Com quase 40 anos de profissão, dezenas de prêmios e três livros publicados, o jornalista Cláudio Barcelos de Barcellos, o Caco, de 61, ainda deseja uma conquista: não cair no vazio da morte. “Tenho problemas com a morte. Eu não aceito. Acho um absurdo esse fim. Desaparecer... Não me conformo. A vida acaba, no fundo, ficando meio sem sentido”, afirma ele em entrevista à revista "Rolling Stone Brasil" de dezembro.

A revelação, aliás, diz muito sobre Caco, que diz pensar muito na morte e nas histórias daqueles que não têm muito com o que contar. “Até hoje, quando assisto a uma luta de boxe, MMA, torço para quem está perdendo. Se ele consegue virar o jogo, passo a torcer pelo outro. Não sei o que rola. Eu mudo de lado. Eu fico sofrendo pra caramba”, explica.

Desde 2008 à frente do “Profissão Repórter”, da Globo, o gaúcho leva semanalmente seu ponto de vista sobre diversas histórias ao programa, em que exibe três lados de um mesmo tema. “Eu me acho um privilegiado. Hiperfeliz. Um sortudão. As coisas deram certo. Nada planejado, mas... Viver também é assim, né?”, afirma.

Casado e pai de três filhos, Caco conta que vive uma rotina de quem não tem hora para voltar para casa. “Só não fico tenso porque gosto muito do que faço. Estou trabalhando e me divertindo muito”, diz ele, reafirmando contar com a compreensão da família.

Criado em uma família católica, Caco conta que quando era criança chegou a ser coroinha na igreja e ensinar latim. Apesar da formação cristã, ele convive com o componente da vingança em sua vida. “Acho que no jornalismo sou mais vingativo. Não de maneira personalizada. Mas, se tem uma injustiça na minha frente, eu não consigo dormir com ela. Tenho que fazer alguma coisa contra essa injustiça”, afirma.