Morre Dennis Hopper, gênio diretor de "Sem Destino"


  • Mario Anzuoni/Reuters

    O ator Dennis Hopper é homenageado com a estrela da calçada da fama em Hollywood. Do lado esquerdo, sua filha Galen, e do lado direito, a neta Violet (26/3/2010)

    O ator Dennis Hopper é homenageado com a estrela da calçada da fama em Hollywood. Do lado esquerdo, sua filha Galen, e do lado direito, a neta Violet (26/3/2010)

Antonio Martín Guirado.

Los Angeles (EUA.), 29 mai (EFE).- O ator e diretor Dennis Hopper, que morreu hoje aos 74 anos por complicações derivadas de um câncer de próstata, será lembrado por ter dirigido e protagonizado "Sem Destino" (1969), um road-movie cult que foi exemplo de rebeldia e contracultura na época.

Seu talento marcou filmes como "Um Amigo Americano" (1977), "Apocalypse Now" (1979), "O Selvagem da Motocicleta" (1983), "Veludo Azul" (1986) e "Amor à Queima-Roupa" (1993).

Foi nomeado ao Oscar em duas ocasiões, nas categorias de melhor roteiro original, por "Sem Destino", e de melhor ator coadjuvante, por "Hoosiers".

Em 2002, recebeu o Prêmio Donostia, do Festival de Cinema de San Sebastián, que foi entregue por seu amigo e cineasta Julian Schnabel, que o definiu como "modelo de iconoclastia".

Hopper "transformou os Estados Unidos em Estados alterados", disse Schnabel, ao referir-se a "Sem Destino", um filme que causou um profundo impacto na sociedade de seu tempo "ao retratar seu espírito".

"Sem Destino" foi sua estreia como diretor, com o qual ganhou o prêmio de melhor filme para diretor estreante no Festival de Cannes.

"Como todos os artistas, quero enganar um pouco a morte e contribuir com algo para as gerações seguintes", afirmou o ator em 1997. E conseguiu.

Em "Sem Destino", dois homens de Los Angeles, interpretados por ele e por Peter Fonda, caem na estrada com suas Choppers rumo a Nova Orleans, enquanto descobrem a outra realidade dos EUA, um país que sonha com a liberdade ao ritmo de "Born to be Wild", de Steppenwolf, durante o pesadelo da Guerra do Vietnã.

A trilha sonora do filme, com temas como "I Wasn't Born to Follow", de The Byrds, ou "If Six Was Nine", de Jimmy Hendrix, é uma das mais famosas de todos os tempos.

Hopper atuou em diversos filmes e séries, como "Rebelde sem Causa" (1955) e "Giant" (1956), nos quais criou uma grande amizade com James Dean.

Depois de "Sem Destino", abraçou o cinema definitivamente, apesar de sua segunda obra como diretor, "The Last Movie" (1971), ter sido um fracasso, em parte devido a seus problemas com as drogas e o álcool.

"Na época bebia dois litros de rum por dia e um guardava um pouco comigo caso acabasse; tomava 28 cervejas por dia e cheirava três gramas de cocaína para manter-me de pé", disse o ator em 2001, depois de passar 18 anos sem provar uma gota de álcool.

Nos últimos tempos, Hopper, que além do cinema, passou a se dedicar à pintura e à fotografia, que vinha praticando desde o final dos anos 1960, foi objeto de importantes retrospectivas em museus em Amsterdã e em Viena e pediu o divórcio de sua esposa, Victoria Duffy, depois de 14 anos de casamento.

O casal teve uma filha juntos, Galen, hoje com seis anos. O ator tinha pedido custódia legal compartilhada.

Victoria era a quinta mulher de Hopper, embora seu casamento tenha durado muito mais tempo que os quatro anteriores do ator, que incluiu um de oito dias com Michelle Phillips.

Suas outras esposas foram Brooke Hayward, Daria Halprin e Katherine LaNasa, e teve um filho com cada uma.

O ator recebia tratamentos para o câncer desde outubro, através de um programa especial da Universidade do Sul da Califórnia (USC), em Los Angeles.

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