Com o tradicional humor britânico, festas e acampamento gigante são preparados para comemorar o casamento real

ILANA REHAVIA

Colaboração para o UOL, em Londres

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    O acampamento Camp Royale, no parque Clapham Common, no sul de Londres, terá capacidade para 10 mil pessoas

    O acampamento Camp Royale, no parque Clapham Common, no sul de Londres, terá capacidade para 10 mil pessoas

O Reino Unido se prepara para o aguardado dia do casamento do príncipe William com Kate Middleton, e não estamos falando apenas do polimento das pratarias do palácio de Buckingham, onde a rainha Elizabeth 2ª oferecerá uma recepção e o príncipe Charles será anfitrião de um jantar dançante.

A população também se prepara para o dia 29 de abril, uma sexta-feira que convenientemente foi decretada feriado nacional. Quem pensa em encarar a multidão no roteiro do cortejo nupcial entre a abadia de Westminster e o palácio planeja qual o melhor lugar para conseguir um vislumbre do casal passando de carruagem.

Festas –nas ruas, em bares ou mesmo em casa– são preparadas em todo o país.

E enquanto muita gente pretende vir para Londres acompanhar os festejos de perto, vários londrinos organizam passagens e pacotes para aproveitar o final de semana prolongado longe do agito.

‘Casamento Real’ virou data importante nas agendas e calendários do país.

Multidão
Com mais de um milhão de pessoas esperadas nas ruas e parques ao longo da rota do cortejo nupcial, as autoridades londrinas preveem dificuldades no trânsito e nos transportes.

  • Ilana Rehavia/UOL

    A comerciante Becky Turner

Mas estações de metrô lotadas e ruas congestionadas não parecem estar assustando gente como a comerciante Becky Turner, que vive na cidade de Berkshire, a cerca de 40 quilômetros da capital –a mesma onde cresceu Kate Middleton.

“Estou muito empolgada para o casamento e quero acompanhar tudo de perto, por isso estou me programando para ir a Londres”, conta ela.

A americana Susan Brandt, que se mudou para a capital britânica há poucas semanas, também pretende estar no meio da multidão. “Meu plano é assistir ao casamento junto com meus milhares de amigos”, brinca ela.

Nem mesmo a lotação nos hotéis londrinos –ou os altos preços para os poucos quartos que ainda restam– devem deter os mais empolgados.

Um enorme acampamento será montado no parque de Clapham Common, na zona sul da cidade. Com capacidade para cerca de 10 mil pessoas, e pelo razoável preço de 75 libras (cerca de 200 reais), o Camp Royale promete acomodação barata com clima de festival.

Nas ruas
No resto do país, as ruas também deverão ser palco de comemorações. As ‘street parties’, festas de rua, são uma tradição britânica em que vizinhos e amigos se reúnem para celebrar eventos que podem ir do fim de uma guerra ao jubileu de uma rainha.

  • Nathan Pask

    Modelos incorporam a princesa Diana e a rainha Elizabeth

Concursos de fantasia temáticos, pratos tradicionais da culinária britânica e distribuição de souvenires comemorativos são algumas das atrações programadas.

Mas se no casamento de Charles e Diana esse tipo de comemoração atraiu 10 milhões de pessoas, desta vez os números devem ser bem mais modestos. Até agora, as autoridades receberam quatro mil pedidos de fechamento de ruas para festas, 500 deles em Londres, segundo a Associação de Governo Local.

Alguns culpam as novas restrições para a realização de eventos do tipo, com a necessidade de seguros, licenças e autorizações. Outros, a apatia de muitos britânicos em relação ao casamento. A organização Streets Alive, que promove a convivência comunitária, prevê dois milhões de pessoas em festas desse tipo.

A notícia de que a primeira-dama Samantha Cameron resolveu dar uma festa na rua que abriga a residência oficial, Downing Street, pode ser o empurrão que faltava para que mais gente decida celebrar ao lado dos vizinhos.

No bar
Na prática, no entanto, é  nos pubs que acontece a verdadeira confraternização de bairro. Verdadeiras instituições britânicas, esses bares, cujo nome vem de “public house”, ou casa pública, planejam eventos especiais para marcar a data.

