"Jacques Leclair mudou a minha vida", diz Alexandre Borges, que completa 45 anos nesta quarta

CARLA NEVES

Do UOL, no Rio

  • Divulgação/TV Globo

    Alexandre Borges em cena de "Ti-Ti-Ti" (nov/2010)

    Alexandre Borges em cena de "Ti-Ti-Ti" (nov/2010)

Nesta quarta (23), o ator Alexandre Borges completa 45 anos de idade. No ar como o divertido Jacques Leclair, de "Ti-Ti-Ti", ele aproveitou um intervalo de gravação da trama das sete da Globo e concedeu uma entrevista, por telefone, ao UOL. Além de fazer um balanço de sua carreira de ator –que completa 26 anos em maio–, o marido da atriz Júlia Lemmertz falou sobre paternidade, casamento e até a fama de galã. “Até hoje, começo um trabalho como se fosse o primeiro”, contou Alexandre, acrescentando que se considera outra pessoa depois de interpretar o exagerado estilista da novela de Maria Adelaide Amaral. “O Jacques Leclair mudou a minha vida, foi um presente de Deus. Depois dele, me sinto mais maduro, mais tranquilo em relação a minha profissão. Sou muito grato a Maria Adelaide Amaral”, confessa.
 
UOL – O que mudou do Alexandre Borges que saiu aos 19 anos de Santos para fazer teatro em São Paulo para o Alexandre Borges de hoje, protagonista da novela das sete da Globo?
Alexandre – Não mudou muito. Pelo menos no sentido de continuar querendo as mesmas coisas daquela época. A minha motivação sempre foi entender esse mistério que é a criação artística, o que é ser um ator, as coisas que você pode comunicar, a profundidade dos personagens. Esse mistério até hoje está dentro de mim. Até hoje, começo um trabalho como se fosse o primeiro. Continuo achando importante divertir, entreter, emocionar as pessoas. Quando fecho os olhos e me lembro subindo a serra de Santos na incerteza, sem saber o que seria de mim como ator, penso que valeu a pena. Essa profissão só me trouxe alegrias. Sempre tive a sorte de estar no lugar certo, na hora certa. Vejo tanta gente dedicada e talentosa que não teve a mesma chance que tive. Continuo com o mesmo frescor e a mesma vontade de desvendar cada vez mais esse mundo mágico da arte. A única diferença é que hoje estou mais maduro, já sou pai...
 

É lógico que às vezes vejo uma cena de beijo da Júlia [Lemmertz] e sinto um friozinho na barriga

Alexandre Borges, ator

UOL – Você fala com muito carinho do Miguel [filho de Alexandre com a atriz Júlia Lemmertz]. O que mudou na sua vida depois do nascimento dele, há 10 anos?
Alexandre – Tudo melhorou muito. Tudo se tornou amor incondicional. É um amor tão diferente, tão intenso e, ao mesmo tempo, sem cobranças. Saber que o Miguel é meu filho, mas também é o neto, o bisneto, o sobrinho, o cara que juntou características de tanta gente da família, não só minhas e da Júlia. Não tem preço a pureza, a alegria de você chegar em casa e os problemas desaparecerem quando você vê o seu filho.

UOL – Seu casamento com a Júlia [Lemmertz] é tido como exemplo no meio artístico, vocês estão juntos há quase 18 anos e já declararam publicamente o amor que sentem um pelo outro. Qual é o segredo dessa relação?
Alexandre – Sempre admirei muito a Júlia. Acompanho o trabalho dela desde que era adolescente. É um amor que vem junto com respeito, com uma torcida muito grande de um pelo outro. Perguntam muito como lido com o ciúme. É lógico que às vezes vejo uma cena de beijo da Júlia e sinto um friozinho na barriga. Mas torço tanto por ela e sei o quanto ela é tão querida por todos, que passa. É um pouco por aí. A Júlia é a mulher que meu deu meu filho lindo, minha enteada, a Luiza, enfim, é a mulher que sempre admirei.

UOL – Como você lida com a fama de galã?
Alexandre – Acaba sendo um estímulo para me cuidar [risos]. Tenho 45 anos, não sou mais um garoto. Quero envelhecer bem e, ao mesmo tempo, me manter saudável.

UOL – O que faz para manter a forma?
Alexandre – Pratico caratê. Me ajuda na concentração, no equilíbrio, na forma física. Mas, por causa das gravações da novela, dei uma parada. Já tinha praticado na adolescência e resolvi voltar a fazer. Achei uma turma muito legal, em Ipanema [zona sul do Rio], com médicos, professores, gente de várias profissões. É um ambiente muito diversificado. Serviu para me colocar em contato com outros meios, outras pessoas.

UOL – “Ti-Ti-Ti” está prestes a acabar, em março. Que balanço você faz da novela e, principalmente, do Jacques Leclair?
Alexandre – Estou muito feliz com a repercussão da novela e do Jacques. Ele mudou a minha vida, foi um presente de Deus. Depois dele, me sinto mais maduro, mais tranquilo em relação a minha profissão. Sou muito grato a Maria Adelaide Amaral [autora]. O Jaqcues apareceu num momento da minha carreira em que tinha acabado de fazer um personagem emocionalmente desgastante, que foi o Raul Cadore, de “Caminho das Índias”. “Ti-Ti-Ti” trouxe uma renovação para o meu emocional, para o meu humor, para o meu bem-estar. Criei o Jacques com muita delicadeza, cuidado, carinho e entrega ao Jorge Fernando [diretor]. Fui deixando o personagem me levar pela mão. Nunca imaginei que as pessoas fossem ter tanta empatia por ele e por mim. O Jacques agrada das crianças aos velhinhos. E isso é mérito de um trabalho de equipe. Em “Ti-Ti-Ti”, tive a real sensação do que é um trabalho de equipe bem feito.

UOL – O que você pretende fazer quando a novela terminar?
Alexandre – Vou dar uma descansada. Mas realmente ainda não parei par pensar nisso direito. O Jacques Leclair tem sido uma entrega muito grande. Não estou querendo misturar. Ainda tenho três semanas pela frente para gravar. Quero que as coisas aconteçam naturalmente. O que sei é que estou sentindo muita falta de fazer teatro. Quero muito fazer uma peça ainda este ano.

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