"Sofro preconceito de fãs", diz miss plus size após reduzir medidas

Felipe Abílio

Do UOL, em São Paulo

Primeira Miss Plus Size São Paulo, título conquistado em 2012, e empresária, Carla Manso é uma das modelos tamanho GG mais requisitadas do Brasil. Com 13 anos de carreira e uma extensa lista de trabalhos em campanhas e participações na TV, a modelo diz estar sofrendo preconceito e críticas após emagrecer dez quilos. "Dizem que não sou mais plus size, que estou traindo quem se inspira em mim", contou em entrevista ao UOL.

Há pouco mais de um ano, pesando 98 quilos e usando manequim 50, Carla sentiu a necessidade de mudar seus hábitos para ter mais disposição física, pois constatou que levava uma vida desregrada e pouco saudável.

"Eu fumava um maço de cigarro por dia, fazia duas refeições grandes em vez de seis porções menores e estava naquela onda de comer lasanha congelada e deitar. Não estava saudável, definitivamente. Não tinha fôlego para correr atrás do meu filho. Se tinha uma sessão de fotos, não conseguia fazer mais nada naquele dia, não tinha disposição, estava me sentindo com muito mais idade do que eu tinha".

A busca pelo bem-estar fez com que a modelo eliminasse 10 quilos com exercícios e hábitos alimentares mais saudáveis. Ao atingir o manequim 48, no entanto, uma chuva de críticas desencadeou uma crise de identidade.

"Entrei em crise quando comecei a escutar que eu não era mais gorda. Fiquei me perguntando quem era eu, comecei a acreditar que não era gorda, mas também não era magra, não me encaixava em nenhum dos perfis", relembrou. "Para você ser plus size, tem que ter o manequim a partir de 44. Vestindo 46, eu continuava plus size. Mas minhas extremidades, como rosto e braços, são finas, então nas fotos davam a impressão errada".

Dentro do mundo plus size, outras modelos criticaram a miss, e ela quase perdeu trabalhos com a mudança. "Clientes chegaram a me ligar pedindo minhas medidas, alegando que tinham ouvido boatos de que eu não era mais gorda. Conversei muito com a minha família, amigos, que me deram apoio, me tranquilizaram. Estudei minha situação, minhas medidas, meu estilo de vida e segui em frente".

Medidas x trabalhos
Com o manequim 50, Carla já trabalhava bastante, mas depois que perdeu peso e entrou para o manequim 48, ela diz que os trabalhos mais que dobraram. Para a modelo, não há preconceito com as mais pesadas no universo plus size, mas ela confirma que sentiu diferença de aceitação por ter agora um corpo menos cheinho e mais definido.

"Tem marcas e marcas, mas as que não escolhem as modelos mais cheinhas pensam realmente na estética. O consumidor final, o cliente, no caso, ainda não é muito bem resolvido. Elas querem ver nas fotos quem elas querem ser, não quem elas são realmente. Alguns donos de lojas já me falaram que não vendem tanto quando fotografam com modelos maiores."

E a insegurança também atinge os bastidores dos desfiles. "Sofro preconceito de fãs – que dizem que emagreci e não sou mais plus size – e também de outras modelos. Tem muitas plus size que se dizem bem resolvidas com o corpo, mas na intimidade estão sempre de dieta e reclamando do corpo delas. Já senti preconceito e escutei comentários por parte dessas meninas também".

Carla aprendeu a lidar com as críticas por suas novas curvas e atualmente se diz satisfeita com o corpo que tem.

"Eu comia tudo em excesso, açúcar, carboidrato, minha pele sentia, meu organismo sentia. Hoje dizem que estou mais bonita e é exatamente por conta dessas mudanças. Sou uma gordinha saudável, meu corpo está mais desenhado, não tenho barriga, minha pele está menos flácida. E nunca trabalhei tanto quanto tenho trabalhado nos últimos três semestres."

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