Aos 74 anos, morre no Rio o ator Claudio Marzo, vítima de um enfisema

Do UOL, no Rio
Divulgação/TV Globo
Claudio Marzo morreu aos 74 anos em decorrência de complicações de um enfisema pulmonar

O ator Claudio Marzo, conhecido por papéis como o Duda de "Irmãos Coragem" (1970), o coveiro Orestes de "Fera Ferida" e o José Leôncio de "Pantanal", morreu na manhã deste domingo (22), aos 74 anos, em decorrência de complicações de um enfisema pulmonar. Ele estava internado no CTI da Clínica São Vicente, na Gávea, desde o dia 4 de março. 

Segundo a assessoria de imprensa da Clínica São Vicente, Claudio Marzo faleceu às 5h40 e ao seu lado estava a filha Alexandra Marzo, fruto do seu casamento com a atriz Betty Faria. "Ela era a acompanhante do paciente nesta madrugada", contou a assessora. O ator deve ser velado no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, na segunda-feira. Segundo informações da administração, o horário ainda não foi definido, pois estão aguardando a chegada de Diogo, um dos filhos do ator, que está na Austrália.

Nos últimos meses, Cláudio Marzo teve diversas passagens pela clínica. Em fevereiro, ele foi internado com problemas respiratórios e pneumonia. Antes, em setembro de 2014,  passou 14 dias no hospital por causa de outra pneumonia. Em outubro, fez uma cirurgia do aparelho digestivo, e, em novembro, ele foi internado com um quadro de hemorragia digestiva e diverticulite.

Em conversa com o UOL, o dramaturgo e diretor Zé Celso relembrou o tempo em que dirigiu Claudio Marzo no Teatro Oficina e destacou o espírito de liderança do ator. "Ele tinha uma espécie de santidade, algo interiorizado. As pessoas gostavam muito dele, não era demagogo. Ele tinha uma visão irônica da vida. Não era um sujeito convencional".

A atriz Eva Wilma, parceira de Marzo na novela "A Indomada" (1997), destacou a cortesia e generosidade do amigo. "Foi uma grande parceria. Ele era o marido da Maria Altiva, o Pedro Afonso. Lembro da primeira cena, quando descia da escada e dizia 'Pedro Afonso, stop!'. Nós tivemos cenas nas quais ele mostrou talento e generosidade -- e quanto era bom ator e uma grande pessoa. Foram inúmeros momentos de grande prazer, um parceiro tão talentoso e tão companheiro. Fica, aí, o nosso adeus e uma boa viagem a ele", concluiu Eva Wilma.

Já Regina Duarte, que formou par romântico com Claudio Marzo nas novelas "Irmãos Coragem" (1970), "Minha Doce Namorada" (1972) e "Carinhoso" (1973) , destacou que o ator foi uma "pessoa apaixonada pela vida, e que viveu intensamente".

Biografia

Cláudio Marzo nasceu em 26 de setembro de 1940, em uma família de operários descendentes de italianos de São Paulo. Abandonou os estudos aos 17 anos para seguir a carreira de ator, trabalhando como figurante na TV Paulista. Em seguida foi contratado pela TV Tupi e logo depois começou a atuar no grupo de teatro Oficina, com José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso.

Aos 25 anos assinou contrato com a Globo, integrando o primeiro grupo de atores contratados pela emissora, que foi fundada em abril de 1965. Sua estreia na televisão aconteceu na novela "A Moreninha", exibida naquele mesmo ano.

Atuou em diversas novelas globais, com destaque para "Irmãos Coragem" (1970), "Saramandaia" (1976), "Brilhante" (1981), "Fera Ferida" (1993) e "Mulheres Apaixonadas" (2003).

Fora da Globo, participou de "Kananga do Japão" (1989) e "Pantanal" (1990), na TV Manchete. Nesta última ele interpretou José Leôncio e o lendário Velho do Rio. Seu derradeiro trabalho na televisão foi na minissérie "Guerra e Paz" (2009), exibida pela Globo.

Marzo também teve uma carreira de sucesso no cinema, com participação em 35 longa-metragens. Atuou em filmes como "A Dama do Lotação" (1978), "Pra Frente, Brasil" (1982) e "O Homem Nu" (1997), pelo qual recebeu o prêmio de melhor ator no Festival de Gramado. Seu último filme foi "A Casa da Mãe Joana" (2007). 

O ator deixa mulher -- a diretora Neia Marzo -- e três filhos, Alexandra Marzo, Diogo e Bento. Eles são frutos de três casamentos anteriores, com as atrizes Betty Faria, Denise Dumont e Xuxa Lopes.