O lado econômico do casamento de conto de fadas britânico

LONDRES, 19 Abr 2011 (AFP) -Os pubs estarão abarrotados, os súditos de Sua Majestade gastarão sem titubear, os turistas virão em massa, e as canecas-souvenir serão vendidas como pão quente. Entretanto, apesar dos ares de conto de fadas para a economia britânica, o casamento de William e Kate não será tão lucrativo como se espera.

A princípio, um casamento real é uma excelente notícia para uma economia necessitada, como a britânica. "Bilhões de obrigados, William!", escreveu o tabloide "The Sun" em novembro, agradecendo a bonança financeira que normalmente acompanha um evento como este.

A estimativa da consultoria Verdict, a mais otimista até agora, aposta em uma renda de 630 milhões de libras (1,03 bilhão de dólares) para o país em função da boda do filho mais velho do príncipe Charles.

Os principais beneficiários serão os pubs, que poderão permanecer abertos, excepcionalmente, por mais algumas horas, e os supermercados, que ganharão com os piqueniques e outras reuniões familiares para celebrar a união de William e Kate.

Os profissionais do turismo também esfregam as mãos: cerca de 600.000 turistas extras são esperados no final de abril em Londres, o suficiente para aumentar em 30% o número de reservas nos trens da Eurostar (que ligam o Reino Unido ao continente europeu pelo Canal da Mancha).

Os hotéis também registram bons números desde o anúncio do casamento.

O setor do comércio, por sua vez, concentra suas esperanças nas milhares de pequenas lojas de souvenires espalhadas pela capital britânica. O Centro de Pesquisas do Comércio Varejista, por exemplo, calcula que 3,5 milhões de canecas decoradas com a imagem do jovem casal devem ser compradas por turistas e entusiastas da monarquia de todo o mundo.

E até os pais de Kate Middleton, cuja empresa comercializa todo tipo de artigos para festas pela internet, lançaram uma nova linha de pratos de papelão ornados com escudos de armas para a ocasião.

E há as iniciativas criativas, como a da cervejaria Castle Rock, de Nottingham, que produzirá 70.000 garrafas de uma cerveja especial batizada de "Kiss Me Kate" ("Me beije, Kate").

Mas todas estas canecas de porcelana, pratos de papelão e garrafas de cerveja reunidas gerarão, no máximo, algumas milhões de libras (algo como 163 milhões de dólares), quantidade insuficiente para pôr em dia as contas de um país que tem pedido emprestado 100 vezes mais do que isto para fechar o mês.

Pior ainda, o casamento pode custar mais à economia do que aportará, por culpa do feriado decretado pelo governo no dia 29 de abril.

De acordo com um cálculo da patronal britânica, cada feriado causa um prejuízo de 6 bilhões de libras para a economia do país, e o 29 de abril terá um impacto especial, porque estará intercalado por dois outros dias de descanso.

A Federação da Pequena Empresa declarou-se "muito preocupada" com as consequências do evento para a produtividade.

Resta, entretanto, a possibilidade de que a festa histórica melhore o ânimo da nação - e, naturalmente, dos consumidores.

Mas a maioria dos especialistas não colocaria uma garrafa de champanhe na geladeira ainda.

"Na melhor das hipóteses, haverá um ligeiro efeito transitório. Mas os grandes acontecimentos da economia, como a disparada da inflação, têm muito mais impacto" no comportamento dos britânicos, afirma Howard Archer, analista da Global Insight.

Para Richard Lowe, da Barclays Capital, o impacto a longo prazo é o que realmente importa, e este deve ser bastante particular.

"Kate Middleton terá o mesmo efeito benéfico de Michelle Obama" sobre as grifes britânicas que aparecer vestindo, estima.

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