Filho de Allen e Farrow defende o pai e diz que mãe o fez odiá-lo por anos
Do UOL, em São Paulo
Moses Farrow, filho adotivo de Woody Allen e Mia Farrow, se pronunciou a respeito das declarações de sua irmã Dylan, que, em carta aberta ao "New York Times", acusou o pai de ter abusado sexualmente dela quando ela tinha sete anos de idade. Em entrevista à revista "People", Moses defendeu Allen e culpou a mãe por toda a situação.
"Minha mãe martelou em mim que eu deveria odiar meu pai por separar a família e abusar sexualmente da minha irmã. E eu o odiei por anos. Vejo agora que isso foi uma forma vingativa de fazê-lo pagar por ter se apaixonado por Soon-Yi", afirmou Moses.
O rapaz, que hoje trabalha como terapeuta, ainda disse que a irmã precisa sair da influência da mãe para não viver com a "falsa impressão" de que sofreu um abuso: "Acho que a minha irmã está perdendo muito por não se reconectar com o pai, que sempre a adorou. É importante que ela assegure sua independência de nossa mãe e não passe a vida com a falsa impressão de que foi abusada pelo meu pai. Estou muito feliz por ter tomado conhecimento do meu poder e me separado da minha mãe, o que levou a um reencontro positivo com meu pai".
Além de ter incentivado o ódio a Allen, Farrow também agredia os filhos, acusou Moses. "Nossa mãe fez o público acreditar erroneamente que vivíamos em um casa feliz, cheia de filhos biológicos e adotados. Desde cedo, minha mãe exigia obediência e eu apanhava frequentemente quando criança. Ela tinha surtos desenfreados se nós a irritávamos, o que era intimidativo e terrível, nos deixando sem saber como agir", declarou.
Dylan responde
Contatada pela "People", Dylan classificou as declarações do irmão como uma "traição". "Isso é uma enorme traição a mim e a toda minha família. Minhas lembranças são verdadeiras, são minhas, e eu viverei com elas pelo resto de minha vida", afirmou.
A jovem insistiu que nunca foi treinada pela mãe para relatar o abuso. "Minha mãe nunca me treinou. Ela nunca plantou falsas memórias na minha cabeça. As minhas memórias são minhas. Eu me lembro delas. Ela ficou arrasada quando eu contei tudo. Quando contei a minha história, ela estava torcendo, contra tudo, para que eu tivesse inventado. Em um das conversas mais devastadoras que tive, ela sentou comigo e me perguntou se eu estava contando a verdade. Ela falou que o papai disse não ter feito nada. Eu disse 'ele está mentindo'".
Dylan também negou que ela e os irmãos apanhassem quando crianças. "Não sei de onde ele tirou isso sobre apanharmos. Nós íamos para o quarto às vezes [como castigo]", contou.
Para ela, o irmão está "morto". "Não vou ver a minha família ser arrastada dessa forma. Não posso ficar quieta quando minha família precisa de mim e não vou abandoná-los como Soon-Yi e Moses. Meu irmão está morto para mim. Minha mãe é valente e corajosa e me ensinou o que significa ser forte e contar a verdade em frente a essas mentiras monstruosas".
Mia Farrow falou sobre o caso em seu Twitter na última terça-feira. "Eu amo minha filha. Eu sempre irei protege-la. Muitas coisas ruins serão direcionadas a mim. Mas isso não é sobre mim, é sobre a verdade dela".
I love my daughter. I will always protect her. A lot of ugliness is going to be aimed at me. But this is not about me, it's about her truth.
— mia farrow (@MiaFarrow) February 4, 2014
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Foto de Dylan Farrow no post publicado no "The New York Times" em que ela conta que Woody Allen abusou sexualmente dela
Entenda o caso
Adotada por Allen e pela atriz Mia Farrow no tempo em que viveram juntos, Dylan diz na carta que "quando eu tinha sete anos, Woody Allen me pegou pela mão e me levou para um sotão mal-iluminado no segundo andar de nossa casa. Ele me mandou deitar de barriga para baixo e brincar com os trens elétricos de meu irmão. Ele então abusou sexualmente de mim. Ele falava enquanto fazia, murmurando que que eu era uma boa menina, que isto era nosso segredo, prometendo que nós iríamos a Paris e que eu seria uma estrela do cinema."
Em 1992, Mia Farrow denunciou Woody Allen por ter supostamente abusado de Dylan. As alegações foram apresentadas no momento em que a atriz estava em uma disputa intensa com o cineasta depois de ter descoberto que ele mantinha uma relação com outra das filhas adotivas da atriz, Soon-Yi Previn, que na época tinha 20 anos e depois se casaria com Allen.
O cineasta sempre negou as acusações e elas foram retiradas, por isso o caso nunca foi julgado. Em 1995, após três anos de batalha jurídica, um tribunal de Nova York retirou de Allen o direito de ver regularmente Dylan Farrow, que rejeitava suas visitas.
No mês passado, o assunto voltou à tona quando Woody Allen recebeu uma homenagem durante a transmissão do Globo de Ouro. Na ocasião, a ex-mulher Mia Farrow usou sua conta no Twitter para atacar Allen e os responsáveis pela premiação por prestarem tributo a "alguém que abusa de crianças".
*Com informações da Reuters.