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19/08/2010 - 07h00

Artistas discutem projeto de urbanização da Rocinha

IVA OLIVEIRA
Do UOL, no Rio

AgNews

Glória Maria em desfile de moda em São Paulo (11/8/10)

Glória Maria em desfile de moda em São Paulo (11/8/10)

A comunidade da Rocinha, uma das mais populosas do Rio de Janeiro, está de cara nova. Além da construção de uma passarela, cujo projeto foi doado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, 60 casas tiveram suas fachadas reformadas e pintadas nas cores amarelo, verde, branco, azul, lilás e vermelho, o que chamou a atenção não só dos moradores da localidade como de outras regiões da cidade.

A primeira a comentar a iniciativa foi a atriz Fernanda Torres, em artigo na revista “Veja Rio”. Fernandinha, como é conhecida, não gostou da paleta de cores e questionou combinações como amarelo com lilás.

A Secretaria Estadual de Obras do Rio de Janeiro explica que o projeto foi inspirado na região do Caminito, em Buenos Aires, mas nem este argumento convence aqueles que resolveram “dar pitaco”. A Secretaria também garante que os tons foram sugeridos por técnicos do órgão e escolhidos pelos moradores.

Existe ainda outro questionamento: por que pintar somente algumas ruas? A Secretaria mais uma vez explica que foram beneficiados os locais atendidos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo Lula.

Leonardo Rodrigues, presidente da União Pró-Melhoramento dos Moradores da Rocinha (UPMMR), disse que foram feitas várias reuniões na sede da associação e que os moradores concordaram com as cores.

“Eu achei tudo muito lindo”, resumiu ele.

O UOL Celebridades conversou com vários artistas para saber a opinião deles sobre o assunto.

  • Divulgação

    A comunidade da Rocinha, no Rio, antes e depois do projeto de urbanização

Fernanda Abreu, cantora: “Acredito que qualquer iniciativa que vá mexer com a vida das pessoas deve começar por ouvir a comunidade. Não sei como foi feito o projeto da Rocinha, mas pergunto: será que aquelas cores representam bem o local? Não pode ser aleatório, tem de haver discussão. Também não acho legal pintar só uma pequena parte das casas. O meu marido (o artista plástico Luiz Stein) foi o idealizador do projeto Vigário Colorido Geral, que também vem pintando as casas daquela comunidade. Qualquer intenção de urbanização é bem-vinda e sabemos que não é fácil angariar recursos. No caso de Vigário Geral, o grupo Affroreggae está ajudando a conquistar parcerias”.

Glória Maria, jornalista: “Eu não questiono as cores e sim a combinação delas. Por que amarelo com lilás? Ou vermelho com marrom? A rua Caminito, em Buenos Aires, usa cores alegres, mas de forma diferente. E não adianta começar um projeto de urbanização de fora para dentro, como se estivesse jogando o lixo para baixo do tapete”.

Marcos Pasquim, ator: “Acho que está ficando legal, mas o melhor seria se eles pintassem todas as casas. Também é importante ter o mínimo de bom gosto. Em Buenos Aires, o bairro La Boca ficou muito bom, porém, é preciso planejamento”.

Marcelo Serrado, ator: “Eu achei bonitinho. É ótimo que o governo se preocupe, a idéia é muito boa”.

Evandro Mesquita, ator: “Já vi as casas pintadas e achei legal. Gostei inclusive das cores. Só espero que este programa continue não só na aparência das casas como na iniciativa de melhorar a vida das pessoas. O governo também deveria fazer um esforço para pintar a favela inteira”.

Jonathan Haagensen, ator: “Primeiro você tem de perguntar para as pessoas se elas gostaram daquelas cores. Também acho que não adianta só ‘maquiar’ por causa dos grandes eventos esportivos que vão acontecer no Rio [Copa do Mundo e Olimpíadas]. A mudança não tem de ser de fora para dentro e sim de dentro para fora”.

Priscilla Marinho, atriz: “A iniciativa é muito boa, o que me incomoda é esse aspecto de ‘maquiagem’ porque a gente sabe que lá dentro falta tudo, principalmente saneamento básico. Com relação às cores, eu concordo, porque o Brasil é um país alegre e colorido”.

Sandra de Sá, cantora: “Ainda não vi as casas pintadas, mas acho a iniciativa muito boa. Até mesmo o fato de pintarem somente algumas casas não é problema, porque acaba incentivando outras pessoas a fazerem o mesmo. Só espero que esta revitalização inclua outros benefícios como trazer de volta espaços para bailes e festas. Ouço muito este tipo de reclamação na comunidade”.

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