Promotores podem encerrar participação no julgamento do médico de Michael Jackson nesta quinta-feira

Da Redação

Os promotores do julgamento de Conrad Murray devem encerrar sua participação no caso nesta quinta-feira (20), quando sua última testemunha --o especialista em propofol Steven Shafer-- termina seu depoimento. Os advogados de Murray enfrentam o desafio de convencer os jurados de que Michael Jackson era um paciente desesperado e tomou propofol por conta própria enquanto o médico não estava por perto.

No começo do julgamento, o advogado de defesa Ed Chernoff disse que iria usar a "poderosa ciência" para defender o médico das acusações. A aposta deles está concentrada no testemunho do anestesiologista Paul White, de Dallas. O depoimento dele será confrontado com o de Shafer, que deu testemunho sem cobrar taxa "em nome da reputação dos médicos" e para provar que o propofol é seguro quando usado apropriadamente.

Em seu depoimento hoje (19), o anestesiologista, que também é professor da Universidade de Columbia, disse que sempre que vai para a sala de operação é perguntado se irá dar "a droga que matou Michael Jackson". "Esse é um medo que as pessoas não precisam ter. Propofol é um ótimo remédio", diz.

A pedido da promotoria, ele analisou o que foi feito para ressuscitar Jackson e disse que houve violação "escandalosa" dos procedimentos médicos por conta da falta de equipamentos básicos e avançados de monitoramento e ressuscitação do cantor, bem como houve falta de alguém que monitorasse o artista de forma apropriada, anotando suas condições ao longo do tempo.

"A violação fundamental é a de que o paciente vem em primeiro lugar; omitindo esses cuidados básicos, Murray se colocou em primeiro lugar", disse Shafer. Ele mostrou um vídeo com o procedimento padrão a ser seguido quando um paciente é sedado com propofol --o paciente deve assinar um termo em que diz estar ciente dos efeitos da medicação, e deve estar cercado de equipamentos de monitoramento e ressuscitação.

Antes de o vídeo ser exibido, o advogado Chernoff tentou impedir a exibição do material, que chamou de "uma dramatização terrível". O vídeo também mostrava a simulação de um paciente sofrendo de parada respiratória e sua ressuscitação. Em resposta, o juiz Michael Pastor disse, irônico: "Pensei que o que estamos fazendo era isso [uma dramatização]".

Segundo informações do USA Today, os pais de Jackson, Katherine e Joe, e irmãos do cantor também estiveram na sessão de hoje. Para especialistas, o maior obstáculo para a defesa é o depoimento dado por Murray a dois policiais logo depois da morte do cantor, ocorrida em 25 de junho de 2009. Foi nessa ocasião que ele contou que dava propofol ao cantor. "Não era uma investigação de homicídio até ele falar com a polícia", diz o advogado Tom Mesereau, que defendeu Jackson de abuso de menor em 2005.

Segundo o legista Christopher Rogers, era improvável que um Michael Jackson "grogue" tomasse propofol e morresse nos dois minutos em que Murray foi ao banheiro. A professora da Loyola University Law School Laurie Levenson também tem essa opinião: "O maior desafio é convencer o júri de que Jackson estava consciente o bastante para pegar outro frasco de propofol e usá-lo".

A estratégia que a defesa de Murray vinha adotando desde o início do julgamento caiu por terra quando seus advogados tiveram que desistir da hipótese de que o artista havia ingerido muito propofol por via oral. A defesa aceitou um estudo que comprovava que o anestésico não seria letal se fosse, de fato, tomado por via oral.

O julgamento continua nesta quinta-feira (20). Se for condenado, Murray pode pegar até quatro anos de prisão e ter sua licença de médico cassada.

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