Mais discreto nas redes sociais, Marcelo Médici diz: "A gente fica exposto"

Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio
Caio Duran e Marcos Ribas/Foto Rio News
Marcelo Médici restringiu sua página no Facebook: "Tinha 3 mil amigos"

De boas intenções, o inferno e o "purgatório" de "Alto Astral" estão cheios. Que o diga Marcelo Médici, que já ouviu algumas broncas por conta da interferência de Castilho no aguardado final feliz entre Laura (Nathalia Dill) e Caíque (Sergio Guizé) - no fundo, para evitar que uma nova tragédia aconteça com o casal. E nem sempre o puxão de orelha vem de maneira agradável, especialmente nas redes sociais, como aconteceu recentemente com uma seguidora no Instagram, que acabou levando uma resposta à altura do intérprete.

"Teve época em que os atores apanhavam na rua por causa de personagem, mas quem batia mostrava a cara. Ali pode ser qualquer um, até alguém que não gosta de mim desde a sexta série. Sabe o filme 'Relatos Selvagens', em que o cara se vinga e mata todo mundo?", brinca.

O ator garante que mantém uma relação saudável com a internet, mas já sentiu a necessidade de restringir o alcance de suas publicações no Facebook, por exemplo. "Dei uma fechada. Acho que a gente fica um pouco exposto, tinha 3 mil amigos, muita coisa nada a ver. Se eu não posso responder a uma mensagem, a pessoa já se magoou, tem muita cobrança", explica.

Embora não saia à caça de notícias a seu respeito, ele costuma estar sempre atento aos comentários que rolam nas mídias sociais - e faz o possível para filtrar dali o que julga valer a pena. "Se é algo legal, às vezes a pessoa manda diretamente. Mas quando você vê que é alguém com foto de bichinho e com o apelido de 'predadora', não dá pra levar a sério", afirma. No entanto, as mensagens mais ofensivas não são toleradas. "Já mandei para aquele lugar. Meu Twitter é pessoal, não é do ator. Eu assumo o que estou colocando ali, não é a empresa onde eu trabalho. Não existe isso de pessoa pública. Público é banheiro, ônibus, praça", diz.

O equilíbrio, ele diz, não é só em relação a opiniões negativas. "Nessa profissão, não dá pra acreditar muito no elogio nem na crítica que joga lá embaixo. Os dois são armadilhas. Esse ofício é pra gente muito cascuda. Se você não se proteger, vai parar de atuar. Já li critica de uma peça minha que dizia que não estava legal, de uma forma muito educada, que me fez pensar. Não era pessoal. Agora, dizer simplesmente está péssimo, está horrível, só se for a Fernanda Montenegro (risos)", afirma.  

Romance do além
Reprodução/TV Globo
Dirce (Mariana Armellini) e Castilho (Marcelo Médici) em cena de "Alto Astral"

Enquanto a situação de Laura e Caíque não se resolve na novela das sete, Castilho é que tem enfrentado um complicado momento com Dirce (Mariana Armellini), sua noiva numa vida passada, que não tem consciência de que morreu e nem imagina que o amado também desencarnou. A chegada de Morgana (Simone Gutierrez), seu carma de outras vidas, para movimentar esse relacionamento do além deixa a situação amorosa do personagem ainda mais indefinida. Mas o intérprete aposta em uma nova chance para os ex-noivos.

"Primeiro o Castilho tem que explicar pra Dirce que ela não está viva. Mas um romance no plano espiritual não existe, não dá. Ele diz que eles precisam de outra encarnação para gente resolver isso. É um amor delicado, acho que eles deveriam nascer de novo para ter namoro", torce. O problema é o encantamento da jovem com Afeganistão (Gabriel Godoy). "Sou o primeiro fantasma corno da história da dramaturgia", brinca.

Médici comemora o fato de viver um espírito que não dá medo nas pessoas. "Quem estuda, lê os livros, diz que ver espíritos é comum. Minha funcionária, Cida, é espírita kardecista e diz que isso acontece. Eu teria medo, não saberia lidar", conta ele, ressaltando que a novela não está presa a nenhuma doutrina e sim, a uma espiritualidade. "Tenho a sensação de que todo mundo aceitou muito bem. O foco não foi a religião, mas ficou de uma forma respeitosa", analisa. 

Interpretando um papel dramático numa novela que tem uma carga cômica bastante desenvolvida, ele festeja a oportunidade de mostrar outra faceta como ator, mas confessa que ficar fora da festa não é tão fácil quanto parece. Basta contracenar com Claudia Raia e Conrado Caputo, por exemplo, para seu lado humorista se manifestar. "Acho ótimo não ter que ser engraçado, mas às vezes me dá um desespero. Castilho é um cara circunspecto, está sempre de terno, cabelo pra trás, careta. Quando vejo o Pepito dando cinco saltos pra trás, quero muito participar", admite, aos risos.

Com programas como "A Praça é Nossa" e espetáculos como "Terça Insana" no currículo, Médici não nega que sua ligação com o humor é forte. "A comédia é um vício. No teatro, você pode se apresentar para 30 ou 1.500 pessoas: quando você ve aquela onda de gargalhadas, é uma bênção. Toda ralação da sua vida vale a pena", avalia ele, que volta a apresentar o espetáculo "Cada Dois Com Seus Pobrema" em agosto, em São Paulo, e grava a segunda temporada do humorístico "Vai que Cola", no Multishow, após a novela, que termina em maio.

Na vida pessoal, no entanto, ele reforça a máxima de que comediantes são pessoas sérias. "Nunca fui um cara engraçado, de animar festa. Sou com os meus amigos. Foi delicioso fazer um trabalho mais sério, como 'O Canto da Sereia', que era trágico. Quis ser ator por conta disso e tive muita sorte, porque televisão costuma rotular. Meu grande pesadelo era passar 20 anos fazendo o mesmo personagem. Um tempo atrás, fui chamado para fazer uma novela em que eu seria pai de uma atriz grande. Não aceitei. Falei: 'O quê? Ser pai dela?'. Agora já tenho idade (risos)", diz ele, de 43 anos.