Diane Keaton exalta amor por Woody Allen e Al Pacino em autobiografia

Alicia García de Francisco.

  • AP

    A Atriz Diane Keaton (7/11/10)


Madri, 30 nov (EFE).- Diane Keaton possui uma imagem de mulher independente, que pouco se importa em ser contrariada. Em sua autobiografia, intitulada "Then Again: A Memoir", a atriz demonstra isso, além de reconhecer que ainda sonha com Woody Allen e que queria ter casado com Al Pacino, mesmo preferindo os beijos de Jack Nicholson.

A obra revela uma mulher que sofreu bulimia durante anos - "nenhuma das minhas insensatas incursões no mundo da beleza podia se comparar com a fascinação que a comida exercia sobre mim" - e teve uma carreira irregular, seja como mãe adotiva depois dos 50 anos ou restauradora ocasional, entre tantas outras coisas mais.

Misturando suas lembranças com os diários de sua mãe, Dorothy - falecida em 2008, após lutar contra o Alzheimer -, a inesquecível protagonista de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977) escreve uma sensível e realista autobiografia, demonstrando seu pouco interesse em pertencer ao mundo das estrelas de Hollywood.

Através do livro, pode-se entender a complexidade da personalidade de uma atriz insegura, uma mulher de pegar em armas, que sempre viveu um mundo de tempestades, mas sem deixar de buscar a felicidade.

Em "Then Again: A Memoir", Diane conta com delicadeza os retalhos de sua vida, os filmes que mais marcaram sua trajetória, seus grandes amores e sua família.

Após uma primeira parte centrada em sua infância, o livro se torna mais interessante com a mudança de uma jovem Diane (Hall) da ensolarada Califórnia para a cosmopolita Nova York.

"Não me recordo do momento em que entrei no avião, que me levou a 3 mil milhas de casa, quando tinha apenas 19 anos", conta ela, que se mostra feliz ao afirmar: "Nova York era meu destino".

Foi lá onde mudou seu nome. Ao iniciar sua carreira de atriz, já havia uma Diane Hall. Assim, ela decidiu usar o sobrenome Keaton. "Deixar de ser eu mesma me gerou certa perplexidade", reconhece.

A partir desse momento, Diane começou sua carreira e, pouco tempo depois, já estava trabalhando com Woody Allen na peça teatral "Play It Again, Sam" - levada ao cinema pelo título em português "Sonho de Um Sedutor". "Durante os ensaios, me apaixonei pelo Allen do roteiro, mas também por Woody".

"Formávamos um casal curioso, do tipo mais reservado", relata. O romance acabou já em 1975, o que não a impediu de manter uma excelente relação com o diretor.

"Sinto saudades de Woody. Ele se estremeceria se soubesse o quanto gosto dele. Sou bastante direta para não tocar nesse assunto. Sei que poderia soar grotesco meu afeto por ele. Mas, o que vou fazer? Ainda o amo", declara a atriz.

Embora lembre com muito carinho o ator Warren Beatty - "Me chamou a atenção desde o primeiro momento em que o vi (...) Levantei a cabeça e vi meu homem ideal em pessoa" -, a atriz dedica muito mais espaço para Al Pacino, que conheceu durante as filmagens da primeira parte de "O Poderoso Chefão" e viveu uma longa relação.

"Estou bastante segura de que, para Al Pacino, eu era só uma amiga para se conversar. Apesar de gostar de ouvi-lo, eu queria mais, muito mais. Toneladas. Queria que ele me quisesse tanto como eu a ele".

Apesar da vontade, Diane não conseguiu. "Enquanto rodávamos 'O Poderoso Chefão 3', em Roma, eu cheguei a intimá-lo: 'Casa comigo ou pelo menos leva em consideração essa possibilidade'".

Ela é minuciosa neste aspecto, mas sua biografia não fala só de amores. Também há espaço para seus filmes, como: "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", que mudou sua vida, e "Reds (1981)", uma dura experiência.

O favorito, sem dúvida, foi "Alguém Tem Que Ceder (2003)", que é lembrado como "a oportunidade que Nancy (Meyers, a diretora), me deu para beijar Jack (Nicholson), uma parte dos lucros", ironiza a atriz em suas memórias.

"Sempre será meu filme preferido, não só porque foi algo inesperado aos 54 anos, mas também porque me proporcionou a maravilhosa sensação de estar com duas pessoas extraordinárias, que me deram dois presentes e um beijo".

Uma vida tão dedicada ao cinema como a própria família é um dos motes da biografia, que aborda com carinho seus pais e irmãos, além dos dois filhos, Dexter e Duke.

Em 1995, com quase 50 anos, Diane Keaton decidiu se tornar mãe. Seis anos depois, ela adotou seu segundo filho, uma experiência que marcou sua vida, dividida entre a alegria proporcionada pelos filhos e o sofrimento pelo envelhecimento de sua mãe, Dorothy Deanne.

Diane relata a doença da mãe com grande delicadeza, carinho e respeito, criando uma espécie de diálogo com ela, apesar de Dorothy ter morrido em 2008. "Desejo apresentar minha vida junto à sua para, como escreveu, chegar a um ponto em que eu comece a me ver de um modo mais compreensivo". EFE

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