Ex-modelo Anna Nicole Smith é tema de nova ópera em Londres
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Peter Kramer/Getty Images
A modelo Anna Nicole Smith no backstage do 'Live 8 Philadelphia' no Philadelphia Museum of Art, em Filadélfia, Pensilvânia (2/7/ 2005)
BERLIM - O mundo elegante da ópera vai colidir com um mundo de manchetes sensacionalistas, clubes de striptease e Playboy, quando, na quinta-feira, uma nova ópera baseada na vida da falecida Anna Nicole Smith fizer sua estreia no Royal Opera House de Londres.
"Anna Nicole" é um dos projetos mais arriscados já empreendidos pela prestigiosa companhia de ópera, porque a torna vulnerável a acusações de sensacionalismo, num esforço para manter-se relevante, e porque alguns dos personagens da história ainda estão vivos.
De acordo com a mídia britânica, os advogados estão nervosos, especialmente em relação ao ex-namorado de Anna Nicole, Howard K. Stern, cuja condenação por fornecer drogas a ela antes de sua morte, em 2007, foi invalidada no mês passado.
O Royal Opera House não desmentiu os relatos, mas negou-se a comentar detalhes sobre o teor da ópera ou informar se foram feitas modificações de último minuto por razões legais.
A companhia confirmou que os seis espetáculos previstos, começando em 17 de fevereiro e terminando em 4 de março, têm todos os ingressos esgotados.
O site da companhia na Internet disse que a nova ópera é "uma história sobre uma celebridade de nossos tempos, com linguagem extrema, abuso de drogas e conteúdo sexual", e proibiu a entrada de menores de 16 anos.
Anna Nicole Smith morreu aos 39 anos de overdose acidental de medicamentos, na Flórida. Quando morreu, a ex-modelo e estrela de reality shows estava mergulhada em uma batalha judicial longa em torno do testamento de seu falecido marido, o bilionário petrolífero J. Howard Marshall.
Eles se casaram quando ela tinha 26 anos e ele, 89.
A soprano holandesa Eva-Marie Westbroek fará o papel da loira voluptuosa na obra mais recente do compositor Mark-Anthony Turnage, sob a direção de Richard Jones.
O libreto é de Richard Thomas, que já foi alvo de controvérsia depois de seu musical "Jerry Springer: The Opera" ter ofendido muitos cristãos e suscitado um número recorde de reclamações quando foi exibido pela TV BBC em 2005.
Em artigo recente escrito para o jornal The Times, Thomas defendeu a escolha de Anna Nicole como tema de uma grande produção nova de uma das maiores companhias de ópera do mundo, observando que as heroínas de muitas óperas famosas tiveram vidas nada exemplares.
"Ninguém vai à ópera para julgar Salomé ou Carmen", escreveu.
Westbroek já fez um papel igualmente ousado em Covent Garden em 2006, quando protagonizou "Lady Macbeth of Mtsensk", sobre uma dona-de-casa entediada que comete assassinato e adultério.
A diferença principal neste caso é que Anna Nicole Smith não é uma personagem fictícia, que ela morreu há apenas quatro anos e que uma batalha judicial envolvendo candidatos a receber parte da fortuna deixada por seu falecido marido ainda continua nos tribunais americanos.
(Reportagem de Mike Collett-White)