Defesa de Taylor diz que testemunho de Naomi Campbell tem "pouco valor"

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    A modelo Naomi Campbell em evento no MET em Nova York (3/5/2010)

    A modelo Naomi Campbell em evento no MET em Nova York (3/5/2010)

Haia, 31 mai (EFE).- A defesa do ex-presidente da Libéria Charles Taylor solicitou hoje aos juízes do Tribunal Internacional Especial para Serra Leoa (TESL) que rejeitem o testemunho da modelo Naomi Campbell, pois consideram que seu testemunho tem "pouco valor probatório" e pode ser obtido por terceiros.

A defesa de Taylor explicou estes argumentos em um documento apresentado aos magistrados, que responde à solicitação da Promotoria de chamar a modelo para depor acerca dos diamantes que supostamente recebeu de mãos do ex-presidente, que é julgado perante essa corte por crimes de guerra.

O documento argumenta, além disso, que a "única utilidade" do testemunho de Campbell é trazer "atenção midiática para o processo", mas não contribui para que o julgamento seja mais justo.

A defesa diz que os promotores não demonstraram a necessidade do testemunho da modelo, já que "nunca a entrevistaram sobre sua viagem à África do Sul em 1997", quando supostamente, durante um jantar organizado pelo então presidente do país, Nelson Mandela, recebeu de Taylor diamantes brutos como presente.

Os advogados mantêm que Campbell negou em várias entrevistas que recebeu as pedras preciosas e que a suspeita dos promotores se baseia nos testemunhos da atriz Mia Farrow, e da agente da modelo na época, Carole White, que também participaram do jantar.

Especificaram que, inclusive se a modelo chegasse a declarar que Taylor lhe presenteou com diamantes, esse testemunho "teria pouco valor probatório".

Para a Promotoria, o testemunho de Campbell "é necessário", pois há "evidências" de que ela recebeu diamantes brutos de Taylor em setembro de 1997.

Os fiscais ainda têm a possibilidade de replicar os argumentos da defesa, após o qual se espera a decisão dos juízes.

Taylor é julgado desde janeiro de 2008 em Haia por 11 acusações de crimes de guerra e contra a humanidade por sua implicação no conflito civil que assolou Serra Leoa entre 1991 e 2002 e que deixou 50 mil mortos.

A ação dos rebeldes da Frente Revolucionária Unida (RUF) nesse conflito foi financiada em parte pelos chamados "diamantes de sangue".

Segundo a promotoria do TESL, Taylor, que nega todas as acusações, participou ativamente no conflito através da entrega de armas ao RUF e a direção de suas operações, que buscavam tomar o controle das minas de diamantes de Serra Leoa.

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