Jackson usou mais lorazepam que médico admite, diz especialista
LOS ANGELES (Reuters) - Michael Jackson tinha uma maior dose do sedativo lorazepam no organismo do que seu médico admitiu ter administrado no dia em que ele morreu, disse nesta quinta-feira um destacado anestesista ao júri que examina o caso.
Steven Shafer, última testemunha da acusação no processo em que o médico Conrad Murray é acusado de homicídio culposo, disse também que o anestésico propofol não é letal quando consumido por via oral, o que derruba uma polêmica tese anterior da defesa de Murray.
A autopsia no corpo do cantor, morto em junho de 2009, mostrou que ele foi vítima de uma overdose de propofol em combinação com outros medicamentos, inclusive o lorazepam.
A promotoria diz que Murray foi negligente com seu paciente, mas o médico se diz inocente, e sua defesa alega que o próprio Jackson causou a morte ao ingerir doses adicionais quando Murray se ausentou do quarto do artista.
Shafer disse nesta quinta-feira que, levando em conta os horários em que Murray afirma ter dado lorazepam a Jackson, essas doses equivaleriam a apenas cerca de 10 por cento da quantidade do medicamento encontrada na corrente sanguínea de Jackson durante a autopsia.
Respondendo a uma pergunta da promotoria, o anestesista disse ser "absolutamente" certo que Jackson consumira mais de 4 miligramas de lorazepam.
Shafer disse também que estudos em humanos e animais mostram que o propofol quase não é absorvido por via oral, já que o fígado elimina quase tudo.
Os advogados de Murray anunciaram na semana passada que desistiram da tese de que Jackson engoliu a droga sem o conhecimento do médico. Mas insistem que houve uma dose adicional, por via intravenosa.
Na quarta-feira, Shafer já havia feito duras críticas ao réu, e citou 17 violações dos procedimentos padrão que seu colega teria cometido.
Afirmou, por exemplo, que o propofol nunca poderia ter sido usado como sonífero -- um procedimento que ele qualificou como uma "Terra do Nunca da farmacologia."
Murray pode ser condenado a até quatro anos de prisão.