A atriz Angelina Jolie anunciou nesta terça-feira (14) que ela fez uma dupla mastectomia (retirada dos seios) preventiva para reduzir o risco elevado de câncer. A atriz de 37 anos explicou que decidiu passar pela operação porque tem uma mutação genética que aumenta o risco de câncer.

Leia agora uma explicação mais completa do procedimento feito por Jolie.

Pergunta: Qual foi o tipo de cirurgia pela qual Angelina Jolie passou?
Resposta: Jolie teve uma dupla mastectomia preventiva, o que significa que ela escolher ter os dois seios removidos apesar de não ter sido diagnosticada com câncer.

Porque ela fez a mastectomia?
Jolie disse que ela tem um problema no gene BRCA1, uma mutação genética, o que significa que ela tinha 87% de chances de ter câncer de mama. Ao remover os dois seios preventivamente, ela disse que o risco de contrair câncer baixa para 5%.

O que envolve o procedimento?
Na dupla mastectomia, os cirurgiões geralmente removem o máximo possível de tecido dos seios. No caso de Jolie, como ela fez uma reconstrução logo em seguida, os doutores preservaram a pele que cobre os seios, inserindo "enchimentos" no local e mantendo a pele elástica. De acordo com Jolie, ela fez implantes nove semanas após o procedimento.

Quantas mulheres têm esse tipo de mutação genética?
Apenas uma pequena porcentagem de mulheres têm este mesmo tipo de mutação genética, ou similares de um gene parecido, o BRCA2. Essas mutações são encontradas em sua maioria em mulheres do leste europeu com descendencia judaica; um estudo afirma que 2,3% das mulheres deste grupo têm essa mutação. O número é cinco vezes maior do que a população geral. Outros grupos étnicos, incluindo os noruegueses, holandeses e islandeses, também têm taxas elevadas dessa mutação.

Como esses genes aumentam o risco das mulheres terem câncer de mama?
As mulheres têm em média 12% de risco de desenvolver o câncer de mama em algum momento durante sua vida. Em comparação, as mulheres que herdaram uma versão defeituosa do gene do câncer tem cinco vezes mais chance de desenvolver o câncer de mama. Nos Estados Unidos, cerca de 5 a 10% das pacientes teriam ligação com imperfeições nos genes BRCA1 eBRCA2.

Como as mulheres podem descobrir se têm essas mutações genéticas?
Um exame genético feito por meio de um teste sanguínio pode geralmente detectar esses genes. Nos Estados Unidos, existem procedimentos padrões recomentados para testes do BRCA1 e BRCA2. O teste pode custar alguns milhares de dólares, que podem ser cobertos pelos planos de saúde, caso a mulher tenha fatores de riscos que o justifiquem. Mulheres com parentes próximos que já tiveram câncer de mama ou de ovário diagnosticados ainda jovens têm mais chances de desenvolver. Jolie disse que sua mãe lutou contra o câncer por quase dez anos, até morrer aos 56 anos.

Quais eram as outras opções de Angelina Jolie?
Os médicos provavelmente sugeririam diversos testes iniciais, como mamografias e ressonância magnética, mas eles ajudariam apenas a detectar o cancer mais cedo, não prevení-lo. Eles também podem ter considerado usar drogas preventivas contra o câncer de mama, apesar desses medicamentos ainda estarem em fase de estudos. "Esta não é uma decisão que as pessoas levam de maneira leviana. Você não pode decidir por uma dupla mastectomia de uma hora para a outra", disse a Dra. Emma Pennery, diretora clínica da organização britânica Breast Cancer Care.

Quão relevante é para as outras mulheres a revelação de Angelina Jolie?
Para a maioria das mulheres, a genética não representa muito se vão ou não desenvolver câncer de mama. "A maioria das mulheres que consideram seus riscos de ter câncer de mama deveria se concentrar em ter um estilo de vida saudável, uma dieta balanceada, manter o peso e não beber muito álcoo", disse o Dr. Peter Johnson, médico da Cancer Research UK. Cerca de um terço dos casos de câncer de mama na Grã-Bretanha são em grande parte ligada a fatores do estilo de vida.

Mas para mulheres com um risco genético similar ao de Jolie, é possível que sua decisão de ir a público e falar sobre sua dupla mastectomia vai aumentar o número de procedimentos. "É uma mensagem muito poderosa de que as mulheres podem ter ajuda ao saber com um risco genético de câncer", disse Johnson.