Durante as décadas de 80 e 90, muitas meninas na faixa dos 10 a 15 anos trocaram o sonho de ser modelo ou atriz pelo papel de paquita nos programas apresentados por Xuxa na TV Globo. Além de fazer assistência no palco e gravar programas e shows Brasil afora, as então adolescentes criaram um vínculo de amizade e dividiram seus segredos e intimidades com a apresentadora, que completa 50 anos nesta quarta-feira (27).

Uma das primeiras paquitas, Andreia Faria, 39, mais conhecida como Sorvetão, até hoje mantém contato por telefone e e-mail com a apresentadora. Xuxa foi o cupido de seu relacionamento com o cantor Conrado, 42, que já dura 23 anos entre namoro e casamento, e é madrinha de batismo de sua filha mais velha, Giovana, 15. "Xuxa tem uma vida muita corrida e por isso que a gente não se encontra tanto, mas o nosso elo de ligação existe e é eterno."

Sobre o primeiro beijo que trocou com um menino da mesma idade, Roberta Cipriani, aos 12 anos, contou para Xuxa. Assim como as paqueras, os namoros. Tudo era dividido com a "rainha dos baixinhos". "A relação era divertida, natural. Tinha aquela coisa de fã e de ídolo, mas ela era nossa amiga íntima", lembrou a empresária, de 36 anos. Quando ficou menstruada pela primeira vez, Cátia Paganote, 34, pediu conselhos a Xuxa antes de falar com a mãe e a avó. "Xuxa estava sempre ali e praticamente era a nossa confidente", confessou. Já as paquitas das outras gerações não tiveram tanta intimidade. Quem revela é Graziella Schmitt, 31. "O relacionamento era ótimo, mas a Xuxa era mais próxima mesmo do primeiro grupo", afirmou.

Na véspera dos 50 anos de Xuxa, ex-paquitas relembram momentos marcantes da época em que trabalhavam com a apresentadora, falam da relação de amizade com a loira e contam o que fazem atualmente:

Roberta Cipriani, 36

Virei paquita com 11 anos de idade, em maio de 1987. De tanto ir às gravações a Marlene me convidou e mudou tudo na minha vida, já que meu pai tinha pedido para ser transferido no trabalho para Curitiba e voltou atrás. Sabe aquela coisa de sonho realizado, de contos de fadas? Foi isso que aconteceu na minha vida. Trabalhei oito anos diretos com a Xuxa e eu me diverti bastante. Aprendi também. Nós éramos bem próximas, fiz muitas confidências e recebi conselhos que lembro até hoje. Infelizmente, perdemos contatos por circunstâncias da vida. Casei, vim morar em Rio das Ostras (Região dos Lagos do Rio), tenho uma filha, Nicole, de três anos,  e estou grávida de gêmeos, Cauã e Lucca, que vão nascer em abril. Não vejo a Xuxa desde 2006, no especial dos 20 anos do Xou da Xuxa. Sinto saudades. Sou empresária, tenho um restaurante em sociedade com meu marido.
 

Catia Paganote, 34
 
Entrei em 88 e tinha 11 anos. Tudo era engraçado, tudo era divertido e tudo era trabalho também. Apesar de novinhas, tínhamos responsabilidade, compromisso, ensaios, agendas, gravações e ainda tinha que estudar. Foi uma época muito boa e de muitas descobertas. Para mim, a Xuxa era uma irmã mais velha. Contava tudo para ela. A Xuxa era muito engraçada, tudo que ela inventava a gente repetia, seguia. Lembro que uma vez ela inventou que passar limão com açúcar no rosto e entrar na sauna abria os poros e os cravos saiam com facilidade. Todo mundo foi para a sauna na casa dela. Infelizmente não tenho mais nenhum contato com ela, com aquele mundinho de Xuxa Produções. Foi uma época boa sim, mas ficou no passado. Falo com a Roberta por telefone e com a Priscila Couto, já que nós duas fazemos show em todo país. Hoje, tenho uma filha (Valentina, de dois anos) e estou fazendo cursos para virar fotógrafa.  

 

Graziella Schmitt, 31

Eu entrei em 95 e tinha 13 anos. Foram quatro testes e lembro que o primeiro concorri com 2.500 candidatas!! Sou da geração que assistia muito Xuxa. Todas as minhas amigas na escola também queriam ser paquitas como eu. Eu acho que a gente tinha uma coisa de querer mais do que ser paquita, sabe? O negócio era conhecer a Xuxa, estar em contato com ela. Nossa relação sempre foi boa, dava muitas risadas, mas acho que não era tão próxima, tão íntima como as primeiras, as paquitas da primeira geração. Lembro que era um universo inteiramente novo, absolutamente distante da minha realidade. Foi muita informação e tudo junto ao mesmo tempo. Não vejo a Xuxa sempre, são raros os nossos encontros, mas sempre tem aquela troca de carinho, de cumplicidade. Hoje, eu sou atriz e acabei de abrir uma produtora no Rio, onde eu estou produzindo coisas minhas. É uma produtora de cinema e de teatro.

Andreia Faria, 39

Conheci a Xuxa em 83 porque eu participava do programa Clube da Criança na Manchete. Eu tinha 10 anos e era sempre escolhida pela agência para participar das gravações. Em 86, ela já estava na Globo, já tinha uma assistente, que era a Andreia Veiga, e a Marlene Mattos queria uma outra menina loirinha para ser assistente. Fui escolhida porque a Xuxa lembrou de mim. Como Paquita eu fiquei até 1990 e saí para alçar outros voos, fui fazer Os Trapalhões, fazer outras coisas na própria emissora. Voltei em 96, mas acabei saindo três anos depois para ter um programa na Rede TV!. Não deu muito certo, mas eu tive que tentar. Xuxa é minha comadre, temos uma sintonia muito grande, mas não nos vemos com frequência porque ela tem uma vida cheia de compromissos, viagens, tem que se preocupar com a família. Ela também não é muito de ficar em cima das pessoas, de ficar ligando, estilo melosa, nada disso. Eu respeito esse lado dela e entendo. Tem gente que não entende, não aceita, mas paciência. Estou casada com o Conrado há 18 anos, entre namoro e casamento são 23. Além da Geovana,  tenho a caçula Maria Eduarda , 6. Tenho um bufê infantil no Recreio dos Bandeirantes. Sabia que de vez em quando me contratam para animar a festa? Me visto de Paquita, canto as músicas, danço e acabo realizando as fantasias da dona da festa e das amigas.

Luciana Vendramini, 42

 A Xuxa me conheceu em Jaú. Eu, aos 15 anos, dava aula de balé para 90 crianças e organizei um desfile pra ela, que ficou impressionada com minha desenvoltura. Eu sempre fui muito precoce, menos pra malandragem. Tanto que eu nem sabia o que era paquita. Quando uma amiga me disse, faltei ao colégio para assistir ao programa e ver como era. Eu não gostei não, viu? Mas achei que era o caminho para eu dançar um "pas-de-deux" com o Mikhail Barishnikov. Esse era meu sonho, balé era minha vida. Agora tenho uma produtora de programas para a TV a cabo no bairro de Pinheiros (zona oeste de São Paulo).