Osmar Prado diz que não deixou de andar de moto durante quimio
Carla Neves
Do UOL, no Rio
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Claudio Andrade/Foto Rio News
Ator será o poderoso coronel Epaminondas em "Meu Pedacinho de Chão"
Após enfrentar um carcinoma grau três de amígdalas, o ator Osmar Prado, de 66 anos, contou que não mudou absolutamente nada em sua rotina durante o tratamento contra o câncer. Inclusive não deixou de andar de motocicleta, uma de suas grandes paixões.
"Para andar de moto é preciso que você esteja com seus mecanismos de reflexo em perfeito estado de uso. Eu não parei porque o tratamento não me impediu de fazê-lo. O meu estado atlético e a minha resistência física e psicológica me permitiram continuar andando. Por quê? Por que eu sou maluco? Não. Porque eu tinha condições de andar. A grande vantagem, segundo os médicos, foi a minha disciplina atlética. Eu sempre trabalhei o meu corpo. Eu não fumo, eu não bebo, eu durmo cedo. Tenho, eu diria, uma vida careta. Mas essa vida careta que me deu base para suportar esse processo", contou ele, que será o poderoso coronel Epaminondas em "Meu Pedacinho de Chão", novela que substituirá "Joia Rara" no horário das seis da Globo.
Osmar relembrou o dia em que foi diagnosticado com o tumor e contou que seu pai teve o mesmo problema. "Mas no caso dele foi ruim porque não havia a tecnologia que tem hoje. Ele tomou cobalto, perdeu glândula salivar, sofreu muito. Mas depois viveu mais 18 anos e morreu com 83 anos, de falência de órgãos", disse.
O ator contou que durante o tratamento chegou a pesar 53 quilos. Hoje, porém, retomou seu peso normal, que é por volta dos 60 quilos. "Fisicamente estou muito bem. Deu tudo certo, fiz 30 radioterapias e três quimioterapias. Uma semana e meia depois de eu ter terminado o tratamento eu gravei estúdio de 'Amores Roubados' e imediatamente eu comecei o processo de trabalho de 'Meu Pedacinho de Chão'", lembrou.
Durante o processo, ele só passou por um momento incômodo. "O médico diz que eu passei pelo processo com nota 9,5. O meio é a questão do paladar. A quimio e a rádio tiraram meu paladar. Para recuperar leva uns quatro meses. Então quando você come alguma coisa com o paladar em decorrência desse tipo de tratamento parece que você está comendo um pedaço de durepoxi", afirmou.
Questionado sobre que conselho daria para quem está passando pelo mesmo problema que ele, Osmar foi otimista. "Olhar no olho da tragédia e dominar a tragédia, Oduvaldo Vianna Filho. Se ele aparece, você tem que encarar. O Vianinha, por exemplo, morreu com 38 anos, com câncer de pulmão. E não parou de escrever. Quando me perguntaram se eu tinha medo de morrer, eu disse: 'não, não tenho medo de morrer. Eu tenho medo de sofrer'", afirmou.
Não tem coisa melhor do que você sentar com a pessoa que você gosta e tomar um café, tomar uma água, bater um papo, ouvir, olhar no olho.
O ator lamentou a correria dos tempos modernos e contou que com a doença passou a valorizar ainda mais o tempo.
"Hoje em dia é tudo muito corrido: você come rápido, fica só a gastrite. Você transa rápido, compra o carro rápido, vende rápido, não há vínculos. Não tem coisa melhor do que você sentar com a pessoa que você gosta e tomar um café, tomar uma água, bater um papo, ouvir, olhar no olho. Tempo não está valendo nada na nossa realidade. É só lucro, dinheiro, lucro, dinheiro...", opinou.