O advogado de Woody Allen, Elkin Abramowitz, se pronunciou a respeito das acusações de abuso sexual contra o diretor feitas por sua filha, Dylan Farrow. Em entrevista ao programa norte-americano "Today", ele afirmou que a ideia do abuso foi "implantada" na jovem pela mãe, a atriz Mia Farrow.

"Dylan era um peão na enorme briga entre ele e Mia Farrow anos atrás, e a ideia de que ela foi abusada foi implantada por sua mãe. E essa memória nunca irá embora, então o fato de ela dizer isso agora, depois de vinte anos, é totalmente compreensível", afirmou o advogado.

Na opinião dele, Dylan realmente acredita que o abuso aconteceu: "Na minha opinião, ela não está mentindo. Acho que ela realmente acredita que isso aconteceu. Quando você planta uma história na mente frágil de uma criança de sete anos, ela fica lá para sempre".

"O fato de que isso está sendo levantado agora é suspeito. Nada tem acontecido, eles não têm nenhuma relação há 20 anos. De repente, de forma súbita, estamos vendo essas alegações aparecendo de novo. Você tem que se perguntar por quê", disse Elkan Abramowitz, em entrevista à rede de TV NBC.

"Ele é inocente. Não tem caso nenhum", afirmou o advogado. Ele acrescentou que o cineasta não tem interesse em processar ninguém por difamação.

Abramowitz descreveu a reação de Allen à carta aberta de Dylan, publicada no último fim de semana pelo jornal "The New York Times", como "de uma tristeza esmagadora".

Considerando suspeito o momento em que o relato foi publicado, o advogado afirmou que vê nesse assunto uma vontade de Mia em acabar com o ex-marido. "Acho que isso é uma continuação do desejo de Mia Farrow em ferir Woody Allen. Woody Allen agora está muito bem e acredito que isso reviveu a raiva que ela tem contra ele".

O advogado também destacou que não houve nenhuma condenação contra o cineasta quando as acusações de abuso sexual surgiram inicialmente, nos anos 1990. "Foi determinado vinte anos atrás que ele não abusou da filha. O caso acabou. Não há caso".

Entenda o caso
Adotada por Allen e pela atriz Mia Farrow no tempo em que viveram juntos, Dylan diz na carta que "quando eu tinha sete anos, Woody Allen me pegou pela mão e me levou para um sotão mal-iluminado no segundo andar de nossa casa. Ele me mandou deitar de barriga para baixo e brincar com os trens elétricos de meu irmão. Ele então abusou sexualmente de mim. Ele falava enquanto fazia, murmurando que que eu era uma boa menina, que isto era nosso segredo, prometendo que nós iríamos a Paris e que eu seria uma estrela do cinema."

Em 1992, Mia Farrow denunciou Woody Allen por ter supostamente abusado de Dylan. As alegações foram apresentadas no momento em que a atriz estava em uma disputa intensa com o cineasta depois de ter descoberto que ele mantinha uma relação com outra das filhas adotivas da atriz, Soon-Yi Previn, que na época tinha 20 anos e depois se casaria com Allen.

O cineasta sempre negou as acusações e elas foram retiradas, por isso o caso nunca foi julgado. Em 1995, após três anos de batalha jurídica, um tribunal de Nova York retirou de Allen o direito de ver regularmente Dylan Farrow, que rejeitava suas visitas.

No mês passado, o assunto voltou à tona quando Woody Allen recebeu uma homenagem durante a transmissão do Globo de Ouro. Na ocasião, a ex-mulher Mia Farrow usou sua conta no Twitter para atacar Allen e os responsáveis pela premiação por prestarem tributo a "alguém que abusa de crianças".

*Com informações da Reuters.