Com Kate Middleton se dilui sangue azul dos Windsor
Londres, 28 abr.- Com o casamento desta sexta-feira entre o príncipe William da Inglaterra e Kate Middleton, uma moça de classe média como parece indicar seu próprio sobrenome paterno, se dilui o sangue azul dos Windsor.
Até este casamento, um claro sinal de modernização da monarquia britânica que segue o exemplo de outras europeias, e desde James II, no século XVII, todos os monarcas ingleses casaram-se com descendentes de outros reis ou ao menos com filhos de aristocratas do próprio país.
Era a prática habitual das casas reais europeias, levada a extremos pela longeva rainha Vitória, casada com o príncipe de origem germânica Alberto de Saxe-Coburgo-Gotha.
Vitória, que teve quatro filhos homens e cinco mulheres, se tornou graças a sua hábil política de casamentos na avó da maioria dos modernos reis europeus.
Seus descendentes ocuparam ou ocupam os tronos da Prússia, Grécia, Romênia, Rússia, Noruega, Suécia e Espanha.
O sobrenome real de Saxe-Coburgo-Gotha foi mudado por George V pelo britânico "Windsor", em 1917 para não ferir os sentimentos antigermânicos de seus súditos na Primeira Guerra Mundial.
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Veja o percurso que o casal real fará por Londres após o casamento
Seu sucessor, Eduardo VIII, com fama de playboy, foi rei somente de janeiro a dezembro de 1936, já que abdicou aos 11 meses de reinado para casar-se com a divorciada americana Wallis Simpson e ser substituído por seu irmão George VI, pai da atual soberana e a cuja gagueira foi retratada no filme "O Discurso do Rei", o grande vencedor do Oscar 2011.
A esposa de George VI, carinhosamente conhecida pelo povo britânico como a Rainha Mãe, era também de sangue azul: filha do 14º conde de Strathmore e Kinghorne.
Diana, a falecida esposa do atual herdeiro do trono, Charles, e mãe de William, pertencia à aristocracia britânica, era filha do oitavo conde de Spencer.
Essa tradição de casamentos só com pessoas do chamado sangue azul está sendo quebrada por William, segundo na linha de sucessão ao trono britânico.
Os pais de Kate são dois funcionários de uma companhia aérea, a mãe foi aeromoça, quem é reconhecida pelo seu grande espírito empreendedor ao ter ficado milionária com uma pequena empresa dedicada à venda de artigos para festas populares, algo que em uma sociedade tão clássica como a britânica motivou em um princípio comentários depreciativos em determinados círculos aristocráticos.
É certo também que os pais de Kate zelaram para que a filha estudasse em boas escolas e finalmente entrasse para a Universidade escocesa de St Andrews, onde ela conheceu William.
Como lembra o historiador Andrew Roberts, após a trágica morte de Diana de Gales, em agosto de 1997, a família real, que tinha parecido afastada de sentimentos populares, encarregou um grupo de assessores que estudasse as diferentes formas para modernizar a instituição sem perder sua "mística" que explica a longa sobrevivência.
Entre as opções estudadas está a de acabar com algo tão feudal como é o direito do primogênito masculino, o que está atualmente em discussão devido, principalmente, às pressões dos liberal-democratas, membro minoritário da coalizão com os conservadores.
Alguns falam em esperar para ver se o primeiro filho do casal será menino ou menina, caso seja menina aumentariam as pressões para dar esse novo passo com a emancipação da mulher em todas as ordens.
O que se observa no tratamento pela imprensa britânica do romance entre William e Kate é um tom mais amável do que a feroz perseguição à qual submeteram os tablóides a Diana de Gales, após o rompimento com Charles.
Fontes próximas ao palácio citadas pela própria imprensa britânica indicam que William nunca perdoou os tablóides e por isso o príncipe faz de tudo para evitar os "paparazzi".
A mudança mais importante é que os próprios periódicos decidiram se autorregular e muitas vezes não publicam certas fotos que atentem à privacidade do casal.