Ewan McGregor e Pierce Brosnan defendem Polanski ao apresentar seu novo filme

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    Kim Cattral e Ewan McGregor em cena do filme "The Ghost Writer" (11/11/2009)

    Kim Cattral e Ewan McGregor em cena do filme "The Ghost Writer" (11/11/2009)

O cineasta Roman Polanski continua em prisão domiciliar na Suíça, mas os atores Pierce Brosnan e Ewan McGregor, estrelas de seu último filme, "The Ghost Writer" - que estreia na próxima sexta-feira no Festival de Berlim -, saíram em sua defesa nesta quarta-feira, afirmando que ele é uma das "grandes lendas" do cinema.

"A estatura de Polanski como diretor de cinema é lendária", afirmou Ewan McGregor, falando em uma entrevista coletiva em Paris para apresentar o filme, um drama político que competirá pelo Urso de Ouro na 60ª edição da Berlinale (11 a 21 de fevereiro).

"Ele é uma grande lenda do cinema. E isso não é por acaso. Ele é um mestre, que coordena toda a equipe como jamais vi", acrescentou o ator, que encarna no filme o "ghost writer" que deve reescrever as memórias de um ex-primeiro-ministro britânico, inspirado veladamente em Tony Blair.

A produção, baseada no romance "The Ghost", do britânico Robert Harris, é uma das mais esperadas em Berlim, não apenas por causa do escândalo envolvendo Polanski, mas também pela dimensão política da história. O filme estava em etapa de pós-produção em setembro de 2009, quando o diretor foi preso na Suíça.

O cineasta tentou evitar sua extradição para os Estados Unidos, onde é acusado por ter mantido relações sexuais com uma jovem de 13 anos em 1977.

Brosnan, que no filme interpreta o ex-premiê Adam Lang, expressou também sua grande admiração por Polanski. "Ele tem tudo sob controle, e você quer dar o melhor de si mesmo. A tensão é sempre palpável. Você se sente vivo quando trabalha com ele", elogiou.

De acordo com os dois atores, Polanski - vencedor do Oscar em 2003 por "O Pianista" - ainda possui extraordinária energia física.

"Ele tem 76 anos, e pode filmar durante 22 horas seguidas", afirmou McGregor, contando que, no começo, assustou-se com o ritmo do diretor. "Pensei: quatro meses neste ritmo, será infernal", brincou.

"Sua energia é feroz", disse Brosnan, que deu vida ao agente 007 James Bond em vários filmes da saga.

Lembrando-se de seu primeiro encontro com Polanski, em um almoço, Brosnan disse que conversaram sobre a vida, sobre a família, e que quase não falaram sobre o filme, o primeiro thriller claramente político do autor de clásicos como "O bebê de Rosemary" e "Chinatown".

"Só perguntei a ele se eu iria interpretar Tony Blair, e ele me disse que não. E isso permitiu que eu construísse o personagem, sem precisar imitar Blair", relatou o ator irlandês, revelando seu lado político.

"O gesto político mais importante que fiz na vida foi adotar a cidadania americana. Diante das atrocidades que estavam acontecendo sob o governo de (George W.) Bush, eu queria ter uma voz", declarou o ator, que contracena no filme com Kim Cattrall ("Desperate Housewifes") e Olivia Williams.

Harris, autor do livro, também participou da entrevista. Ele sugeriu que, apesar dos paralelos com a figura de Blair, e com sua mulher, Chérie Blair, o tema de sua obra é o poder, e a maneira como se vive perto do poder.

"Neste caso, Lang é um personagem triste, patético, como quando (acusado de crimes de guerra) todos os lobos estão uivando na sua porta, e ele pergunta a sua mulher o que deve fazer", explicou.

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