De chacretes a panicats: Famosas opinam sobre mudanças nas curvas femininas
Felipe Abílio
Do UOL, em São Paulo
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Reprodução/Memória Globo
Chacrinha e suas chacretes: beleza natural
Entre as décadas de 1970 e 1980, mulheres com corpos esculturais enfeitiçavam os telespectadores que assistiam ao "Cassino do Chacrinha", do mestre dos programas de auditório Abelardo Barbosa.
Apelidadas de chacretes, as assistentes de palco dançavam com biquínis fio-dental mostrando suas curvas perfeitas e naturais, sem silicone nem malhação, como Rita Cadillac, a musa mais lembrada da época. Validando uma das máximas de Chacrinha -- "Na TV nada se cria, tudo se copia" -- a fórmula de exibir mulheres bonitas nos programas de auditório continua em uso, e uma nova geração de chacretes nasceu com a entrada do "Pânico" na televisão, há pouco mais de dez anos, com suas panicats.
Modelos quase anônimas como Juju Salimeni, Lise Benites, Dani Bolina e Nicole Bahls ganharam espaço na mídia como assistentes de palco. Mas diferentemente do que acontecia nos anos 1970, o quesito malhação passou a fazer diferença. Coxas grandes, barrigas tanquinho e seios fartos – com presença praticamente obrigatória de próteses de silicone –mostraram a mudança no padrão de beleza feminino em 20 anos.
Durante a gravação de um especial de TV de "Chacrinha, O Musical", o UOL conversou com algumas famosas para descobrir o que mais agrada os olhos em relação ao corpo da mulher na televisão e na hora de olhar no espelho.
Rita Cadillac, a chacrete mais famosa do Brasil, está prestes a completar 61 anos e relembrou que nunca chegou perto de um aparelho de exercícios físicos.
"É a moda o corpo malhado, mas eu não concordo, não gosto. É natural malhar para ficar legalzinha, mas eu não gosto dos corpos mais musculosos. E não fazia nada na época em que era chacrete e não faço até hoje, academia e nada. Tudo natural aqui", disse.
Carla Vilhena, jornalista da Globo e apresentadora reserva do "JN", surpreendeu ao revelar que não faz as sobrancelhas, não pinta os cabelos e tem medo de intervenções estéticas.
"Eu sou do tempo das chacretes, esse corpo mais natural é o da minha época. Confesso que me assusto com os corpos hoje em dia. A gente não sabe o tipo de efeito que essas intervenções estéticas vão acarretar no futuro. Quero ser avó, quero envelhecer, quero ter saúde. Que bom que não trabalho com isso, porque senão estaria fora do mercado", disse ela. "Mas já percebo um movimento contrário em relação ao bom senso. O que aconteceu com algumas dessas meninas recentemente têm alertado as outras".
A jornalista faz referência a problemas de saúde causados por tratamentos estéticos invasivos e abusos de exercícios e suplementação. Recentemente, a modelo Andressa Urach correu risco de morte por causa de uma infecção decorrente da aplicação de hidrogel para modelar pernas e glúteos.
A ex-modelo e apresentadora Isabella Fiorentino sempre teve um perfil mais esguio e acha que boa parte das pessoas não gosta das musculosas.
"Acho que eu e 90% da população prefere mulheres com curvas mais delicadas, que não têm a barriga marcada. Eu não sou contra o tanquinho, mas acho que o que diferencia o homem da mulher é a questão muscular. E algumas [mulheres] estão deturpando essa imagem delas próprias, é uma onda que não me agrada muito".
A atriz Adriana Birolli também faz o estilo mais mignon e, apesar de achar bonitas as mulheres mais "trincadas", ela também gosta do perfil natural.
"Acho que tudo isso é cíclico. Antigamente o natural era mais legal, hoje em dia as modificações viraram febre com todas as opções para se melhorar, como academia e cirurgias estéticas. Mas acho que é um padrão mesmo, daqui a pouco muda de novo. O silicone já está saindo [de moda], conheço gente começando a tirar".