"Não gosto de pessoas que se pavoneiam na rua de fio dental", diz Ney Matogrosso

Santa Maria da Feira, 10 dez (Lusa): O cantor Ney Matogrosso garantiu que continua sendo "provocador e provocante" e defende que já fez mais, sozinho, pela liberdade sexual no Brasil do que os três milhões de participantes da Parada Gay de São Paulo.
  • AgNews

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Em entrevista à Agência Lusa em Santa Maria da Feira, onde, até domingo, é o convidado de honra do Festival de Cinema-Luso Brasileiro, o artista justificou, com essa perspectiva, o porquê de não se sentir culpado por ter recusado os diversos convites para participar da maior parada de orgulho gay do mundo.

"Não gosto de pessoas que se pavoneiam na rua de fio dental, se beijando em frente a crianças", explicou. "Sou um pouco contra estas demonstrações públicas e já fiz mais do que isso, sozinho".

Homossexual assumido e reconhecido como um dos artistas brasileiros que mais contribuiu para a liberdade de expressão sexual, Ney Matogrosso disse que "nunca é elegante alguém ficar se beijando diante de outras pessoas".

"Não há necessidade de se fazer isso em plena avenida", afirma. "Sou a favor das liberdades totais, mas com bom senso".

Para explicar sua posição, o artista cita outro episódio que vivenciou recentemente em São Paulo: "Passei por uma quantidade enorme de meninas de 14 e 15 anos que se beijavam na rua, de mãos dadas, totalmente à vontade. Por um lado, esta coragem de se abraçar em público é uma evolução. Por outro, aquilo foi excessivo e desnecessário".

Quanto à sua postura em palco, Ney Matogrosso procura agora "um equilíbrio" entre a carga sexual dos espetáculos que fazia com plumas e brilhos e a discrição que marca esta fase atual, na qual sobe ao palco em traje escuro, "mais sereno".

"Continuo a ter o meu lado provocador e provocante", garante o cantor. "Ser provocador tem a ver com a minha maneira de olhar o mundo. Eu não me conformo e vou contestando sempre aquilo com que não concordo. Ser provocante já é uma brincadeira sexual com a plateia. É olhar para ela como se fosse a pessoa sobre quem estou a cantar".

"Claro que isso tem sexo", acrescentou. "Não se pode falar de amor sem sexo, porque este não é um amor platônico".

"Também é verdade que a minha sexualidade neste momento é muito menos agressiva", admite o artista. "Mas está lá".

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