Economia britânica busca no casamento real um estímulo frente à crise
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Clarence House/handout/Reuters
Capa do programa oficial do casamento do príncipe William e Kate Middleton, que será colocado à venda no dia do casamento real (19/4/2011)
Londres, 25 abr.- A economia britânica espera ansiosamente pelo casamento do príncipe William e Kate Middleton, apostando suas fichas no evento para arrecadar dinheiro e estimular o país que segue lutando para sair da pior crise dos últimos 50 anos.
Em uma sociedade mercantilista como a britânica, os cálculos sobre os custos e os benefícios do casamento começaram no minuto seguinte após William e Kate terem oficializado o noivado, em novembro do ano passado.
Contudo, ainda não se sabem os números exatos dos custos da cerimônia, nem da despesa que ficará a cargo do Estado para garantir a segurança da família real e das centenas de líderes estrangeiros convidados.
A visita do papa Bento XVI em setembro do ano passado custou 2 milhões de libras (2,26 milhões de euros) e, segundo o Ministério de Cultura, Comunicação e Esportes, a segurança particular, a infraestrutura midiática e os enfeites de rua representarão uma conta de 10 milhões de libras (11,3 milhões de euros).
Além disso, estima-se que os preparativos da cerimônia custarão 2 milhões de libras (2,26 milhões de euro) para a Abadia de Westminster - que pagará as despesas graças aos ingressos pagos pelos turistas e visitantes -, que ficará fechada por uma semana para a instalação das câmeras de televisão e de dispositivos de segurança.
No total, espera-se que 600 mil pessoas, entre elas britânicos e estrangeiros, viajem à capital britânica para assistir ao vivo ao casamento mais esperado dos últimos anos.
É inquestionável que o casamento veio como uma "benção" para o turismo do país, visitado anualmente por 33 milhões de pessoas, mas que quer aproveitar o enlace para valorizar a marca "Britain" no mundo. O calendário prevê boas perspectivas: após o casamento haverá o "Diamond Jubilee", a partir de fevereiro de 2012, para comemorar os 60 anos de reinado de Elizabeth II, e entre julho e agosto serão realizados os Jogos Olímpicos de Londres.
Com a economia britânica brigando para sair definitivamente da recessão - o Produto Interno Bruto caiu 0,5% no último trimestre de 2010 -, não se trata de um assunto irrelevante, em tempos nos quais o Reino Unido enfrenta as consequências do maior corte orçamentário desde a Segunda Guerra Mundial para combater o déficit.
A indústria turística gera anualmente 115 bilhões de libras (129.950 milhões de euros), mais de 10% do PIB, dos quais 4,6 bilhões de libras (5.198 milhões de euros) são procedentes de pontos turísticos e culturais relacionados à tradição deste país, o que em boa parte inclui o "turismo monárquico".
Há meses que o comércio de varejo, por exemplo, começou a vender pratos, xícaras e canetas com os retratos de príncipe William e Kate, o que acarretará uma melhora nos indicadores de consumo.
Aproveitando o dia festivo, haverá festas familiares e populares, incluindo as dos grupos antimonárquicos, e os pubs terão permissão para fechar duas horas mais tarde que o habitual, à 1h, na véspera e no dia do casamento.
Por sua vez, a Confederação Britânica de Indústrias (CBI), adverte que dias festivos extras, como o concedido para o casamento real, custam à economia 6 bilhões de libras (6,9 bilhões de euros) em termos de produtividade.
O Ministério de Empresas rebaixou esse impacto na produtividade em 2,9 bilhões de libras (3.270 milhões de euros).
Stephen Alambritis, da Federação de Pequenas e Médias Empresas, afirmou que entre abril e maio haverá três semanas com menor número de dias de trabalho, devido à Semana Santa, o casamento real e ao feriado de 1º de Maio. Com isso, segundo ele, a única forma de prever os números será fazer uma estimativa de acordo com a única referência confiável, que é a histórica.
O casamento do príncipe Charles e Diana custou ao Estado 30 milhões de libras em 1981. Traduzido para números atuais, este valor equivaleria a 75 milhões de libras (84,7 milhões de euros).
Naquela ocasião, o investimento valeu a pena, porque representou um impulso ao setor de varejo de 680 milhões de libras, o que em valores atuais representaria 1,7 bilhão de libras (1.920 milhões de euros).