abastecer o carro. Desesperado, ele volta e encontra o violão e o teclado destruídos porque vários carros já passaram por cima. Nessa hora ele ajoelha, abraça o que sobrou do teclado e reza. Um homem, vendo a cena, fala para que ele desista de seus sonhos, mas Frank decide ir em frente.

UOL - Agora que você já conhece os bastidores do cinema e da televisão, qual dos dois veículos prefere?

Gustavo - Essa pergunta é muito difícil. É como perguntar se quero comer arroz com feijão ou fricassé de frango. Amo os dois. Vou para a minha quarta novela e estou aprendendo a arte da televisão. O cinema é sensacional, mas eu também estou engatinhando. Não dá para escolher.

UOL - Você começou na televisão fazendo o surfista Guto de "Floribella", na Band, em 2005. Para conseguir o papel, derrotou cinco mil candidatos. Como foi essa experiência?

Gustavo - Eu não sabia com quantas pessoas estava concorrendo. Só tive noção de que era muita gente para o mesmo papel quando vi a fila que ia enfrentar. Passei sete horas na fila e, na minha vez, a produtora me barrou porque eu tinha 17 anos e estava sem autorização dos meus pais para fazer o teste. Minha mãe estava viajando e decidi chamar uma moça que também estava na fila com o filho para assinar como minha responsável. Ela aceitou e assim eu consegui fazer o teste.

UOL - Sua estreia na Globo foi em "Paraíso Tropical", de Gilberto Braga, em 2007. Foi difícil começar na Globo em uma novela das oito?

Gustavo - Não vou negar que a Globo tem um peso maior. Os diretores pegam em cima, são muito mais críticos. Acho que estar em uma trama de Gilberto Braga foi o meu maior desafio. Trabalhei com grandes atores como Marcello Antony, Tony Ramos e Glória Pires. A Glória é, para mim, uma das maiores atrizes do Brasil. Tony Ramos é um cara que não chega atrasado a nenhuma gravação. Quando crescer, quero ser igual a ele [risos].

UOL - Você tem a maior cara de bom moço. As pessoas falam sobre isso com você nas ruas?

Gustavo - Falam sempre. Ainda hoje, as pessoas pedem para eu dar aquele sorriso do Mateus, de "Paraíso Tropical". Acho que o carinho que recebo nas ruas ainda tem a ver com a novela. Meu personagem era muito gente boa. Não são só as menininhas de 14 anos que me abordam. Quando eu faço baile de debutantes, as mães, as avós e até os homens vêm falar comigo. Eles pedem para tirar fotos. É muito bacana.

UOL - Você namora a estudante de medicina Marcela Scudeler há quatro meses. Pensa em se casar?

Gustavo - Sou apaixonado pela Marcela, mas não penso em me casar agora. Ela tem 18 anos, está no segundo ano de Medicina. Nossas famílias prezam muito o casamento. Quero casar com a certeza do 'pra sempre'. Quero ser feliz para o resto da vida com uma mulher só.

UOL - Como Marcela lida com o assédio de suas fãs? Ela é ciumenta?

Gustavo - Costumo dizer que encontrei um anjo na minha vida. É claro que rola um ciúme, mas eu também sou ciumento. Marcela é linda! E acho que ciúme sem estresse não faz mal à relação. Ela mora em São Paulo e eu, no Rio. Mesmo assim, a gente se esforça para se ver pelo menos nos finais de semana. Quando não dá para se encontrar, é compreensível. Normalmente acontece porque tenho compromissos profissionais fora do eixo Rio - São Paulo. Estamos juntos há quatro meses e nunca tivemos uma briga sequer.

UOL - Você disse que gosta de arroz e feijão e também de fricassé de frango. Você sabe cozinhar?

Gustavo - Cozinho bastante e esses dias estava conversando com a minha mãe que queria fazer faculdade de gastronomia no ano que vem. Comecei a cozinhar porque minha mãe trabalhava fora e eu e meu irmão [Alessandro, de 25 anos] tínhamos que nos virar. Uma vez, ela ficou uma semana fazendo um curso em outra cidade e deixou alguns pratos prontos. No dia em que ela voltava, resolvi me arriscar na cozinha fazendo uma lasanha. Tinha 12 anos e meu irmão, 14. Quando ela chegou de viagem, comeu a lasanha e adorou. O fricassé de frango é meu prato favorito e eu também sei fazer.

UOL - O trabalho entrou cedo na sua vida. Com 15 anos você já entregava panfletos nas ruas. Você decidiu ir à luta para ajudar nas despesas da casa?

Gustavo - Sim. Do pouco dinheiro que recebia, dava metade para ajudar nas despesas da casa e outra metade eu guardava para comprar uma cadeira de rodas para minha cadelinha Kika, que tinha um problema na coluna e as patinhas traseiras atrofiaram. Todo dia, quando chegava do trabalho, eu dava a medicação da Kika e ficava fazendo massagem nas patinhas dela para ver se melhorava. Ela ficou um mês sem andar. Um dia, a família estava reunida na sala e ela veio, andando com dificuldade. Foi emocionante. E acabou que não precisei comprar a cadeira de rodas para ela.

UOL - Você é apaixonado por futebol. Nunca pensou em seguir a carreira de jogador?

Gustavo - Pensei. Esse era o meu sonho de infância. Até os 14 anos era isso que eu queria para a minha vida. Gostava de jogar como goleiro. Mas aí depois eu comecei a surfar e abandonei um pouco o meu lado jogador. Mas o lado torcedor está intacto. Torço pelo Santos e não perco um jogo sequer. Tive o prazer de conhecer o Robinho, que me deu uma camiseta de presente. Guardo a camiseta com muito carinho e não deixo ninguém tocar nela.

UOL – Arrepende-se de ter largado o futebol?

Gustavo - Já me arrependi um dia. Mas a minha vida tomou um outro rumo. Estou em uma profissão que não tem nada a ver com bola, prancha ou gastronomia, mas que me faz muito feliz.


 

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