Assessora da modelo Elle Macpherson perdeu emprego por conta do escândalo de escutas telefônicas na Inglaterra
-
Reuters
Mary-Ellen Field, ex-assessora de Elle Macpherson, foi ouvida pela Corte britânica no inquérito das escutas telefônicas feitas por jornais
Em depoimento à Justiça britânica nesta terça-feira (22), a assessora da supermodelo Elle Macpherson, Mary-Ellen Field, diz que foi demitida por conta de vazamentos de informação à imprensa. Elle achava que Mary havia vazado informações sigilosas sobre sua vida, enquanto, na verdade, seu telefone havia sido grampeado.
Field é uma das diversas vítimas dos grampos telefônicos feitos por tabloides britânicos que estão sendo ouvidas hoje na Corte britânica. O inquérito, presidido pelo Lorde Brian Levenson, foi criado pelo Primeiro-Ministro David Cameron depois do escândalo das escutas executadas pelo tabloide "News of The World", fechado em julho deste ano. Depois que a investigação for concluída, devem ser divulgadas mudanças no modo como a imprensa britânica é regulada.
O testemunho da assessora hoje mostrou como a prática ilegal de veículos de imprensa lhe trouxe prejuízos pessoais. Além de perder o posto com a modelo, Mary-Ellen perdeu seu emprego em outra empresa em que trabalhava. Por estar com problemas de saúde na época, as demissões a fragilizaram ainda mais.
"Isso teve um efeito muito sério. Eu fiquei doente e caía toda hora", diz, sem identificar a doença que teve. Macpherson e Mary eram próximas, até que informações íntimas da modelo começaram a aparecer na imprensa em 2005. Mary, então, foi acusada de ser alcoólatra e foi mandada para uma clínica de reabilitação.
A assessora ficou chocada com a acusação, mas foi para a reabilitação com medo de perder o emprego. "Tenho uma criança com sérias deficiências em casa, então sair de um emprego com alto salário não era uma boa ideia", diz. Mesmo após a clínica em que Mary foi internada fornecer atestado de que ela não era alcoólatra, a assessora acabou sendo demitida.
Mais testemunhas
Também falou à Justiça britânica hoje o jogador de futebol Garry Flitcroft. Ele contou que sua família foi perseguida pela mídia depois que ele tentou bloquear notícias sobre seu caso.
Margaret Watson, cuja filha Diane foi morta há duas décadas, contou como sua memória foi manchada pelos jornais. Ela pediu que a Justiça protegesse também que já morreu. "Quando uma pessoa está morta não quer dizer que sua reputação esteja morta também", diz.
O comediante Steve Coogan, que posteriomente tornou-se assessor do Primeiro-ministro David Cameron, contou que teve seu telefone grampeado quando uma mulher lhe ligou, aparentemente, tentando fazer com que ele falasse indiscrições.
Foram ouvidos nesta segunda-feira (21) os pais de Milly Dowler, garota de 13 anos que foi morta e teve seu telefone grampeado, e o ator Hugh Grant. Em seu depoimento, o ator acusa o jornal "Mail on Sunday" de ter hackeado seu telefone. Em resposta, o jornal disse que a declaração é uma "mentira impulsionada pelo ódio que o Grant tem da mídia".