Betty Faria e Xuxa Lopes, família e amigos despedem-se de Cláudio Marzo
Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio
O corpo de Cláudio Marzo foi cremado por volta das 17h30 em uma cerimônia fechada só para a família nesta quinta-feira (26), no Rio de Janeiro. Betty Faria, a neta Giulia e a filha Alexandra Marzo deixaram o local de mãos dadas e sem falar com a imprensa. A atriz Xuxa Lopes, que também foi casada com o ator, e o filho deles, Bento, além da viúva, Neia Marzo e o filho Diego, do ator com a atriz Denise Dumont, foram os últimos a deixar o crematório.
Aberto ao público, o velório começou às 11h na capela 1 do Memorial do Carmo, no Caju, com o caixão aberto. Marzo morreu na manhã do último domingo, aos 74 anos, em decorrência de complicações de um enfisema pulmonar.
Alexandra, que também é atriz, foi uma das primeiras a chegar ao local, seguida pela mãe, Betty Faria, que estava acompanhada pela neta. "Muita saudade", lamentou Betty ao abraçar a filha.
Bastante emocionada, Alexandra falou rapidamente à reportagem da Globo sobre o legado que seu pai deixou à família. "Ele era um pai exemplar, um ser humano exemplar, de profunda integridade, a maior retidão de caráter que eu vi na minha vida. O exemplo de ser humano que ele deixa é total."
A atriz Xuxa Lopes também chegou ao Memorial do Carmo logo no início do velório. "Fizemos "Hedda Gabler", de Ibsen, juntos, e também filmes. Volta e meia éramos escalados na TV e no teatro antes de ficarmos juntos. Até que a gente se casou e teve o Bento. Éramos muito amigos, íamos sempre pro sítio dele e da Neia, todo mundo junto", conta a atriz.
Sobre a saúde do ex-marido, Xuxa Lopes lamentou que ele tenha fumado por tanto tempo. "Ele estava com dificuldade de respirar por causa do diabo do cigarro. Ele fumava, uma besteira. Mas chega uma hora em que a cabeça não consegue se livrar do vício. Dá raiva, ele era um cara incrível. Bento era alucinado pelo pai, os dois tinham uma ligação muito forte. Agora segue a vida e espero que o Claudio esteja bem."
"O elenco no céu tá grande"
"O elenco no céu tá grande, já dá pra fazer um espetáculo, um musical. É uma perda muito grande, mas é a vida. Se Papai do Céu quis assim...", disse o ator Roberto Pirillo, que foi ao Memorial do Carmo para homenagear o amigo. Além dele, artistas como Antônio Pedro, Otávio Augusto, Daniel Filho e Maria Zilda passaram pelo velório e dividiram as memórias que têm com Cláudio Marzo.
Fãs prestam homenagem
O velório de Cláudio Marzo, no Memorial do Carmo, tem uma área reservada à família, mas também é aberto aos fãs que desejam se despedir do ator. A auxiliar de produção Mirlene Tertuliano da Silva, de 48 anos, fez questão de homenagear o ídolo.
"Acompanho a carreira dele desde 1980. Adorava 'Irmãos Coragem', 'Selva de Pedra'. Mas o que eu mais gostei foi 'Pantanal'. Via só por causa dele, não perdia um capítulo. O Brasil perdeu um grande ator, vai ser difícil substituí-lo. Vai deixar muita saudade. Merece a nossa homenagem", disse a fã da Ilha do Governador.
Biografia
Cláudio Marzo nasceu em 26 de setembro de 1940, em uma família de operários descendentes de italianos de São Paulo. Abandonou os estudos aos 17 anos para seguir a carreira de ator, trabalhando como figurante na TV Paulista. Em seguida foi contratado pela TV Tupi e logo depois começou a atuar no grupo de teatro Oficina, com José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso.
Aos 25 anos assinou contrato com a Globo, integrando o primeiro grupo de atores contratados pela emissora, que foi fundada em abril de 1965. Sua estreia na televisão aconteceu na novela "A Moreninha", exibida naquele mesmo ano.
Atuou em diversas novelas globais, com destaque para "Irmãos Coragem" (1970), "Saramandaia" (1976), "Brilhante" (1981), "Fera Ferida" (1993) e "Mulheres Apaixonadas" (2003).
Fora da Globo, participou de "Kananga do Japão" (1989) e "Pantanal" (1990), na TV Manchete. Nesta última ele interpretou José Leôncio e o lendário Velho do Rio. Seu derradeiro trabalho na televisão foi na minissérie "Guerra e Paz" (2009), exibida pela Globo.
Marzo também teve uma carreira de sucesso no cinema, com participação em 35 longa-metragens. Atuou em filmes como "A Dama do Lotação" (1978), "Pra Frente, Brasil" (1982) e "O Homem Nu" (1997), pelo qual recebeu o prêmio de melhor ator no Festival de Gramado. Seu último filme foi "A Casa da Mãe Joana" (2007).
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