Príncipe Harry participa de corrida beneficente e joga rúgbi com crianças no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro

Maria Martha Bruno

Do UOL, no Rio

  • Roberto Filho/AgNews

    O príncipe Harry joga rúgbi com crianças do Morro do Cantagalo, na Zona Sul carioca, no Aterro do Flamengo (10/3/12)

    O príncipe Harry joga rúgbi com crianças do Morro do Cantagalo, na Zona Sul carioca, no Aterro do Flamengo (10/3/12)

Durou uma hora e quinze minutos a primeira atividade do segundo dia da visita do príncipe Harry no Rio de Janeiro. De camisa branca, calça de corrida preta e tênis, ele chegou às 8h45 no Aterro do Flamengo, na Zona Sul da cidade, em uma comitiva com mais de dez carros que incluía escolta das polícias Federal e Militar. Com a bandeira do Brasil, Harry deu a largada para a Sport Relief Mile, corrida de 1,6km que contou com a participação de membros de organizações não –governamentais, alunos da Escola Britânica, portadores de deficiência, entre outros.

Após a largada, Harry se juntou com os corredores e cruzou a linha de chegada com uma máscara do irmão William nas mãos. O adereço era da analista de marketing inglesa Hettie Allison, que mostrou a imagem para o príncipe. “Ele me perguntou: ‘Posso ficar com a máscara?’ Eu disse: ‘Claro’”. Hettie conta que Harry não colocou a máscara, mas correu alguns metros com o objeto nas mãos e depois deu a uma pessoa de seu estafe com um recado para a conterrânea: “Agradeça e diga a ela que eu ganhei o dia”. Em frente ao local de chegada da corrida, dois membros da organização Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz seguravam uma faixa de protesto com os dizeres em inglês “No colonialism! The Malvinas are Argentinian (Não ao colonialismo! As Malvinas são argentinas)”, em alusão à disputa entre Inglaterra e Argentina pelas ilhas. 

 

Harry quebrou várias vezes o protocolo e tirou fotos com pessoas do numeroso estafe que o acompanhava e com aqueles a quem era apresentado. Este foi o caso de Rosinha, 40 anos, atleta da equipe paraolímpica brasileira de arremesso de peso. “Ele me cumprimentou e eu pedi para tirar uma foto. Ele foi muito agradável comigo”, disse ela, que foi apresentada ao príncipe no início da corrida.

Com câmeras fotográficas e bandeirinhas distribuídas pela Embaixada Inglesa (foram cerca de dez mil), muitos frequentadores do Aterro, que aproveitavam o sábado para fazer atividades físicas no parque, se acotovelaram atrás de grades montadas pelo evento para observar o príncipe, que estava sempre com uma garrafinha ou copo de água nas mãos, sob o sol de mais de 30 graus.

Após a corrida, ele continuou as atividades físicas que fazem parte do Sports Day da campanha Great, que promove a cultura britânica pelo mundo em 2012, por conta do Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth (60 anos no trono) e das Olimpíadas de Londres. Nas areias escaldantes da Praia do Flamengo, mas embaixo de um imenso guarda-sol, Harry assistiu a uma partida de rúgbi e em seguida participou do jogo, com crianças moradoras do Morro do Cantagalo, em Copacabana, na Zona Sul da cidade, que participam de um projeto do clube Rio Rugby na comunidade. O príncipe mostrou sua desenvoltura no esporte e, bem humorado, brincou com os companheiros de partida usando artifícios não muito esportivos. Caio Cesar Moura, 10 anos, jogava na equipe adversária e várias vezes foi segurado e levantado no alto por Harry para impedir suas jogadas. “Ele pisou no meu pé e machucou meu dedinho”, disse o menino, que conseguiu se sair bem apesar do antijogo. “Mas não teve problema porque eu consegui fazer vários pontos mesmo assim. Gostei dele”, concluiu.

Após a partida, Harry deu medalhas a cinco organizações escolhidas pelo evento, entre elas a escola de samba para portadores de necessidades especiais Embaixadores da Alegria. Portadora de Síndrome de Down e rainha de bateria da agremiação, a repórter Fernanda Honorato, 32 anos, recebeu a medalha de Harry: “Foi uma sensação muito gostosa. Nunca imaginei que fosse receber esta medalha das mãos de um príncipe tão gentil”, contou Fernanda, que em abril vai para Londres participar do carnaval inglês.

O príncipe continuou suando a camisa literalmente e trocou a blusa branca pela 11 da seleção, com seu nome escrito atrás. Ao jogar vôlei de praia com medalhistas olímpicos como Carlão, Jackie Silva e Adriana Behar, ele não mostrou um desempenho tão bom quanto no rúgbi e se lamentava quando errava alguma jogada. Após a partida, de cerca de 15 minutos de duração, Harry foi embora em uma Land Rover marrom com o resto da comitiva.

Este é segundo dia do príncipe no Brasil. O momento mais aguardado da visita real ocorre nesta tarde, quando o príncipe irá ao Complexo do Alemão, favela ocupada pelo Exército desde novembro de 2010. Ele vai subir o morro de teleférico até a estação de trem Palmeiras, onde participa de uma feira de saúde promovida por uma ONG e pela embaixada britânica. Na sequência, o príncipe jogará uma partida de críquete e descerá parte da favela a pé.

Um show do sambista Diogo Nogueira está marcado para às 16h30, no Campo dos Sargentos, dentro do Complexo, para encerrar o atarefado dia do príncipe

Todo o passeio será registrado por Renê Silva, jovem morador do Morro do Adeus, e sua equipe. "O consulado entrou em contato com a gente dizendo que era importante que a Voz da Comunidade estivesse representada nesse evento, e eles perguntaram se a gente tinha interesse em participar da cobertura", afirmou. Silva ficou conhecido por twittar, em tempo real, a ocupação militar. No mesmo dia, Harry segue para São Paulo, onde permanece até domingo.

Na noite de sexta-feira (9), Harry participou de seu primeiro compromisso oficial no país, a festa de lançamento da campanha Great, que promove o Reino Unido no exterior. No tapete vermelho, Harry posou para fotos mas não falou com a imprensa. Ao lado da esposa e dos dois filhos, o prefeito do Rio Eduardo Paes brincou com o fato de Harry ter sido visto bebendo cerveja na tarde desta sexta. "Esse príncipe sabe tudo. Agora ele tem que voltar no carnaval. Ter trocado o chá das cinco por uma cerveja em Ipanema já mostra o quanto ele é carioca. Senti firmeza nesse príncipe".

Na mesma noite, durante um show no Rio, o músico inglês Morrissey pediu aos brasileiros para boicotarem o príncipe Harry: "Ele veio pegar seu dinheiro. Por favor, não o dêem para ele".

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