Joaquim Lopes evita ver Paolla Oliveira em cenas quentes em novela

Ana Cora Lima
Do UOL, no Rio
Ricardo Leal
Joaquim Lopes comemora sucesso na novela "Sangue bom" e conta que é uma pessoa tímida

O sorriso largo e o brilho nos olhos são sinais de que Joaquim Lopes está de bem com a vida. Aos 33 anos, o ator é um dos destaques da novela "Sangue Bom", no papel de um paulistano típico da zona norte com sotaque carregado e cheio de gíria. Lucindo é mais um personagem na linha cômica - o segundo consecutivo – na carreira do ator, formado pela Escola Superior de Artes Célia Helena, em São Paulo, onde descobriu a sua verdadeira vocação graças à persistência da mãe.

Desde 2009, Joaquim vive com a atriz Paolla Oliveira, a protagonista de "Amor à vida". Os dois se conheceram durante as filmagens do filme "Uma Professora Muito Maluquinha". No mesmo ano, chegou a se casar no civil e no religioso com a atriz Thaís Fersoza, atual namorada do sertanejo Michel Teló,  poucos meses antes de assumir o relacionamento com Paolla. Sem contar como o caso de amor começou, o ator confirma que eles são mais que namorados. "Marido e mulher. Moramos juntos há quatro anos".

Joaquim diz que não vê as cenas, digamos, mais quentes da atriz com os galãs Juliano Cazarré e Malvino Salvador no folhetim das nove. Entende que faz parte da profissão dos dois, mas assistir é um pouco demais para a sua cabeça, povoada de planos e sonhos. Ser pai é um deles, mas o ator não pensa em ter um filho agora. Ele está focado na carreira. "Que venham mais trabalhos", pede o filho mais novo de seu Antonio e D. Laura Helena, que seria chefe de cozinha tamanha a sua habilidade com o forno e fogão.

UOL: Um mês no ar da novela "Sangue bom" e o seu personagem Lucindo está sendo bastante elogiado, rolou uma empatia imediata com o público. O que você está achando tudo isso?
Joaquim Lopes: Eu não poderia estar mais feliz. Até brinco com isso: a gente ganha para ser divertir, para estar com pessoas queridas. Esse personagem foi um presente. É meio clichê, mas é verdade. Outro dia estava conversando com a Marisa Orth sobre isso: O que é fazer comédia? Como fazer um personagem engraçado sem ser sem graça? É muito bom, divertido. O Lucindo é um personagem solar, mas ele tem também a responsabilidade de levar a alegria para as pessoas. A gente sabe que tem pessoas com vários problemas, passando por várias coisas e que param para assistir a novela, para dar risada e esquecerem seus problemas. Tenho muita satisfação de fazer isso.

E o Josué de "Morde assopra", sua última novela, também era um personagem mais cômico...
(interrompendo): Sim, sim. O Josué era cômico, mas era outra linha. Ele era rústico, do interior, meio tímido e ai que estava a graça. Veio o Áureo, de André Gonçalves, bagunçou com ele.

Mas em novelas de outras emissoras você fez papéis mais dramáticos. Você acha que está enveredando para a comédia?
Eu tenho 13 anos de carreira e nos dez primeiros anos da minha carreira foi basicamente de teatro, com 90% dos personagens dramáticos, densos. Fiz teatro experimental, expressionismo alemão, processos de um ano, um tipo de processo que leva um ano, um trabalho vertical mesmo e de aprofundamento interessante para os personagens. Só que na televisão, os personagens que mais apareceram para mim foram cômicos. Não acho que eu estou enveredando por esse caminho. São circunstâncias. Como ator, a gente tem pegar o personagem e fazer da melhor maneira possível.

Falta um vilão?
Oh!!! Adoraria fazer um vilão! Maravilhoso. Eu estou sempre querendo novos desafios e quanto mais distante da nossa realidade, mais interessante, desafiador. O engraçado é que atualmente existe essa onda das pessoas torcerem mais para os vilões do que para os mocinhos. Eu acho que o vilão tem esse apelo de ser mais livre e espontâneo. Ele vive as coisas, não é muito quadrado. Agora tem essa coisa de um tom meio engraçado, mas eu  fico pensando no Leo, do Gabriel Braga Nunes, de "Insensato coração". Ele era o capeta e todo mundo gostava dele.  O vilão ganha o telespectador quando o ator fizer um bom trabalho, independente se a conduta [na ficção] é certa ou errada.