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    O bar e restaurante The Botanist

Nos pubs do grupo Renassaice, por exemplo, estão programando troca-trocas de cacarecos comemorativos desse e de outros eventos da monarquia. Os interessados em negociar uma xícara do jubileu de ouro da rainha Elizabeth 2ª por um pano de prato do casamento de Charles e Diana já sabem para onde ir.

Já no badalado bar The Botanist, frequentado pelos irmãos dos noivos, Pippa Middleton e príncipe Harry, o primeiro casal chamado William e Catherine a checar no dia 29 ganha comida e vinho de graça.

A boa notícia para quem pretende acompanhar o casório com uma pint de cerveja em temperatura quase ambiente --outra instituição britânica-- é que as rígidas leis que regem o horário de fechamento dos bares foram relaxadas especialmente para a ocasião. Os pubs poderão ficar abertos até a 1 da manhã sem precisar pedir autorização oficial. Pode parecer pouco, mas é suficiente para animar quem está acostumado a ir para casa às 11 da noite.

Irreverência
O famoso humor britânico também deverá estar presente nos eventos programados para celebrar o casamento real. "My Big Fat Royal Wedding" é o nome do mês de comemorações da loja de objetos de design Maiden, no leste de Londres (uma brincadeira com os títulos originais do filme "Casamento Grego" e de um programa de TV sobre os exagerados casamentos ciganos na Inglaterra).

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    Bule comemorativo do casamento de Charles e Diana

A loja resolveu comemorar o casamento errado, e encheu suas prateleiras com suvenires do casamento de Charles e Diana, além de lembranças inovadoras da união atual, como um livro de bonecas de papel de William e Kate. “Quero que seja um mês divertido, que faça as pessoas sorrirem. Vou abrir a loja no dia do casamento e acredito que todos deveriam se envolver na data, é uma ótima oportunidade de unir as pessoas”, diz o dono da Maiden e idealizador dos eventos, Noah Crutchfield.

Outro que vai trabalhar apesar do feriado é o vendedor de jornais David Smith. Normalmente baseado na entrada da estação de trem de Liverpool Street, ele será deslocado para os gramados do Hyde Park, onde distribuirá a edição comemorativa gratuita do jornal "Evening Standard".

O dia 29 promete ser movimentado ainda para os sósias de Kate e William representados pela agência Susan Scott Lookalikes. Contratados para festas, eventos corporativos, programas de TV e ensaios fotográficos, eles estão em alta demanda.

Atualmente, é possível contratar um príncipe ou uma futura princesa por algumas horas gastando 500 libras (cerca de 1,3 mil reais), mas o valor só deve aumentar com a proximidade do casamento.

“Os artistas que pesquisam seus personagens tendem a ser os melhores Williams e Kates porque não só se parecem com eles, mas também imitam seus sorrisos, maneirismos e até mesmo suas vozes”, conta a consultora de elenco da agência,  Helena Chard. “Em eventos realizados na rua é engraçado ver as expressões das pessoas que acreditam estar diante do casal de verdade. Nossos Willams e Kates acabam sendo seguidos pelas ruas e fotografados.”

Do contra

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    Caneca criada pelo grupo Republic, contra a monarquia

Na direção contrária está quem não liga a mínima para o casamento ou acha que a realeza como um todo deveria desaparecer. O grupo Republic, que faz campanha contra a monarquia, marcou uma festa de rua diferente no centro de Londres.

A "Festa de Rua Não do Casamento Real", como é chamada, se aproveitará da tradição com uma diferença: ao invés das bodas de William e Kate, celebrará a democracia e o poder do povo.

Para muita gente, no entanto, a tentação de viajar em um feriado prolongado no meio da primavera está sendo difícil de resistir. Na caravana de quem decidiu escapar das festividades está o estilista Jimmy Ho, de passagem comprada para passar o feriadão na França.

“Eu moro perto do palácio de Buckingham, onde acontecerá boa parte da movimentação, e fiquei dividido entre aproveitar o feriado para viajar e abraçar o espírito de celebração nacional”, conta Ho, que acabou não resistindo a uma viagem de barco pela costa francesa.

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