Em livro, Thammy conta que defendeu Gretchen de marido armado

Do UOL, no Rio

  • Reprodução/Instagram

    Thammy e Gretchen em 2013

    Thammy e Gretchen em 2013

Thammy lembra sua infância, adolescência e vida adulta - além da transição de gênero - em sua biografia, escrita por Marcia Zanelatto. Um trecho do livro "Thammy - Nadando Contra a Corrente" - narra um período em que sua mãe, Gretchen, se mudou para Salgueiro, no sertão de Pernambuco, após se casar com um homem do campo. A menina, que na época morava com o pai, o empresário Ronny Silva, foi passar as férias com a mãe e os irmãos e presenciou uma cena aterrorizante. O então marido da dançarina, passou a beber, proibiu Gretchen de trabalhar com seus shows e a agredia verbalmente e fisicamente.

Durante uma discussão, ele sacou uma arma e Thammy partiu para cima do homem implorando para que ele não matasse sua mãe. Disse que se Gretchen morresse, ela morreria junto. Thammy conseguiu impedir que uma tragédia acontecesse na família e enfrentou com a mãe, grávida de gêmeos, e os irmãos, uma viagem de ônibus de três dias com destino a São Paulo.

Com apenas 20 reais no bolso, Gretchen dividiu com seus filhos durante a viagem três refeições apenas de pão com manteiga e um copo de café com leite. Quando chegou na rodoviária, a dançarina pegou um táxi e seguiu para casa da sua mãe onde a corrida seria paga. Achando que a mãe estava segura, Thammy voltou para o pai.

Reprodução/"Thammy Nadando Contra a Corrente"
Na infância, Thammy sempre foi uma menina moleca e gostava de jogar futebol, brincar de carrinho e skate


Gretchen passou a ser hostilizada pelo marido da mãe e foi expulsa de casa por ele. Thammy logo deu um jeito de ajudá-la e, sem que o pai soubesse, pegou a chave de um apartamento dele vazio, onde abrigou a mãe e os irmãos. Com o dinheiro da merenda da escola, passou a comprar comida no mercado e padaria para alimentá-los.

A biografia conta que a primeira filha de Gretchen começou a desenvolver síndrome do pânico, aos 12 anos, quando recebeu uma ligação da mãe de madrugada implorando por socorro pois um dos gêmeos que esperava morreu dias depois do nascimento. Thammy, que sempre esteve ao lado da mãe para ajudá-la, não teve forças para ir ao enterro do recém-nascido, passou dias trancada no quarto da casa do pai, até conseguir forças para dar suporte à mãe nos cuidados do outro bebê, que estava internado em estado grave no hospital.

Ela passou a sentir medo de ter medo, foi a um psicólogo, mas não suportou a ideia de se abrir para um desconhecido. O livro diz que o tempo ajudou Thammy a fechar a ferida.

A percepção de estar em um corpo estranho é destacada na biografia desde a infância de Thammy, quando ela pediu para a avó um Kichute, chuteira preta com travas, que fez sucesso entre os meninos nos anos 80. Ela adorava jogar futebol, correr e brincar de carrinhos. Ainda criança, a mãe a flagrou fazendo xixi em pé, mas pensou que a menina queria apenas chamar a atenção, pois ela estava grávida do segundo filho.

"Thammy - Nadando Contra a Corrente" será lançado no dia 7 de setembro na Bienal do livro do Rio de Janeiro.

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