Você sempre sonhou em ser ator?
Minha família é toda de médicos. Pai (Antônio), irmão mais velho (Antônio Filho) e tios. Eu prestei vestibular para medicina, passei, mas o meu irmão já estava no quarto ano e eu comecei a ver que eu não ia aguentar o tranco da medicina (rs). Na verdade, o meu irmão é super carinhoso com os pacientes, mas o médico precisa ter um certo distanciamento, uma certa frieza que eu senti na época que não teria e ai comecei a perceber que aquilo não era para mim. Entrei na fase da dúvida, incerteza e como eu sempre fui agitado, a minha mãe (Laura Helena) teve a ideia de que eu deveria fazer teatro: "Você está louca!! Vou fazer teatro? Nem pensar. Vou ser médico ou então publicitário", disse para ela que me escreveu na Escola Superior de Artes Célia Helena sem eu saber. No dia da prova, eu não fui. Ela ficou brava e não desistiu. Me escreveu de novo e até me levou para fazer o teste. Fiz  contra a vontade. É aquela coisa: mãe é mãe, né? Tem aquela percepção que ninguém sabe explicar. Passei e realmente mudou a minha vida.

Meu desafio de vida: conseguir viver o momento aqui e agora sem me preocupar tanto com o amanhã

sobre a sua personalidade

Mas quando vc sentiu que estava no caminho certo?
Eu estava no terceiro período, o curso no Célia Helena tem seis períodos e nos dois primeiros períodos eu já tinha me apaixonado por aquele mundo, mas eu ainda estava meio perdido. Ainda não sentia que estava no meu lugar e era como se eu estivesse esperando alguma coisa que me despertasse. E aí eu tive uma aula com o diretor Marcelo Lazzaratto e ele fez um discurso muito interessante sobre talento e vocação. Talento é uma coisa que você nasce, tem ou não tem. É simples assim! Só que de nada adianta o seu talento se você não tiver vocação para aquilo. O ator tem que ter prazer na parte chata da profissão que é decorar textos, a espera pelas gravações, a falta de trabalho, as incertezas etc. Isso para ele era vocação. O discurso na hora fez muito sentido para mim e aí eu descobri que tinha vocação para ser ator.


Qual é primeira novela que vem na sua cabeça?
"Que Rei Sou Eu"? Foi em 89, eu tinha álbum e tudo. Não perdia um capítulo, amava aquela novela, aquela coisa de corte. Também lembro de "Top Model". Tinha Malu Mader, fazia a Maria Eduarda, o Nuno Leal Maia como Gaspar, aquele pai garotão.

Você tem algum hobby?
Eu adoro ler. Leio tudo e no momento estou lendo "As Mil e uma noites". A história da rainha Sherazade. É um livro que foi escrito há três mil anos e ele foi recolhido por fragmentos. Não era um livro que estava ponto! Pegaram poemas que foram escritos das histórias das mil e uma noites e, se você pegar esse livro e ler, vai ver que tem uma relevância maravilhosa, a forma como foi escrito tão rico que parece que você está vendo as imagens no lugar das palavras. Ninguém me indicou. Eu peguei o livro em uma prateleira na livraria e decidi ler. Eu faço isso. Chego na livraria, ando, ando, olhando e ai de repente tem um livro que me chama atenção. É assim, um processo intuitivo  e se for um livro que eu nunca pensei em ler ou um ator que eu nunca li e ai que eu me interesso. Eu gosto do acaso. Uma vez me falaram que o livro que escolhe a pessoa  e eu peguei isso para a vida.

Livro é um bom presente para dar para o Joaquim?
Com certeza, com certeza. Gosto de tudo, romances, biografias, livros didáticos. No começo do ano, eu li uns sete livros do Osho. Me interessei por essa coisa do ensinamento dele, da filosofia espiritual, oriental, da yoga, tudo muito rico esse universo. A gente, no ocidente, não tem tanto costume de falar sobre isso como os orientais, que encaram  de uma forma mais natural. Também gosto de livros de fotografia e de gastronomia, é claro.

Se eu pedisse para você fazer um prato para mim, que você faria? Qual seria o cardápio?
Um salmão no forno com alho poró, com um purê de batata rústico com lascas de trufas negras. Está bom para você!! Comi esses dias e ficou bom para caramba.

Uma última pergunta, antes de você começar a cozinhar para mim: já tem planos para depois de "Sangue bom"?
Estou lendo um texto teatral para o segundo semestre. Não posso falar ainda porque ainda está muito cru o projeto. Assim que a novela terminar, quero umas férias curtas porque é sempre bom dar uma renovada e esperar novos desafios. Que venham mais trabalhos.